Mamãe me ligou na hora do almoço para me lembrar de passar no Centro de Orientação Vocacional. Por que ela não me comprava logo um pager ou então uma tornozeleira eletrônica igual àquelas que os condenados usam? Ela também disse que havia um envelope me esperando em casa. Pelo entusiasmo em sua voz, eu era capaz de adivinhar que ela já tinha aberto ou então sabia qual era o conteúdo da carta. Ela desligou antes que eu conseguisse perguntar.
O sr. Oliver estava em uma reunião quando cheguei no Centro de Orientação Vocacional. A porta estava entreaberta, e ouvi o diretor, rosnar para a Conselheira:
— Aquele moleque é perigoso. Não o quero nesta escola. Se você não fizer isso, Bonnie, vou chamar a polícia. — Ela irrompeu da sala, quase me atropelando como uma retroescavadeira. — Com licença — murmurou.
Eu estava contente por não ser o assunto daquela discussão.
— Harry, aí está você — o diretor disparou para fora do escritório. Ele parecia esgotado, como sempre. — Tenho um pacote de guloseimas pra você. Catálogos, fichas de inscrição, formulários para pedidos de bolsa e livros informativos. Você recebeu seu convite?
— Meu o quê?
Ele tapou a boca com a mão.
— Eu não falei isso.
Observei a caixa pousada sobre uma cadeira dobrável ao lado da porta e soltei um suspiro. Mais alto do que deveria. O sr. Oliver franziu a testa.
— Você está bem? Parece cansado. — Ele fez menção de tocar meu rosto.
Afastei-me e forcei um sorriso.
— Estou bem. Vou levar essas coisas. Ah, você teria um catálogo da Surrey?
— Você não está pensando em ir para lá, está? — Ele ficou horrorizado.
— Não é pra mim, é para o Niall.
— Ah, bom. — Ele passou por trás de mim indo em direção à porta; os catálogos das universidades estaduais estavam empilhados ali, junto à parede.
Acompanhando-me pelo corredor, o sr. Oliver se lançou em um imenso discurso sobre todas as bolsas acadêmicas e auxílios do governo para os quais eu poderia me candidatar, e como as minhas médias escolares eram altas o bastante para me colocar na maioria das instituições. Uma instituição, ponderei, soava mais interessante do que uma universidade. Chegamos ao cruzamento do corredor e ele acrescentou:
— Coloquei na parte de cima as informações das escolas que oferecem os programas de pré-advocacia.
— Pré-advocacia? Quem disse que eu quero fazer isso?
— Ah! — o sr. Oliver se encolheu diante do meu tom incisivo. — Achei que fosse o seu objetivo cursar a faculdade de direito. Seu pai disse que...
Foi tudo o que precisei ouvir. Meu pai queria que eu fosse advogado e minha mãe queria que eu fosse Neurocientista. Murmurei um agradecimento e saí a passos pesados em direção ao meu jipe. Para o meu próprio espaço, no meu próprio tempo.
— Harry, espere — alguém me chamou, às minhas costas.
Eu já tinha aberto a porta de saída e precisei segurá-la quando estaquei.
— Você tem um minuto? — Louis perguntou, surgindo ao meu lado.
Olhei meu relógio por cima da caixa de duas toneladas que carregava. Droga, já estava dez minutos atrasado para o meu oftalmologista.
— Claro — respondi, transparecendo minha frustração.
— Você é um péssimo mentiroso — ele disse. — Devia treinar mais.
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Nosso Segredo (Larry Stylinson)
FanfictionCom a namorada dos sonhos, o melhor aluno do colégio, futuro presidente do conselho estudantil e a chance de entrar para melhor universidade do Reino Unido, a vida de Harry Styles não poderia estar mais perfeita. Ao menos é o que parece. Até que Lou...