Capítulo 26

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Ele se sentou com o Brandon na aula de artes, nem sequer tentou me passar um bilhete ou olhar para trás. Brandon olhou por cima do ombro uma vez, meio que me estudando, mas Louis disse algo no ouvido dele que fez os dois rirem.

Fez com que me sentisse o alvo da piada.

Não entendi. Será que esse era um mundo novo com regras sociais completamente diferentes? Se sim, esperava que ele me desse umas dicas. Eles saíram da aula juntos, Louis e Brandon. Como um cachorrinho abandonado, caminhei como uma sombra atrás deles. Se Brandon tocar no braço dele mais uma vez, fervilhei, ele vai beijar o chão. Na escada, eles se separaram, Brandon prosseguindo na ala das artes e Louis subindo os degraus. A meio caminho, Louis virou a cabeça para encontrar meus olhos e sorrir. Eu não sorri em resposta.

— Espero que esteja planejando fazer mais cursos de artes na universidade.

Dei um salto. Mackel havia se aproximado e estava agora ao meu lado.

— O quê? — Rebobinei a fita na minha cabeça. — Eu... não pensei nisso.

Não havia pensado em nada, a não ser em Louis.

— Você tem um dom — ele falou. — É raro e você não deve desperdiçá-lo.

As palavras se embolaram na minha semiconsciência. Um dom raro.

— Obrigado — falei automaticamente.

— Queria ter a sua visão. Ah, como eu queria ter a sua visão. — Ele suspirou e marchou pelas escadas.

Minha visão? Nesse momento, eu estava praticamente cego. Fui almoçar com Taylor e fingir que ouvia tudo o que ela falava. Eu só conseguia pensar no Louis, como quem ele estava almoçando e o quê.

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Louis me ligou enquanto eu me dirigia para as aulas extras.

— Você consegue dar uma escapada depois? — Ele perguntou.

O som da voz dele me deixou exultante.

— Sim, claro — falei.

— Vou trabalhar até as onze, mas você pode me ligar na loja ou a gente podia se ver depois? Ir a algum lugar conversar?

— Depois — decidi. — Pego você no Hott 'N Tott.

— Do lado de fora, nos fundos — ele falou. — No beco.

— Tudo bem. — ele estava certo. Não podemos nos expor até eu terminar com Taylor. Seria um escândalo se nos vissem.

Cheguei em casa depois das aulas extras para encontrar Robin na cozinha, dando tapinhas nas costas da Hannah enquanto ela chorava.

— Sua mãe saiu para pegar seus remédios. — Ele precisou gritar para ser ouvido. — Os dentes dela estão nascendo.

Deixei cair minha mochila e fui até ela.

— Aqui, deixe eu tentar. — Robin transferiu o bebê para os meus braços. — Já passou, maninha. — Balancei-a devagarinho. — Está tudo bem. — Enfiei um dedo na boca dela e massageei as gengivas. O choro se reduziu a alguns soluços. Não me pergunte como eu sabia fazer isso. Instinto paternal?

— Obrigado, obrigado, obrigado. — Robin juntou as mãos em agradecimento.

Carreguei Hannah para o porão, onde Peter estava plugado em seu death rock. Ele me viu e apagou uma haste fumegante de incenso.

E daí? O mundo inteiro podia estar em chamas desde que Louis emergisse da fumaça. Acomodei Hannah na minha cama, depois troquei de roupa e resgatei o pacote de bolinho recheado que a professora Ruiz havia colocado no meu bolso no final da aula. Descarreguei meus livros na cama para começar os estudos. No momento em que eu estava terminando o último problema de integrais definidas, Mamãe apareceu. Ela entrou nas pontas dos pés levando um dedo aos lábios.

Nosso Segredo (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora