Nosso Segredo (Larry Stylinson)

Capítulo 5

    Mamãe estava desligando o telefone quando entrei pela porta dos fundos um pouco depois das seis.

— Era o diretor Oliver.

Fiz uma careta.

— Mãe...

— Sem desculpas — ela disse. — Vá até lá amanhã. Ele teve muito trabalho para solicitar todos aqueles catálogos e fichas de inscrição. Eu me adiantei e já preenchi todos os formulários de auxílio financeiro que você deixou na sua escrivaninha.

— Mãe. — Involuntariamente, meus punhos se fecharam. Eu queria que ela ficasse longe do meu quarto. De preferência, longe da minha vida. Respirei fundo, me acalmando, antes de dar um beijo em Hannah na cadeira de bebê. Mamãe me afastou com uma cutucada e levantou Hannah, acrescentando: 

— Você age como se não se importasse.

— Eu me importo — falei, me eriçando de novo. Por que ela não ia para a faculdade se estava tão obcecada com isso?

    Escancarei a porta da geladeira e roubei uma travessa de sobras de frango. Para sobremesa, escolhi um pacote de batatas fritas que estava sobre o balcão. Já no meu quarto, liguei o CD player e vesti a calça de moletom, depois descarreguei os livros e os cadernos em cima da cama. Uma sensação de pavor me dominou. Já fazia um tempo que andava me corroendo. Eu quero ir pra faculdade? Não conseguia imaginar mais seis anos me debruçando sobre livros, escrevendo relatórios, apresentando seminários e virando a noite para estudar para as provas.

    Algo em mim estava errado. Eu não sabia o que era, mas nada ali me agradava. Aquela animação que eu tinha anos atrás se dissipou e levou junto todos os planos que tinha sonhado para meu futuro. Era como eu estivesse vivendo outra vida. Eu não era mais eu. Mas então, quem eu era?

    Ouvi a voz de Gemma no andar inferior. Ela tinha feito a vida dela como ela quis. Não cursou a faculdade, engravidou durante o ensino médio, levou um pé na bunda do namorado, saiu da escola, virou garçonete...bom, talvez ela não queria nada disso. Ás vezes sinto que estou sendo ingrato por tudo que minha mãe e meu pai fazem por mim, mas eu não pedi nada disso. O sonho de ser Neurocientista era da minha mãe, não meu.

Meu celular tocou, me catapultando de volta para realidade.

—Oi, amor! — Taylor falou. —Está ocupado?

—Extremamente — informei. —Por quê?

—Escuta, sobre sexta à noite. Cancela Vou ter que viajar com meus pais. Minha irmã vai dar uma festa de noivado e a família tem que estar presente, né? — Ela suspirou pesado. —Desculpa.

—Tudo bem — Por algum motivo, eu me sentia aliviado.

—Vou sentir sua falta, mas logo será o nosso — disse Taylor.

—Nosso? Nosso o quê?

—Noivado?

Ai meu Deus! Ela vai voltar dessa viajem a inda mais obcecada por esse noivado.

—Acho que estou viciada — Taylor falou.

—Como assim?

—Viciada em você!

— Existe tratamento pra isso.

Ela deu uma risadinha.

— Ei, o lago Echo vai abrir no domingo. Quer ir patinar?

— Quero — eu me animei. — Vou chamar a Liam e o Niall. Não saímos todos juntos desde o verão.

— Ah, tudo bem — Taylor disse, sem emoção.

— Se você não quiser que eu...

— Não, tudo bem. É que parece que não fazemos mais nada sozinhos.

Isso não era verdade. Ela ficava sozinha comigo o tempo todo. Taylor acrescentou:

— Você anda pensando naquilo, né? — a voz dela baixou — que começa com "c" e não é câncer?

Minha mandíbula se apertou. Novamente essa história de casamento.

—Sim, eu estou pensando. Eu amo você, mas...é uma coisa muito séria. Os estudos, a faculdade, escolher o curso, tudo isso é complicado.

—Harry...você sabe como meus pais são em relação a sexo antes do casamento e nós já fizemos isso muitas vezes. Minha mãe anda me pressionando, ela quer pelo menos a garantia do noivado. Antiquado, eu sei. Mas, você sempre soube disso...

— Taylor, assim que eu souber, você saberá. Eu prometo.

 E quando vai ser isso?, me perguntei. A resposta era óbvia: assim que eu descobrisse o rumo que minha vida iria tomar.

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