Capítulo 22 - Henrique

71 13 0
                                    

Chego em casa e estranho a calmaria. Procuro por Lisandra e não há nenhum sinal dela pelo lugar. Suspiro e decido tomar um banho, a bagunça que deixei quando sai pela manhã sumiu e o quarto está em ordem, com exceção é claro, de algumas coisas que deixam claro que ela adotou meu quarto como dela. Sorrio, mas não consigo relaxar. Tiro a roupa e me enfio dentro do chuveiro, sendo inevitável não lembrar nossos momentos aqui também e me sentir afetado por isso, ela está impregnada na minha casa.

Seria hipócrita se dissesse que tudo que Guilherme falou não me afetou, porque afetou e me fez pensar em minha relação com Lisandra até agora que se resumiu em uma única palavra: Sexo. Eu não sei nada sobre ela com exceção do que pude concluir quando nos encontramos e o que aconteceu até agora, mas o passado? Os motivos que a fizeram chegar até onde a encontrei? Não tenho nada, ela não me dá nada e percebi que sempre que entro no assunto, ela me distrai e terminamos na cama, é sempre assim e não consigo deixar de me sentir usado.

Balanço a cabeça querendo esquecer as palavras do meu irmão, ele só quer me afetar. Mas não a conheço, não sei nada sobre a mulher que mora e divide a cama comigo e isso até agora não tinha me importado.

Como ela vê isso que temos agora? O que ela espera desse relacionamento? Tenho alguma chance?

Odeio ficar no escuro.

Escuto a porta abrir e desligo o chuveiro, saio me enxugando e visto uma roupa confortável, ansiando vê-la. Saio do quarto ainda secando os cabelos quando a vejo de costas escorada no balcão lendo algum livro, ela vai até o armário, pega umas panelas e depois parte para a geladeira dando um suspiro frustrado que faz seus ombros caírem, ela usa um dos seus shorts curtos e uma blusa folgada, sempre escondendo a gravidez.

Faz um nó nos cabelos e pega o celular já virada em minha direção mas distraída demais para me notar. Digita alguma coisa e espera, fico intrigado e me surpreendo quando ela leva a mão a barriga voltando a geladeira.

- Se acalme ai dentro querido, seu pai deve estar em reunião, gente rica está sempre em reunião – debocha e imagino que a mensagem tenha sido para mim.

Volto para o quarto e pego meu celular sorrindo ao ver a mensagem dela.

"Seu filho quer comer uma receita estranha que Regina comentou, envolve seu amado brócolis e um monte de ingrediente que não sei nem pronunciar. Posso usar aquele cartão que você deixou para emergência? Mas vou logo avisando que esqueci a senha"

Meu sorriso alarga, ela não precisa pedir permissão para comprar comida, dei a ela para usar como bem quisesse.

"Está no quarto e a senha é 089455"

Respondo para que fique salvo para outras situações.

"Obrigada, você fez uma criança feliz hoje 😊"

Rio em silêncio e me deito na cama com os braços atrás do pescoço esperando que entre, quando o faz, sorrindo para o celular, grita levando a mão ao peito ao me ver e abro o sorriso.

- Deus do céu! Você enlouqueceu Henrique?! – me olha furiosa e fico com um pouco de remorso por assustá-la, pode não fazer bem para o bebê.

- Quis fazer uma surpresa – dou de ombros fazendo cara de arrependido e ela cerra os olhos – E é claro, fazer a mãe da criança feliz também.

Ela sorrir e vem na minha direção sentando em minhas pernas e me abraçando. A aperto com força, sentindo seu cheiro e deixando que as incertezas sejam expulsas da minha mente.

- Isso é saudade? – provoco e ela me olha

- Felicidade por você chegar cedo e não ter que ficar mais sozinha nesse lugar e morrer no tédio.

Mesmo que você me deixe - Série ConfiançaOnde histórias criam vida. Descubra agora