Capítulo 19 - Lisandra

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Não mexo um só músculo e mantenho minha respiração compassada, calma.

Sem mexer a cabeça olho para minha barriga e observo, atenta a qualquer...

Sinto de novo e aperto o braço do sofá com força.

O que você está fazendo ai dentro??

E como resposta, ele mexe outra vez e faço careta. É estranho, é como se fossem gases, uma lufada de ar, nada muito...

- Ah! – gemo agoniada quando vem mais forte – Ok, isso não foi gases.

Ponho a mão sobre a barriga e acaricio com um pouco de pressa.

- Fique quietinho ai dentro bebê, ainda temos uns meses juntos pela frente, então não torne isso mais desconfortável do que já é.

Espero mais um pouco meio temerosa e suspiro com a calma e o silêncio. Me levanto e mal dou dois passos quando o sinto outra vez e paro prendendo a respiração.

Escuto o barulho das chaves na porta e logo o vulto de Henrique entrando e tento, eu juro que tendo me ajeitar e parecer que está tudo bem, mas estou apavorada.

- O que houve? – ele se aproxima rápido e toca meu rosto me fazendo olhá-lo – Lisandra?

As sobrancelhas franzidas e evidente preocupação nos olhos o deixam tão lindo. Expulso o pensamento da minha cabeça e me afasto com movimentos cautelosos.

- Acho que o bebê mexeu – informo com a voz baixa e sem olhá-lo.

Ele se aproxima tocando minha barriga e a ação me pega de surpresa.

- Isso é incrível – e o enorme sorriso que ele tem no rosto não deixa negar isso, pelo menos não para ele, porque eu tenho uma palavra que descreve bem essa situação: Agoniante!

Ele se ajoelha espalmando a mão pela minha barriga querendo sentir, ansioso para isso e mais uma vez eu me pego mudando de opinião por causa de Henrique e querendo que mexa também para o sorriso não sair de seu rosto.

- Oi bebê, como você está ai dentro? – essa interação me deixa tensa, outro momento entre os dois que me sinto uma intrusa – Mexe para que eu possa sentir – ele parece emocionado e engole em seco – Mexe para o papai.

É sempre delicado quando se refere a ele assim, mas é lindo como aceita essa criança e o considera seu filho, que o quer como um.

Desvio o olhar da cena e bufo chateada com o rumo dos meus pensamentos.

Vamos troço, mexa logo para ele se afastar.

E como resposta – ou castigo – ele me chuta, sim, ele chuta porque a dor só pode ser de um chute certeiro no meu rim. Fecho os olhos sem ver a reação de Henrique e minha mão vai para onde senti e consequentemente para em cima da do Henrique.

Ele rir.

- Eu sei que você está animado, mas não seja mal com a mam...- ele para e levanta o olhar com cautela, tem sido assim em relação a mim desde o dia em que surtei e isso me dá raiva – Desculpa.

Dou de ombros querendo sair dessa situação, mas ele me surpreende ao beijar minha barriga sussurrando algo que não consigo ouvir.

- Trouxe nosso jantar – levanta e vai em direção as sacolas caídas no chão da porta – Como foi seu dia?

Finalmente um assunto que eu queira falar.

- Um tédio! – o sigo até a bancada da cozinha onde coloca as sacolas e começa tirando as marmitas – Encarei meu desemprego como férias e adorei as primeiras semanas, mas não aguento mais passar o dia aqui dentro sem nada para fazer. E você não me deixa sair para correr.

Mesmo que você me deixe - Série ConfiançaOnde histórias criam vida. Descubra agora