Capítulo 16 - Lisandra

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Estou sentada há quase uma hora observando Henrique preparar nosso almoço, mais necessariamente as ações dele nesse tempo.

Ele vai a geladeira, me beija, ao fogão, me beija, chegou a ir a sala mas não deu dois minutos me surpreendeu por trás e me beijou, de novo.

Henrique é do tipo grudento.

Não que eu esteja reclamando, eu só...não estou acostumada. Geralmente era eu quem corria atrás de Kevin quando queria um carinho e sempre acabávamos na cama, ele nunca foi só de beijar e tocar. Mas Henrique sim, ele é de carinho, mimos e beijos roubados, é estranho, mas um estranho bom.

- No que está pensando? – ele pergunta abaixando o fogo e vindo em minha direção, de novo.

- Se o almoço ainda vai demorar – brinco e ele rir me beijando em seguida.

Ainda não me acostumei com isso e talvez demore um pouco, quando aceitei toda essa proposta maluca certamente não esperava me ver agarrada ao homem que ficaria com meu filho na bancada da cozinha, mas senhor, que homem! Tudo que eu pensei e desejei enquanto o olhava nesses meses é verídico, muito mais até.

Seus beijos são quentes, gostosos, necessitados, me fazem sentir desejosa e suas mãos afoitas me atiçam mas do que eu gostaria, sempre me sinto linda quando Henrique me tem nos braços mesmo sabendo da realidade do meu novo estado.

Assim como também sei que tudo isso pode ser apenas necessidade, porque toda vez que eu abro espaço para um beijo mais longo e intenso nós acabamos aos amassos pelos cômodos da casa, quase sempre interrompidos por mim ou por algo, como o cheiro de queimado do nosso almoço.

- Droga! – ele xinga e vai rápido até o fogão me deixando desnorteada pelo afastamento repentino.

Eu gosto disso, gosto mesmo, mas tenho quase certeza que esse sentimento repentino dele por mim não passa de desejo. Por isso é melhor eu ter cuidado, as coisas não terminaram bem da última vez que me entreguei sem enxergar a verdade que estava bem diante dos meus olhos.

São nesses momentos em que me sinto confusa que sinto falta da minha mãe, mas é passageiro e agradeço por isso.

- Foi só um susto – ele coloca a lasanha na bancada fechando o forno e como o esperado volta até mim.

Acabo rindo disso.

- O que foi? – ele pergunta arqueando a sobrancelha e eu balanço a cabeça envolvendo seu pescoço com meus braços, porque posso estar receosa como for, mas quero aproveitar isso enquanto durar.

Dessa vez sou eu que começo beijo já nos direcionando para o sofá, rimos em meio ao caminho e quando ele senta e eu sento em seu colo com uma perna de cada lado.

- Pensei que estava com fome – diz ofegante.

- Estou – sorrio antes de atacar seus lábios outra vez.

Não me culpem, ele tem alguma coisa que me faz esquecer de mim mesma e me perder nas sensações que tão habilmente me são fornecidas, li que o apetite sexual das grávidas duplicavam e eu suspeito que Henrique sabe disso.

Ele enfia a mão em meus cabelos e os puxa de leve me fazendo erguer o pescoço para que ele possa explorá-lo, sua mão aperta minha coxa e eu acabo soltando um gemido quando sinto quão animado ele já está. Ele nos vira me deitando no sofá e ficando por cima, o puxo pela camisa querendo me livrar logo dela, mas me controlo e me obrigo a me conter com os beijos quentes e molhados, o que foi uma bela surpresa descobrir que Henrique sabe beijar assim, não se pode mais subestimar nem os certinhos, eles são horríveis quando querem.

- Você anda rindo bastante de mim não acha? – ele pergunta deixando um selinho nos meus lábios.

- Só estou feliz – dou de ombros, querendo retornar nosso amasso, mas ele parece ter outros planos.

Desce o corpo e beija minha barriga por cima da blusa, me deixando tensa de repente. Ele ergue os olhos, como se pedisse permissão, mas não posso dar, é algo intimo demais, dele e do bebê. Fecho os olhos, sentindo minha blusa levantar e ele passar a mão por minha barriga de forma carinhosa, por tanto tempo que me faz olhar outra vez, bem quando ele sorrir e decide dar outro beijo, não com desejo ou luxuria, mas com amor.

- Sai logo dai para gente brincar – sussurra com tanta ternura que percebo meus olhos marejados – Eu...vou ser seu pai e estou ansioso esperando por você.

Perco o ar. As vezes eu falo,  mas nenhum de nós dois tinha mencionando ele dessa forma ainda, isso faz parecer real, faz parecer que somos uma família e não somos isso.

- Por que não começa pensando nos nomes? – faço a sugestão para tirar o foco e ele me olha sorrindo.

- Você tem algum em mente?

Nego, porque não tenho mesmo, isso é algo entre eles.

- Você tem preferência de sexo? – sou cautelosa porque sei que ele fica mexido quando toco no assunto de seu filho – Quer outro menino?

Ele fica sério, olhando fixamente para minha barriga, com uma tristeza que eu quase posso sentir e é dolorosa que me faz sentir culpada por querer me livrar dessa criança enquanto ele daria tudo para ter o filho e a esposa outra vez, não tenho a mínima dúvida disso.

Abaixo minha blusa e me mexo para sair debaixo dele enfim tendo sua atenção, como se só agora ele voltasse de algum lugar perdido nas lembranças.

- O que foi? – estranha mas se senta enquanto eu me levanto.

- Nada eu só...estou um pouco cansada e...- o encaro.

Henrique é um homem bom, e totalmente apaixonável, não posso brincar de casinha ou postergar uma decisão que já tomei e é a melhor para mim. Quando essa criança nascer, eu vou entregá-la e vou embora.

- O que houve?

Balanço a cabeça e quando ele levanta vindo em minha direção dou um passo para trás que o faz parar, estranhando minha reação.

- Vou me deitar um pouco, depois eu almoço – viro de costas e faço um enorme esforço para não ir correndo para o quarto.

Não é justo comigo e tão pouco com ele dar esperança para uma história que não vai ter futuro, que não se encaixa. E Henrique já sofreu demais para ter outra pessoa bagunçando a vida dele.

Mesmo que você me deixe - Série ConfiançaOnde histórias criam vida. Descubra agora