- Ele tá aqui? - Zack perguntou.
- Bom, o carro está ali. Olha a placa.
Pra mim o mundo parou quando a porta do motorista foi aberta. Uma perna depilada e com um saltinho pequeno saiu de lá. Ué, meu pai virou traveco? Ah, não, é só a minha mãe. Ah, tá, fodeu em dobro. Meu pai pelo menos nunca bateu em mim, né? Minha mãe já joga os saltos dela e tudo mais. Ela veio correndo na minha direção, e eu me encolhi atrás de Zack, fechando os olhos.
- Mãe, mãe, mãe, não me bate, mãezinha. Eu sei que fugir de casa foi errado, mas não me bate, mamãe. Te amo, viu? - Ela tocou meu braço, com carinho. - Ai, ai, ai. Mãe, não.
- Ariel - ela falou, com a voz doce. Eu abri os olhos.
- A senhora não está brava?
- Oras, claro que não. Você seguiu seu coração, filha. - Ela me abraçou. - Eu sei que você e o Zack se amam. Eu apoio sua relação com ele. O problema é seu pai. Ele insiste em dizer que Zack é um mau elemento e que vai te levar pro caminho das drogas e da bebida.
- E o Colin?
- Alguém me chamou? - Me virei, encontrando-o. - E aí, maninha? - O abracei, tirando seu corpinho sem músculos do chão. - Me trouxe presente?
- Trouxe sim.
- Ai, Ariel, você vai me desmembrar. Cadê o Owen?
- Por que você quer saber dele?
- Vou dar um oizinho pra ele, mana. Nada demais. Ah, ele tá ali. OI, OWEN! - Colin acenou pra ele, que saiu correndo. - QUAL É, CARA, VOLTA AQUI! - Colin correu atrás dele.
- O Owen está bonitinho, hein. - Minha mãe me deu uma cotovelada.
- Mãe!
- É, filha. Ele cortou aqueles cabelos de hippie. Tá mais macho. Era meio estranho que o cabelo dele era o dobro do tamanho do seu - ela começou a falar consigo mesma sobre os longos cabelos da Owenpunzel, que não são mais tão longos. Tá, eles estão curtos.
- Mãe, é, eu e o Zack... a gente vai pra Suíça. Hoje. Então, eu preciso passar lá em casa, pra pegar minhas roupas.
- Suíça? Tudo bem. Aí eu tenho mais um tempo pra convencer seu pai a deixá-la pisar em casa novamente. É claro que eu deixarei você entrar, mas... Seria bom se ele pensasse um pouco sobre o assunto. COLIN, PARA DE PERSEGUIR ESSE HIPPIE DESGRAÇADO E VAMOS EMBORA.
- Então... Ahm... Eu passo na sua casa às seis, ok? - Zack disse.
- Ok. Tchau, gente. - Abracei todos. - Tchau, amor. - Dei um beijo nele.
- Ew - Colin disse. - Ai, Zack, solta ela. Vocês vão ficar o maior tempo juntos, e eu só tenho hoje pra ver a Ariel! Solta, Zack! - Dei um último selinho nele e comecei a seguir Colin.
Eu fui o caminho inteiro contando sobre a viagem e sobre Zack.
- E essa viagem aí, hein? Ele que planejou?
- Na verdade, a família dele que vai. Aí eles me chamaram. Aí eu não aceitei. Mas eu acabei descobrindo que a ex dele vai. Então eu vou.
- Filha, não faça nada que eu não faria, hein? Não é pra bater nela. Você não espancou ninguém nessa viagem, né?
Imagens da minha briga com Melody e com a menina que queria o meu namorado apareceram na minha mente.
- Não, mamãe.
- Ahn. Mas olha, se essa menina começar a te irritar e tentar roubar o Zack de você, aí sim, você manda bala!
- Não, porque quando eu dou soco nos meninos que tentam roubar meu skate eu estou errado e blá blá blá tenho que agir como um mocinho blá blá blá - Colin disse. - Mas a mamãe deixa você bater nela!
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Menina dos Olhos Bicolores
Ficção AdolescenteEm sua antiga escola, Ariel Raymonds era considerada "estranha". Caçoavam dela por causa de seu diferente estilo para se vestir e de seu cabelo rosa. Depois de outra briga na escola, a mãe de Ariel resolve mandá-la para o internato St. Dummond High...