Capítulo 1

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Oi, tudo bom? Antes de você ler esse livro, eu quero te pedir uma coisa: não leia, por agora. Eu escrevi quando tinha 12 a 15 anos, com uma mentalidade totalmente sem noção. Algumas falas são preconceituosas e isso me chateia muito hoje em dia. Não quero apagar o livro pois representa uma fase muito importante pra mim, mas vou modifica-lo durante essas semanas. Então por favor, não leia ele agora! Me sinto extremamente envergonhada por algumas cenas, espero que compreendam. <3

- Mas mãe...

- Não quero saber, você vai! Não acredito que entrou em outra briga, Ariel! É a terceira só neste mês!

- Mas foi ela que começou! Aquela doida ia me dar um tapa se eu não a acertasse primeiro! Tive que derrubar ela no chão!

- Por que, Ariel? Por que os outros implicam tanto com você?

- Porque eu não uso a mesma roupa que eles, mãe! Porque eu não sou tão babaca ao ponto de me vestir igual aos outros, só porque tal roupa está na moda. Porque eu tenho o meu próprio estilo!

- Então! Será uma ótima oportunidade! No colégio em que você vai estudar é obrigatório o uso de uniforme!

- Mas eu não quero estudar lá! E as minhas amigas?

- Me desculpe minha filha mas... que amigas? - meu pai perguntou, debochado. Isso pai, esfrega na minha cara que eu sou anti-social! Esse é o apoio que todo pai deve dar para a sua filha-adolescente-que-está-tendo-um-ataque-porque-não-quer-ir-pra-um-internato.

Mandei um joinha pra ele.

- Valeu, pai. O senhor é um homem muito sincero... Ainda não me convenceram a mudar de escola.

- Vamos te dar vários motivos: 1) é um internato, portanto, você vai morar lá. Longe do seu irmão e de todo mundo que você odeia e considera chato.

- Ei! - Colin, meu irmão, falou. Não tô dizendo que meu pai é super sincero? Falou que o menino é chato na frente dele!

- 2) os uniformes são super lindos! - Quando a minha mãe diz super lindo, eu já imagino uma roupa toda neon, com luzes de natal piscando, botas de cowboy e orelhas de coelho azuis. - 3) quando eu fui visitar a escola, eu vi muitos alunos gatinhos!

- Ellen, acho que podemos matriculá-la em outra escola, sabe? Uma que seja bem longe dessa dos alunos gatinhos. Já sei! Vamos colocá-la em um convento! - meu pai falou. - Se bem que... não, pode deixá-la nessa escola mesmo. Ela não pega nem resfriado, quanto mais um menino! - E olha o momento sinceridade aí! Meu pai me esculacha e meu irmão só ri. Mas que coisa linda!

- Ainda não me convenceram - falei, cruzando os braços e me sentando no sofá.

- Certo, 4) e último motivo: já que os alunos ficam a tarde inteira lá sem nada para fazer, se você for, eu e seu pai combinamos de te dar dez livros. Os que você quiser - minha mãe disse. Foi isso mesmo que eu ouvi? Dez livros?

- Vou arrumar minhas malas - falei subindo as escadas.

***

- Filha, tem certeza de que quer levar uma mala inteira de livros?

- Tenho que me divertir de alguma maneira, já que lá não tem sorveteria, nem shopping, nem pista de skate...

- Lá não tem pista, mas o diretor falou que você pode levar o seu skate. Só não pode andar com ele na área interna da escola.

A Menina dos Olhos BicoloresOnde histórias criam vida. Descubra agora