Rasos

Quartoze

Amber Katharine

Observo Kalel descer as arquibancadas sem ao menos olhar para mim, depois que seu amigo, Liam, apontou descaradamente para mim, de longe vejo ele ganhando um soco nas costas e rindo, mas sou incapaz de ouvir qualquer coisa, já que estavam longe.

Suspiro lembrando de algumas noites anteriores, quando as mãos dele passeavam por mim, mas ele ainda é o Kalel James, não posso me esquecer disso.

Ele não é meu amigo, só se aproximou pra poder me "comer", não vejo outra alternativa é como a maioria fizeram, quando conseguem, somem e evaporam.

Não que eu me importe, pôs não é como se eu não soubesse desde o início, mas ele não foi até o fim e isso eu definitivamente não entendia.

Passo o restante do tempo lendo um livro qualquer de fantasia, esperando as aulas terminarem, hoje eu literalmente não estou afim de assistir às aulas.

Desde meu ataque de pânico venho tendo pesadelos, comigo dentro do carro, sentindo tudo que senti no dia do acidente, meu irmão segurava minha mão e gritava por socorro, mas eu não podia fazer nada, eu estava presa.

Eu acordei com os olhos dele em minha mente, em puro desespero eu corri para o quarto da senhora Leila e do Leon.

Foi humilhante, mas não consegui fazer outra coisa além disso.

Minha atenção se prende no livro, não sei por quanto tempo, mas vejo a sombra de alguém se aproximar.

—Putas lêem? Essa eu não sabia.

Juli diz com sua típica roupa de líder de torcida, provavelmente, terá ensaio.

—Seja puta, mas seja uma puta inteligente, não é mesmo?!

Falei, tentando ignorar a figura dela na minha frente.

—Inteligente não assistindo às aulas? Vish, acho que é melhor você cobrar para os caras que você dorme.

Afirmou me encarando, com aquele olhar irônico, na tentativa de se achar melhor quanto acha que me ofende.

Fecho meu livro e me levanto, a ignorando e passando por ela pra conseguir descer a arquibanca.

—Ficou muda vadia?

Ela diz e eu paro de descer, volto-me a encara-lá, mas agora com vontade de rir, balanço a cabeça negativamente, tirando qualquer chance que eu tinha de tentar retrucar qualquer coisa que ela falar.

Perda de tempo, volto ao meu caminho, descendo até o campo e indo em direção à escola, provavelmente para ir embora, já que provavelmente estava quase no horário de todos serem liberados.

Caminho pelo corredor vazio e amplo do colégio, até meu armário para guardar meu livro e pegar minha mochila.

—Você vai acabar repetindo por falta.

Uma voz, que eu conheço muito bem diz atrás de mim.

—Não é como se fosse da sua conta.

Falo sem sequer fazer questão de encara-lo, mesmo querendo ver qual seria sua expressão sobre mim.

—Verdade, não é, mas pense bem, é seu último ano, não vale a pena repetir por besteira.

Ele argumentou, se aproximando enquanto eu continuo parada, fingindo está procurando algo no armário, mas na verdade eu não faço a menor ideia de como agir diante dele.

—Me poupe do seu papo de bom moço.

Falo, batendo o armário com uma força desnecessária.

—Se fosse tão bom assim não estaria fora da sala, passeando pelo corredor.

Completo, finalmente me virando para contemplar ele, Kalel estava com o os braços cruzados, com um sorriso zombeteiro nos lábios.

—Sou tão bom que fui o primeiro liberado, por ser o primeiro a terminar todas as tarefas.

Ele diz convencido, me fazendo revirar os olhos.

—Parabéns pra você.

Ironizo

—Obrigado.

Ele diz se aproximando e eu olho em volta, vendo se tinha alguém no corredor, mas continuava vazio.

–É Sempre um prazer vê-lo, mas terei que ir.

Falo de maneira debochada, me preparando para deixá-lo sozinho, mas ele é mais rápido, se aproximando, invés de eu caminhar até o saída no final do corredor, eu dou um paço para trás, me encurralando entre os armários e ele.

—Está fugindo de mim, Amber?

Ele sussurra próximo a mim

—Por que você não me deixa em paz? Teve a chance de transar comigo e desperdiçou,o que é que você quer?

Eu falo, indo direto ao ponto e sinto ele se afastar, mesmo que poucos centímetros, mas então o sinal toca, fazendo-o se afastar ainda mais quando o tumulto de pessoas aparecem, enquanto saem de suas salas.

—Nem todo mundo que está na sua volta, se aproxima de você com o interesse de te levar pra cama, Amber.

Ele diz, antes de me deixar sozinha, olhando para o nada com a frase dele em minha cabeça.