Eu já sabia que quando abordasse o assunto não seria fácil, mas de verdade acreditei que não seria tão difícil como realmente está sendo.
- Você não vai voltar lá e isso não está em discussão! – ele diz e vira de costas como se fosse falar e ficar por isso mesmo.
- Eu entendo a sua preocupação, eu entendo mesmo, mas eu preciso ir pegar meu dinheiro do mês.
- Você não precisa daquele dinheiro.
- Ah, pode ter certeza que sim, eu preciso!
Ele para de andar e vira para mim.
- Por acaso está faltando alguma coisa para você aqui?
- Não estou falando disso Henrique. Eu não vou me expor, ele só abre de noite e eu preciso comprar algumas coisas para mim, a começar pelas roupas.
- Eu compro para você.
- Isso não vai acontecer! – cruzo os braços e o olho sério.
Não vou dar nenhum misero motivo para família dele achar que sou uma aproveitadora ou para ele mesmo achar isso.
O encaro convicta de que irei mesmo sem seu consentimento.
- Eu ainda tenho seis meses pela frente desempregada e dependendo completamente de você, será que eu posso ao menos fazer desse dinheiro um reserva de emergência para que eu possa sentir que não estou cem por cento dependendo de você? – sou sincera, mas odeio essa condição.
Por um lado eu não deveria me importar já que ele tomou a responsabilidade para si e não vou poder ter outro emprego tão cedo, mas por outro eu não suporto a ideia de ser totalmente dependente financeiramente de alguém que não tem nenhuma obrigação comigo a não ser com essa criança.
- Que seja! – ele bufa - Mas eu te levo.
- Mas é claro, você não pensou que eu ia de ônibus pensou? Essa criança mal fez três meses e já pesa mais que uma melancia! – Ok, talvez eu tenha exagerado um pouco, ou talvez muito sobre o peso, mas ao menos isso fez ele querer esboçar um sorrisinho, mas não foi o suficiente.
Ele fez todo o percurso de cara amarrada. Eu também não queria ter que me submeter a isso, mas o desgraçado do Vini quer descontar os dias que tenho faltado por causa do mal estar e não estou no luxo de aceitar isso, então coloquei uma blusa bem coladinha para mostrar minha barriga, ele não vai querer uma grávida lutando por seus direitos na justiça e atrair o olhar da justiça para lá. A blusa também oferece um decote generoso dos meus seios, eles estão crescendo cada vez mais rápido. O que eu vou fazer quando começar a dar leite? Problemas, problemas, não vou pensar nisso agora.
Henrique para o carro e ainda sem dizer nada eu saio revirando os olhos, ele faz o mesmo e bate a porta com força se escorando nela em seguida e cruzando os braços num clássico comportamento de quem vai me esperar ali e que eu não devo demorar. Os óculos escuros escondem seus olhos mas tenho quase certeza que estão frios, no entanto nem mesmo isso pode esconder o quanto ele esta quente, senhor!
- Foco Lisandra, foco!
O lugar estava aberto, mas só para que as meninas pudessem arrumar as coisas, apesar disso não impedir as moças do bordel da frente estarem por aqui comendo em troca de sexo, Vini deve estar de bom humor.
- Lis! – Pamela é a primeira a vir na minha direção chocada – Meu Deus, com certeza não era um alarme falso – ela rir e eu acabo sorrindo.
Todo esse tempo tenho vindo de blusas folgadas para não chamar atenção desnecessária, Henrique por si só já faz muito barulho por aqui sempre que vem me buscar.
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Mesmo que você me deixe - Série Confiança
RomanceSérie Confiança - Livro 2 ~Lisandra é uma garota perdida, abandonada e sem nenhuma expectativa de vida. Sendo obrigada a viver numa região perigosa, ela acaba se envolvendo com drogas, traficantes e prostitutas, e como se já não fosse o ruim o basta...