Capítulo Final

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—Quanto custa pra alugar um smoking? — Perguntei.

Louis piscou à minha frente. Tinha passado uma semana desde o acidente, e eu me sentia mais corajoso e vivo do que nunca.

— Está falando sério?

— Estou. Acho que deveríamos ir ao baile de formatura.

Os olhos dele se iluminaram.

— Eu sempre quis ir. Sonhava com isso.

Não saía da minha mente. Não sei por que eu deveria abrir mão do meu baile de formatura. Eu não deveria ter que desistir de tudo.

Toquei o rosto dele, tão suave e dourado.

— O que você vai vestir?

Louis mordeu o lábio.

— Aquele  terno marsala. Ele é tããão lindo. Só vai precisar de uns ajustes.

Sorri.

— Você fica incrível nele. — Ele ficaria, também.

A expressão dele ficou séria.

— Mas, Harry, na Southglenn? Não sei. A gente poderia ir em grupo, talvez? Um número seguro de pessoas? O Brandon meio que gosta de um garoto e...

— Não. Se a gente for, quero que seja só eu e você. Uma noite especial juntos.

Louis prendeu meu olhar por um momento, depois passou os braços em volta do meu pescoço.

— Amo você — ele disse.

— Amo você também. Você e só você. — Eu o beijei.

Nosso CD de músicas dançantes saltou e nós dois xingamos. Estava começando a ficar gasto de tanto uso. Louis saltou da cama para reiniciar.

— O que é Artes e Lazer? — Perguntei a ele.

— Isso é uma faculdade? — Ele tirou o CD e colocou um da Norah Jones do qual nós dois gostávamos. — Pode me inscrever.

Virei uma página no catálogo. Eu estava apoiado na parede, sobre a cama do Louis, que tínhamos colocado no canto para ter espaço para dançar. Como eu passava tanto tempo aqui, Jay havia relaxado um pouco as regras da casa, deixando-nos ficar no quarto do Louis, desde que a porta estivesse aberta. Agora a batalha corria em torno da definição de "aberta".

Louis se deitou na cama, deixando a cabeça descansar no meu colo.

— Uau, eles têm um curso de Tecnologia Aeronáutica — falei, meus dedos acariciando os cabelos dele. — Eu podia aprender a voar.

Ele deslizou uma mão por dentro da minha blusa.

— Eu posso ensinar essa parte.

Afastei a mão dele com um tapa.

— Isso você já ensinou.

Louis sorriu. Ele pegou os meus óculos e encaixou no próprio rosto. Depois descansou as mãos atrás da cabeça e ficou me observando. Uma vez que estava muito difícil me concentrar, deixei o catálogo de lado.

— Você vai me convidar pra sua cerimônia de formatura? — Ele perguntou.

— Não. Vou fazer você alugar a fita de vídeo.

Rimos da cara um do outro. Ele acrescentou:

— A Mamãe quer saber, porque a Lottie vai se formar e ela quer comemorar a sua formatura junto. Dar uma festa pra vocês dois.

Minhas sobrancelhas se arquearam.

— Tá de brincadeira.

— Você acha que eu mentiria?

Apenas olhei para ele.

— Sério — ele disse. — Ela não quer que você perca seu grande dia.

Por que isso me dava vontade de chorar?

— É tão gentil. Eu amo muito sua mãe. Sua família inteira.

Louis enganchou os óculos de volta nas minhas orelhas e rolou para fora da cama.

— Eu devia esperar pra dar isto a você, mas você me conhece. Não me controlo. — Ele caiu de joelhos e vasculhou debaixo da cama. — Não olhe. — Ele se ergueu, virando de costas. — Certo, aqui. — Empurrou o pacote para mim. — É de todos nós. Feliz formatura.

— Louis... — Era tão bonito, todo dourado e azul. As cores da Southglenn.

— Você vai ter que embrulhar ele de novo e fingir surpresa quando eu te entregar da próxima vez — ele falou. — Assim. — Emoldurou o rosto com as mãos e imitou um gritinho de felicidade.

Isso me fez rir. Puxei a fita de cetim e desembrulhei o pacote. Era um estojo. No topo, havia a insígnia de dois cavaleiros em seus cavalos em combate. Estava escrito "FABER-CASTELL".

O que era isso, charutos? Abri o fecho e levantei a tampa.

— Ah, meu Deus — arfei. Dentro havia bandejas de materiais de desenho: lápis, giz, carvões, dúzias e dúzias de lápis aquareláveis. — Louis, isto é incrível!

Retirei um lápis aquarela amarelo e o senti ganhar vida na minha mão. O que eu posso fazer com isso? Um pôr do sol, rosas, Louis.

— Prometi a Mamãe e Papai que você desenharia um nu meu, em tamanho real, pra eles pendurarem acima da lareira.

Bufei, rindo.

— Meu presente muito pessoal e extremamente íntimo vai vir depois. — Ele me soprou um beijo, o que me fez desejar que esse depois não demorasse.

— Ah, e eu tenho mais uma coisa pra você. — Louis virou e abriu uma gaveta em sua cômoda. Jogou uma camiseta para mim. — Você pode mandar essa pra sua mãe.

Eu a sacudi e estiquei. "AMO MEU FILHO GAY", estava estampado na frente. Lágrimas encheram meus olhos.

— Ah, não, Harry — Louis se aproximou de mim. — Era só uma piada. — Ele passou os braços em torno do meu pescoço. — Desculpa, desculpa.

— Tudo bem. — Eu o afastei de mim. — É engraçado. De verdade. — Eu não mandaria para ela, claro. Talvez um dia. Louis me disse para nunca desistir de ter esperança.

Ele arrancou a camiseta das minhas mãos e jogou dentro do guarda-roupa.

— Vou dar pra minha mãe. Ela pode incluir na coleção, já que dou uma diferente a cada ano, no Natal. Alguma vez ela vestiu? Não.

— Um dia desses ela vai surpreender você — falei. — Ela vai ter seu próprio momento de sair do armário.

— Ah, vai. E vai marchar na Parada do Orgulho LGBT. — Louis revirou os olhos.

Jay berrou através das escadas:

— O que vocês estão fazendo?

Louis berrou de volta:

— Botando pra quebrar!

— Não, é mentira — declarei. — Só estamos fazendo sexo. — Zombamos um do outro.

— Bem, então se apressem — Jay falou com um sorriso na voz. — Vocês dois vão se atrasar pro trabalho.

— Ela não faz ideia do quanto. — Louis tomou minha mão e beijou a palma.

Um mundo de arrepios.

— Melhor ir se vestir — falei com um suspiro.

Louis vestiu os jeans que usava para trabalhar e prendeu a bandana na cabeça, e eu terminei de preencher a ficha de inscrição para a Universidade das Artes de Londres. Todos os campos da ficha. Uau, eles tinham um excelente departamento de artes. Eu poderia ter um diploma em Artes Gráficas, ou Belas Artes, ou mesmo Educação Artística. Eu queria lecionar? Queria realmente estudar artes? Havia tantos cursos para escolher. Tantos. E havia tantas coisas que eu não sabia sobre mim mesmo, possibilidades a explorar.

Quem pode saber que rumos a vida vai tomar? Não dá para planejar. Passei pela lista de cursos novamente, então tomei minha decisão. Deixe a natureza seguir seu rumo. Na última linha, preenchi o campo "não declarado".

FIM!

VOTEM E COMENTEM!!! OBRIGADAAAA!!!!!

Nosso Segredo (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora