Kalel James
(Pode conter certos gatilhos)Ela não vinha ao colégio a exatamente três dias, pensei em ligar para o senhor Leon ou a dona Leila, mas desisti, eu corri atrás, fiz tudo o que pude.
—KALEL
O treinador grita, me fazendo parar de correr pelo campo para encara-lo.
—Você está muito lento, dê três voltas no campo em cinco minutos.
Ele diz e eu contive a vontade de bufar, respiro fundo e começo a correr o mais rápido que eu consegui. Em quatro minutos finalizei as voltas e corri até o treinador, que me chamava para conversar.
—Sabe do Liam? É a segundo treino que ele falta.
Ele diz e eu coço à nuca, depois daquele ocorrido nós não se falamos mais, eu definitivamente fui um idiota com ele.
—Não senhor, mas vou na casa dele, após o treino.
Assim que o treino acabou, eu fui direto pra casa do Liam e fui atendido pelo pai dele, que deixou eu subir até o quarto dele.
Me surpreendo com a visão que tenho assim que eu abro a porta, Liam lendo um livro, definitivamente é a primeira vez que eu vejo isso, ainda mais quando o nome do livro é "maneiras úteis de por seu bebê para dormi"
Ele só percebe que eu estava no quarto quando eu já não conseguia mais segurar minha risada.
—Que susto porra.
Ele diz jogando o livro na minha direção, mas o pego antes que me atinja.
—Então Liam, como coloca um bebê pra dormi?
Pergunto de forma irônica e ele sorri
—Eu li que se por uma musica relaxante e deixar as luzes apagada, o bebê apaga, vou fazer isso, ou andar com ele por toda a casa com ele no colo, essa eu já não gostei.
Ele diz de maneira convencida, como se já dominasse o assunto.
—Quando todos irão conhecer a mãe?
Falo e ele da de ombros.
—Ela quer manter em segredo até saber o sexo do bebê e...aí não sei, oh mulherzinha difícil.
Ele diz passando as mãos no rosto e eu sento na cama junto à ele.
—Vocês estão junto?
Pergunto, mas o semblante que ele faz já responde por ele.
–Eu não entendo ela cara, uma noite ela quer me comer vivo, outra hora que me beijar todo e na outra só falta me Matar, mas não estamos juntos não, só as vezes.
Ele diz e eu o observo melhor, tentando decifrar o que meu amigo está sentindo.
—Eu não sei, quando não estamos implicando um com o outro, eu gosto dela, mas ela me acha um babaca e só deixa eu me aproximar por causa da criança e para se aproveitar do meu corpinho sexy, eu nem sou tão ruim assim.
Ele diz e sorrio por perceber que meu amigo está finalmente apaixonado por alguém.
—Você é um babaca cara...-falo e lembro o motivo de eu ter vindo aqui. —mas eu fui mais com você naquele dia, me desculpa?
Falo e ele me olha de maneira séria.
—Mas você acha mesmo que você me magoou? Por que errado você não estava.
Assim que sai da casa do Liam, decidi dedicar a noite para estudar e por a meteria em dia, já que estou atrasado e isso nunca aconteceu antes dela, mas agora minha mente só pensava nela. Literatura passa longe de ser minha matéria favorita, o que deixa o estudo ainda mais chato.
Meu celular chama minha atenção quando começa a vibrar em cima da cômoda, me levando para pega-lo, e vejo uma ligação de um número desconhecido, penso alguns segundos se devo ou não atender, mas atendo.
—Alô?
Pergunto receoso e obtive silêncio por alguns segundos.
—Eu não quero...não quero morrer...-sou surpreendido pela voz embargada da Amber, o que me fez entrar em estado de alerta. —Eu não quero mais, me ajuda, eu não to conseguindo...—Amber? Onde você está? O que está acontecendo?
—Eu não quero morrer.
Ela disse antes do silêncio massacrante.
—Amber?
A chamo mas não obtenho resposta, não levou nem dois minutos para que eu já esteja no meu carro, indo até a casa dela, mais rápido do que a lei permitia. Em poucos minutos eu já estava na porta dela, a chamando, mas ninguém atende, porra, tento achar alguma janela aberta, mas não tem.
Passo as mãos pelo cabelo e não penso duas vez antes de me jogar contra a porta, a abrindo a força, subo correndo para o sótão onde é o quarto dela e a cena que vejo, simplesmente acaba com meu coração.
—Não, não, não, não..
Falo repetidamente enquanto corro para o lado dela, jogando o pote de remédio longe dela, como se isso fosse anular o que já foi feito e pego-a no colo.
—Você não pode ter feito isso, você não pode ter feito isso com a gente.
As lágrimas saiam sem que eu possa controlá-las, mesmo com dificuldade de descer com ela pela pequena escada do sótão, eu consigo, indo o mais rápido que posso em direção ao carro.
Porra Amber, passo a mão pelo rosto dela, tentando acorda-la de algum jeito, antes de por o corpo desacordado no banco de trás do meu carro.
Meus olhos intercalavam em um momento olhar para ela, deitada como se estivesse dormindo e no outro momento eu prestava atenção na estrada.
Assim que eu cheguei, não demoraram muito para pagá-la dos meus braços e correm com ela até uma maca.
Alguns médicos tentaram me parar, mas eu continuei a seguir ela, eu não poderia deixar ela agora, ela não pode me deixar, porra, estava tudo bem, estávamos indo bem, eu já não sentia o chão sobre meus pés.
Observei desde de que ligaram ela no monitor, até a tentativa de reanima-la, fiquei ali até seu coração parar e sua respiração sessar e o barulho do monitor acusa que não há mais batimentos.
—Eu preciso de você, o mundo ainda precisa de você, você não poderia ter nos deixado.
Sussurro, enquanto vejo as tentativas falhas de reanimação, saio daqui, eu não aguento mais ver isso, eu não aguento mais ver ela partindo.
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Rasos
RandomSe soubessem o que eu sei, se a conhecem como eu a conheço, não seriam tão cruéis com algo tão singelo. Amber não ligava, se forçava a não sentir mais nada, Amber se quebrava a cada dia e eu, eu vou implorar para que ela não se afogue nisso, se afo...