Trinta

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Juli (bônus)

O dia estava mais ensolarado que o habitual, o que deixou o treino mais insurportável do que é normalmente.

—Último giro duplo e a gente finaliza.

Falo para as meninas que logo reclamam, mas vão para seu devido lugar, inclusive eu.

Depois que finalmente o treino foi finalizado, praticamente me arrasto para o vestiário feminino.

Abro meu armário para pegar o uniforme e a toalha, mas acabo pulando para atrás, no susto quando o armário é fechado com brutalidade na minha frente.

Olho para Kalel, seria algo bom ele está aqui no vestiário feminino, bem na minha frente, caso o olhar dele na minha direção não fosse mortal.

Observo o amigo dele atrás dele com as mãos na cabeça.

—O que devo para tal honra?

Falo de maneira maliciosa, mesmo sabendo que os olhares das meninas estavam focado  em nós, então ele se aproxima mais, o que causou arrepio por todo meu corpo, seria bom se não fosse pelo medo que senti.

—Eu quero que você vá se foder porra, o que você tem na cabeça?

Ele diz, me surpreendo mais ainda, dou um passo para atrás inconscientemente, me fazendo bater contra o armário.

—Ela me contou tudo....VOCÊ SABE O QUE PODERIA TER CAUSADO, VOCÊ SABE O QUE CAUSOU?

Ele grita alto, fazendo com que eu me encolhesse contra o armário, as meninas em nossa volta soltam um gritinho quase irritante. As lágrimas saíram sem ao menos eu considerar permitir, isso é humilhante demais, até pra mim.

—Quem você pensa que...-antes mesmo de eu terminar de falar, ele soca o armário ao meu lado, o susto foi o suficiente para eu gritar.

—Eu juro por tudo que é mais sagrado que você e todos os envolvidos irão se foder, principalmente você.

Ele diz se aproximando ainda mais, mas o amigo dele se intromete o puxando para trás, sussurrando algo para ele.

Olho as meninas prestando atenção em tudo, ergo minha cabeça para olhar o olhar raivoso que ele tinha sobre mim e a todos a volta dele, o Kalel que nunca viram.

—Você está falando daquela morta ambulante que não faz a menor importância nessa escola ou sociedade?

Falo me aproximando mais dele, mesmo com medo, o amigo dele o puxa mais para trás e fala algo seu ouvido.

—Eu ouvi por aí o que ela tentou fazer, uma pena que fracassou até nisso, não sei o por que você ainda a quer por perto, sabe o que eu quero? -desabafo sobre ele, mesmo sabendo que isso o deixaria mais enfurecido. —Eu quero que ela tente de novo e vá para os quintos dos inferno, junto com a família dela.

Falo forçando o meu melhor sorriso, esperando que ele faça algo contra mim, mas ele nem se move, seu olhar me fuzila e seus lábios contém um sorriso.

—Eu tenho pena do que você se tornou e tenho certeza que nem seus pais ricos irão te salvar como sempre fazem. -Ele diz se afastando, fazendo meu sorriso se desfazer. Ele aponta para as pessoas em minha volta e continua a falar. —Vocês todos irão pagar.

Ele diz e então se vira e vai embora sem olhar para trás.

—Você passou dos Limites, espero que você não se livre disso.

Diz antes de sair pela mesma porta que o Kalel saiu.

—O QUE FOI? VÃO SE TROCAR, PORRA.

Grito assim que percebo as garotas ainda  paradas olhando para mim.

Jogo meu celular encima da penteadeira sem ao menos se importar com os vidros que voaram logo em seguida

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Jogo meu celular encima da penteadeira sem ao menos se importar com os vidros que voaram logo em seguida.

A vadia que roubou Kalel de mim, isso que ela era pra mim, e foi incrível quando eu consegui atingir ela, invadir a secretaria e ler os dados dela foi a coisa mais sensata que eu fiz, desde de que essa órfã chegou, ela tirou tudo o que era importante pra mim, a atenção. Passaram a falar sobre a novata, de como ela era inteligente, misteriosa e ficava com os garotos mais bonitos, a odiei quando eu vi ela e kalel andando juntos, o posto que todas queriam, inclusive eu.

Criar um grupo com quase toda a escola e divulgar o número dela foi o suficiente, mandar todas as fotos que eu tinha dela fizeram todos ficarem animados em atacá-la, espalhar boatos para toda a escola, foi a melhor decisão.

Falar sobre os pais dela em uma conta fake com certeza a afetou. Ela não tinha nada, não tinha uma casa bonita, não tinha um corpo bonito, não tinha uma vida bonita, mas tinha todos que eu queria.

Eu amei o Kalel desde quando ele chegou nessa escola, eu tentei varias vezes ficar com ele, mas fui descartada como os panfletos que se pega na rua.

Então ele começaram a aparecer juntos, ele jogou no lixo sua fama de bom moço por uma qualquer como ela, tão fodida que foi passada de família em família.

Minha intenção foi afastá-la dele, foi machucá-la ao extremo, mesmo que tentando desde sempre nunca tinha conseguido. Nunca imaginei que ela tentaria tirar a própria vida, mas não senti remorço ou qualquer coisa que não fosse raiva por ela nem sequer se matar direito.

—Posso saber que merda é essa?

Papai fala assim que entra no quarto e vê os vidros pelo chão.

—O que você fez?

Ele continua, sem mostrar qualquer tipo de interesse real.

—Nada.

Falo de maneira seca, na intenção que ele saia logo.

—Se fez algo, se vira e não suje o nome da minha família.

Ele diz.

"Minha família"

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