Flashbacks
1 mês depois do acidente
Amber Katharine
As pessoas me olhavam dos pés a cabeça, como se eu fosse um Et, mas eu estou me sentindo mais uma árvore, parada enquanto observo a festa de ação de graças da minha nova casa.
Olho para as escadas esperançosa em subir sem ninguém me veja, mas uma figura grande aparece em minha frente, atrapalhando minha visão.
—Quem é essa?
Uma mulher pergunta, ela não olha pra mim e sim pra minha nova tutora.
—Essa coisa aí não fala, já tentei de tudo, falta pouco pra devolver.
Ela diz pra figura na minha frente e eu abaixo a cabeça, olhando para minhas mãos inquietas, prendendo o choro.
Mamãe e papai nunca me tratariam assim, famílias não se tratam assim.
—Você já tem três filhos, porque mais uma,Olívia?
Ela fala pra minha tutora, tornando minha presença insignificante, ouvindo cada palavra falada
—Meu marido ficou com pena.
Ela falou com um olhar de desprezo em mim.
—Foi a única que sobrou de um assistente.
Olívia fala e meus punhos se fecham quase automaticamente, subo correndo para "meu quarto", no qual divido com uma outra menina, filha deles.
Vou até minha pequena mala e pego a pequena foto da minha família, a última que nós tiramos, no meu aniversário.
Meu irmão me dando dedo por trás e meus pais nos abraçando, posso sentir os dedos deles me tocando, posso ainda ouvir a risada do meu irmão quando o bolo foi arremessado em meu rosto, posso sentir a felicidade da minha mãe quando me acordaram com pistolas de água, posso sentir o abraço do meu pai, enquanto ele me desejava feliz aniversário.
Posso sentir tudo que senti no dia, mas a cada dia que passa, se torna mais doloroso, porque todos os dias eu acordo esperando eles.
Mas todos os dias tenho a plena consciência que jamais os terei novamente.
—Oi pequena.
Me assusto com o senhor Jason , parado sobre a porta, seco as lágrimas que caiam sobre meu rosto e devolvo a foto para minha pequena mala, não tem nem motivos pra eu desfazer a mala, não mais.
—Você está bem?
Ele diz se aproximando e agachando na minha altura.
—Eu quero minha casa.
Falo sem nenhum tipo de esperança dentro de mim, pôs sei que jamais a terei.
—Eu sei, eu entendo você, perdi os meus pais ainda novinho, mais novo que você, só Deus sabe como foi duro continuar, mas aqui estou eu.
Ele diz, calmo, se sentando ao meu lado no chão.
—A Olívia não gosta de mim, nem o Alex, eu não quero ficar aqui.
Falo abraçando meus próprios joelhos; lembrando como o filho dele me tratava, a única que parecia gostar de mim, é a Sophie e ele.
—Me desculpa por não conseguir fazer dessa casa seu lar, vou ligar para Margarida, tenho certeza que vai ter uma família maravilhosa te esperando,
Ele diz e por fim deixa um beijo no topo da minha cabeça, como meu pai fazia.
Ele se vai, me deixando sozinha no quarto, aonde eu fiquei recordando dos melhores momentos de dois meses atrás.
Quando eu era feliz.
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Rasos
RastgeleSe soubessem o que eu sei, se a conhecem como eu a conheço, não seriam tão cruéis com algo tão singelo. Amber não ligava, se forçava a não sentir mais nada, Amber se quebrava a cada dia e eu, eu vou implorar para que ela não se afogue nisso, se afo...