Capítulo 8 - Lisandra

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Encaro as diversas roupas sobre a cama quase entrando em colapso sem saber qual escolher. Me enfio num macacão jeans azul e pego mais duas peças de roupas, como eu gostaria que o problema da vez fossem as mudanças no meu corpo ou o fato de eu ter aumentado mais um número de manequim, no entanto, é um pouco mais sério que isso. E muito mais importante.

Vou até a sala onde tinha deixado Henrique, mas o encontro na cadeira da mesa levando uma xícara de café a boca despreocupadamente.

- Como você consegue? – solto de repente o assustando um pouco – Não está preocupado?

As sobrancelhas dele se unem em confusão.

- Por que estaria?

- Por quê? – pergunto incrédula – Que tal? "Oi mãe, oi pai, encontrei essa moça que ia abortar e decidi ficar com o filho para mim, sou um herói, agora vamos comer!"

Ponho as mãos na cintura e ele sorrir um pouco.

- Coloque qualquer coisa – diz e rio diante da ironia.

- Por mim eu iria assim e acabou! É você quem vai ser julgado, mas estou fazendo esse esforço por você, então escolha. Esse ou esse? – mostro as peças.

- O amarelo de três rodadas antes.

Arregalo os olhos.

-E não poderia ter tido isso antes??!

Bufo e volto para o quarto para tentar achar o vestido em meio ao furacão sobre a cama, mas não sem antes ouvir a risada que ele faz questão de soltar diante do meu desespero.

Na realidade eu nem sei porquê estou tão preocupada, apesar de saber que serei julgada, porque isso é inevitável, é Henrique que mais será abalado com tudo isso, afinal é pelo o filho de uma drogada que ele está se responsabilizando e nenhuma família em sã consciência aceita isso numa boa de uma hora para outra.

Ser adotado por esse homem é definitivamente a melhor coisa que posso fazer por essa criança.

- Você não precisa estar tão nervosa – Henrique comenta provavelmente devido a forma com que estou passando as mãos nas pernas já dentro do carro tentando não surtar – Eles não vão te atacar, só querem te conhecer melhor.

É exatamente essa parte que me assusta. Digamos que eu não seja um bom exemplo a ser levado para dentro de casa, nunca fui na realidade, se eles soubessem...

Apesar de Henrique me contar um pouco sobre a família e de como é a personalidade de cada um para me deixar mais calma, tudo vai para o espaço quando ele entra num condomínio de luxo e para o carro em frente casa elegante com um belo jardim na parte da frente. Não saímos de imediato, ele por seus próprios motivos e eu por querer adiar esse momento por mais alguns segundos. Não vou contar, mas é a primeira vez que vou conhecer os pais de alguém, e mesmo que a questão não seja amorosa, é sem dúvida algo a se ter medo.

Henrique toma uma respiração funda e sai de uma só vez, me obrigando a fazer o mesmo. Ele da a volta e me aproximo dele que passa o braço em volta de minha cintura.

Toca a campainha e esperamos.

- Só...seja você mesma. Se começarem a encher você de perguntas eu dou uma freiada, as vezes eles exageram um pouco.

Assinto mesmo não me sentindo nem um pouco convincente ou relaxada, para ser sincera, eu me sinto indo a um tribunal.

A porta é aberta e um homem de nariz enrugado me olha dos pés a cabeça com evidente desdém. Droga, ainda nem entrei e já me sinto rebaixada. Sinto a mão de Henrique mais firme em minha cintura me acolhendo melhor em seu braço.

Mesmo que você me deixe - Série ConfiançaOnde histórias criam vida. Descubra agora