Capítulo 24

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O telefone tocou três vezes. Assim que o correio de voz estava para entrar, ela respondeu:

— Alô?

— Taylor, oi. Sou eu. O que você está fazendo?

— Ajudando meu pai a montar esse rack para televisão. Você achava que duas pessoas inteligentes, como nós, fossem capazes de enfiar o parafuso A no buraco A, certo? Esta é a terceira vez que precisamos desmontar a geringonça e começar tudo de novo.

Ótimo. Ela soava normal, feliz.

— Preciso ver você — falei. — Em algum momento hoje.

— Que tal agora?

— Agora? — Meu coração disparou. Eu estava preparado para isso agora?

— Topo qualquer desculpa para fugir disto aqui — ela falou. — Quer que eu vá até aí?

— Não. Eu vou buscar você. Daqui a dez minutos. — Desligamos. No andar de cima, roubei um muffin da mesa do café da manhã, enfiei na boca e entrei na minha blusa de moletom com capuz.

— Volto logo — falei de boca cheia.

— O quê? — Mamãe franziu as sobrancelhas por cima de sua leitura. — Ah, Harry. Você viu este catálogo de Harvard? O campus  é lindo. Deveríamos inscrever você lá. E...

— Agora não, mãe — falei, retirando o muffin da boca. — Tenho que ir ver a Taylor.

Ela suspirou pesadamente.

— Pergunte a ela sobre Harvard. E não fique fora o dia inteiro. Eu sinto sua falta, e quero que me ajude a fazer aquela pintura em estêncil na parede da Hannah.

Robin espiou por cima das tirinhas do jornal e piscou para mim. Pisquei de volta.

— Bom dia, Peter — falei, entrando na sala, onde ele estava esparramado no sofá, assistindo a uma reprise de Buffy. Ele deve ter resmungado uma resposta. — Ei, Hannie. — Beijei sua bochecha de bebê, depois surrupiei mais um muffin e saí.

Meu jipe parecia querer desacelerar sozinho enquanto se aproximava da casa da Taylor. Ela estava sentada na varanda, acariciando o gato, Toby. O Toby de duas toneladas. Um animal que Taylor havia resgatado de uma caçamba de lixo quando era criança. Isso era tão a cara da Taylor. Quando ela me viu manobrar para a entrada da garagem, levou Toby para dentro de casa e saiu correndo pelo jardim.

Eu havia decidido que a conversa seria rápida.

— Aonde vamos? — Taylor perguntou, inclinando-se sobre o banco dianteiro para me beijar. Eu me virei para verificar o trânsito, os lábios dela roçaram meu rosto.

— Passear — respondi. Aonde íamos? Para a serra, onde fomos fazer trilhas off-road no último verão? Não, Deus, não. A nenhum lugar dos velhos tempos. No espelho retrovisor, materializou-se o Parque Crandell atrás da casa dela, e levei o carro até o estacionamento.

Taylor descansou a cabeça em meu ombro.

— E aí?

Abri minha porta.

— Vamos andar um pouco.

Ela descruzou as pernas e saltou para fora do carro. Emparelhando ao meu lado, pegou minha mão e apertou. Eu apertei também. No local das churrasqueiras, parei e descansei em um banco de piquenique. Taylor se espreguiçou ao meu lado. Havia duas crianças brincando nos balanços, a mãe e a avó delas estavam ali perto, entretidas com seus livros.

Não havia um jeito fácil de fazer isso. Enfiei a mão no bolso do moletom, senti o pedaço circular de metal nos dedos e o apertei. 

— Harry? Sabe, eu te amo muito. Eu não sei se saberia viver sem você. Então, tomei a decisão de ir pra faculdade que você escolher. — falou. Tão tola.

Eu passei a mão pelo rosto. Como falaria que iria terminar tudo depois dessa?

— Não acho que...

— Harry —ela me interrompeu — Você é a coisa mais importante da minha vida. O homem da minha vida.

Eu quase desmaiei quando ela disse. Se eu falasse que estava gostando de outra pessoa ela morreria ali mesmo.

— Eu também te amo — disse.

Fechei os olhos. Covarde isso é o que sou. Não estou pronto para enfrentar tudo isso, minha família, a sociedade.

—Sobre o que você queria falar? — ela perguntou.

Levantei abruptamente do banco. E meu braço chicoteou no ar e o anel solto no bolso do meu moletom  e voou longe. Taylor pareceu não perceber.

—Vou para Cambridge.

—Ótimo. É uma das melhores. Nos daremos muito bem lá — ela levantou do bando e atirou-se em meus braços.

Meu coração parou de bater. Ficar com ela era desistir de Louis.

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Nosso Segredo (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora