Capítulo 27

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Tentamos descobrir, entre nossos cronogramas apertados, quando conseguiríamos estar juntos. Louis ajudava a mãe a organizar festas nos fins de semana e, ocasionalmente, fazia apresentações de arte performática. Southglenn High não ia para a competição estadual de natação — grande surpresa —, então essa obrigação cairia fora do meu cronograma muito em breve. Durante a semana, o único momento em que Louis estava livre era depois do trabalho, às onze da noite. Sugeri que nos encontrássemos antes de ir para a escola também. Eu com minhas aulas extras e Taylor —prometi para Louis que terminaria com ela essa semana — e minha mãe pegando no meu pé. Nada disso ajudava.

— A piscina abre às seis e fica vazia até as seis e quarenta e cinco ou sete horas — contei a ele. — Existe esse programa de exercícios para os professores três vezes por semana, mas eles não costumam começar antes das sete.

Louis gemeu.

— Ei. — Abaixei a aba do boné dele. — Todos nós temos que fazer sacrifícios.

Era difícil me manter longe dele na escola. Ele ainda devia estar me procurando entre as aulas, porque nos cruzávamos nos corredores três ou quatro vezes por dia. Sempre que isso acontecia, ele fazia contato visual e, sem mudar de expressão, apertava um punho fechado sobre o coração. E, todas as vezes, eu sentia um fluxo de eletricidade me atravessar.

Pelas duas semanas seguintes, fui encontrá-lo todas as noites. Nossos encontros clandestinos eram no Blue Onion. Depois, Louis me telefonava para me desejar boa noite e dormíamos com o telefone grudado na orelha. Era excitante, como ter um amante secreto. Ele era excitante. Minha vida aumentou em intensidade.

Uma noite, passei em casa depois do trabalho e Mamãe estava diante do fogão grelhando hambúrgueres.

— Ah, que delícia. — Abracei-a pela cintura. — Estou com tanta fome.

— Chegou uma coisa pra você hoje — ela falou.

— O quê? — Descansei minha cabeça na dela.

— Está na sala.

Fui adiante e fiz cócegas na barriga da Hannah, que estava no colo do Robin.

— Ah, meu Deus. — Meus pés estacaram. — Isso é pra mim?

Mamãe ficou atrás de mim, limpando as mãos em uma toalha de prato.

— Seu nome está no cartão.

Nunca havia visto tantos chocolates juntos. Devia haver duas dúzias deles, em uma linda cesta. Eu adorava chocolate. Meu estômago apertou. Porque sabia quem me enviou. Taylor sempre me fazia surpresas como essa. Da cesta em cima do aparador, retirei o cartão do envelope  e li:

Para meu namorado. Para sempre. Amo você.

Tay.

— Deixe-me ver. — Mamãe estendeu a mão.

Abracei o cartão junto ao peito.

— É pessoal.

Mamãe sorriu.

— As coisas parecem estar esquentando entre vocês dois. Tenho notado como você está feliz ultimamente. Deve começar a pesquisar os preços dos anéis de noivado.

E Robin soltou um:

— Uh-oh.

Meu rosto queimou. Uma pontada de tristeza fisgou meu coração. Nunca haveria um anel de noivado. Nunca haveria um casamento.

Enquanto eu levantava a cesta, Mamãe lamuriou:

— Ah, você não poderia deixar ela aqui pra todo mundo ver?

— Talvez, mais tarde. — Sorri para ela e para o Robin. — Antes, eu queria me deliciar um pouco.

Mamãe apertou meu braço quando passei por ela.

— Harry, eu tenho uma preocupação. — Ela me segurou. — Esse negócio de você ficar todas as noites fora de casa até tarde... Você ainda está na escola, sabe.

Droga. Ela reparou.

— Estou acompanhando bem as matérias — menti. Pela primeira vez na vida, eu havia sido reprovado em um exame. E tinha um relatório de dez páginas de história que precisava entregar amanhã e não havia nem começado. Agora, a escola parecia tão insignificante. Assim como todo o resto. — Não estou passando todo o meu tempo com ela. Às vezes, eu só vou até a Starbucks pra me afastar um pouco de... — Não terminei, uma vez que Robin estava ouvindo.

Mamãe me lançou um olhar severo. Mas ela me soltou e eu voei. Peter saltou da cama quando me viu passar com os chocolates. Parecia que agora ele ficava o tempo todo aqui. Minha noção de tempo e espaço estava completamente distorcida, é claro. Eu existia em outro plano, outra dimensão.

— Uau — Peter disse às minhas costas. — Ele deve amar muito você.

Meu coração parou. Pousei a cesta na minha cômoda e girei devagar nos calcanhares.

— O que você disse?

Peter deu um sorrisinho.

— Sabe, eu não sou idiota. Essa divisória não é à prova de som.

—Não são de Louis, são de Taylor. Você pode comer tudo se quiser —disse, com desgosto. Peter correu para cesta escolher seus bombons.

Cada músculo no meu corpo ficou tenso. Ele tinha escutado nossas conversas. Peter abriu um sorriso perverso depois que pegou os chocolates e se retirou para o seu lado do quarto. Um pressentimento caiu sobre mim, como uma mortalha.

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Sexta-feira, depois das aulas, eu bati a porta do armário e gemi. Taylor estava ali, de braços cruzados.

— Oi — falei, dando um passo para trás.

Ela estava estranha. Eu a tinha visto mais cedo, na reunião do Conselho Estudantil, mas ela parecia estar distante. Depois da reunião, Niall me parou para perguntar o que havia acontecido entre nós dois. Contei a ele:

— Não tenho ideia. Faz uma semana que ela está meio que distante. Nós estivemos juntos todos os dias, mas ela não me contou nada.

— O quê? — Pensei que os olhos dele fossem saltar para fora das órbitas e rolar pelo corredor. — Ah, meu Deus, Harry. Será que ela está pensando em terminar com você?

Quem me dera.

—Não, ela me mandou uma cesta de chocolates semana passada.

Deixei Niall com suas dúvidas e foi para meu jipe. Taylor estava apoiada no capô com uma expressão muito séria. Tive calafrios. Será que ela descobriu sobre Louis e eu? Ela sabia da verdade? Suspeitava? Meu coração martelou. 

—Oi amor — ela disse, me beijando suavemente.

—Não vai trabalhar hoje? — perguntei, tentando disfarçar meu nervosismo.

—Sim, só queria te dar um beijo antes — ela me beijou novamente.

—Você quer me falar alguma coisa?

—Não, deixa pra lá. Até amanhã — ela saiu correndo para seu carro.

Estranho. Estranho demais. Fiquei olhando Taylor entrar no carro e dar partida. Senti que Louis estava atrás de mim.

— Acho que ela sabe — falei.

— E como ela poderia saber?

Balancei a cabeça.

— Eu não... — A resposta se apresentou sozinha. — Peter.

— Eu não me preocuparia com o Peter — Louis disse. — Ele não contaria.

Apenas olhei para Louis. Ele não conhecia Peter tão bem quanto eu.

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Nosso Segredo (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora