Prólogo

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4 anos atrás

Eu não consigo ouvir nada além de zumbidos e gritos desesperados, eu não sei o que está acontecendo. mamãe não está do meu lado, apenas a escuridão, meus olhos não abrem, eu grito pela mamãe, mas ela não me responde, por que mamãe não responde?

-Josh?

Chamo meu irmão, ele não responde.

-Papai?

Chamo meu pai, mas ele também não responde. eu grito, grito na esperança de ser ouvida e quando eu perco minhas forças, minha voz perde o volume e meu ar fugindo dos meus pulmões, eu escuto passos, muitos passos.

-Achamos o carro.

Alguém fala, eu fico em silêncio
Estou tremendo de medo, as lágrimas molham meus olhos fazendo eles se abrirem um pouco, amolecendo o que estava fechando ele.

-Tem mais corpos?

Falam e forçam a porta.

-Aí meu Deus, duas crianças, meus Deus que tragédia.

A voz angustiada fala, eu solto o ar que estava pretendo e forço meus olhos se abrirem, sentindo meus cilícios sendo puxados com forças.

-Me ajude, por favor, me ajude.

Falo o mais alto que eu posso, mas não há mais forças para gritar.

-Ouviu isso? Tá viva, ELA TÁ VIVA.

Alguém grita e vozes desconexas acompanham, sinto uma mão em meu ombro, olho para o lado assustada, mas vejo um borrão, apenas um borrão.

-Ei mocinha, já vamos tirar você daí, mas você precisa ajudar o tio, tá bem?

Uma voz doce e suave fala

-Eu quero meus pais, o josh.

Falo sentindo uma mão checando meus braços e pernas.

-Não pensa nisso agora, você consegue abrir mais os olhos?

Ele diz e eu nego com a cabeça.

-Okay, água, Traguem água.

Ele grita e segundo depois eu me assusto com dedos molhados sendo passados nos meus olhos, que agora se abrem e eu vejo um homem, um anjo.

-Vamos tirar você daí tá bom? Mas você não pode de jeito nenhum olhar para lado, você promete?

Ele diz segurando meu maxilar com delicadeza e eu concordo, sem dizer mais nada, eu não sinto nada.

-Você tem quantos anos?

Ele diz e eu posso ver luzes e mais pessoas atrás dele.

-Catorze, eu tenho...Catorze anos.

Falo enquanto ele coloca algo em meu pescoço.

-Agora eu vou pegar você no colo, mas você não pode fazer nenhum movimentos bruscos, tá bem?

Ele diz e assim faz, ele me pega e segundos depois eu estava em uma maca.

-E a outra?

Outro homem que carregava a maca perguntou, mas não obteve nenhuma resposta, totalmente travada em cima da maca, meus olhos se enchem de lágrimas.

-Cadê meu irmão e meus pais?

Pergunto e recebo um olhar cheio de tristeza, meu coração ficou ali, naquele momento, congelado lá, enquanto eu era socorrida, só um espaço oco e vazio sobrou.

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