Acordei pela manhã e fui para o banheiro. Me arrumei, bonitinha (ok, eu coloquei a saia ao contrário umas duas vezes, mas ninguém precisa saber disso), e fui colocar minhas lentes. Mas quem disse que eu as encontrava?
- Cadê vocês? - perguntei para o ar, enquanto procurava a caixinha debaixo da cama. Decidi acordar Lucy (que estava com uma poça de baba no travesseiro). - Lucy, Lucy, LUCY!!!
- Ai, que que é. Eu não vou pra escola hoje!
- Primeiro, nós já estamos na escola. Segundo, você viu minhas lentes?
-Vi... não. - E voltou a dormir.
Resolvi refazer meus passos de ontem. Depois que os meninos foram embora, eu tirei as lentes e as coloquei na caixinha, que estava em cima da minha cama. Será que eu dormi em cima da caixinha? Comecei a jogar tudo o que tinha na minha cama para o chão. Fones de ouvido, livros, canetas, um Doritos... Mas nada de lentes. Olhei no relógio e faltavam 17 minutos para começar a aula. Mandei uma mensagem para Chad:
"Fodeu, não estou achando minhas lentes! Eu estava com elas ontem, não estava? Ah, pega alguma coisa pra eu comer."
Dois minutos depois, ele me respondeu.
"Você estava usando suas lentes ontem, eu me lembro. Tomara que as ache... ou vai pra aula sem as lentes mesmo, ninguém vai perceber. Ok, vou pegar comida pra você, sua gorda."
Ah, quer saber? Que se foda essa merda toda! Vou fazer estilo Samara, jogar os cabelos pra frente da cara e boa, tô linda, tô diva, tô assustando todo mundo. E a minha primeira aula era de... (pausa para olhar no papelzinho com os horários)... história!! Yeah! Eu veria a Josinéia de novo!
Fui andando lentamente pelo corredor, procurando Chad. Até que o encontrei encostado no meu armário - me esperando, suponho.
- Oi.
- Ai! Jesus, que susto! Para de assustar os outros desse jeito, menina. Não foi legal! Não. Foi. Legal!
- Tô assim por causa dos meus olhos, seu burro. Cadê a comida?
- Tá aqui. - Ele pegou um saquinho que estava guardado dentro de um bolso dele e colocou rapidamente na bolsa-que-eu-carrego-para-não-ter-que-ficar-andando-com-o-estojo-na-mão. - Nossa, que emoção!
- Por que?
- Parece que estamos contrabandiando alguma coisa.
- Ahn, tá. Preciso ir pra aula, nos vemos depois.
Segui meio rapidamente até a sala de história e graças ao Senhor, a Josinéia ainda não estava lá. Me sentei na última carteira da última fileira e fui ver o que tinha no saquinho. Maçãs fatiadas. Eu odeio maçã fatiada. Não tem toda aquela emoção de ficar com a casca no meio do dente; tentar tirar com a unha, mas acabar piorando; e ter que largar a maçã pra poder ir no banheiro pegar fio dental. Sei lá, maçã fatiada perde a graça toda. Mas é a vida. Tive que comer as maçãs.
Zack me percebeu ali e se sentou do meu lado, fazendo com que o menino que estava ali mudasse de lugar.
- Por que fez isso?
- Isso o quê?
- Por que o expulsou do lugar?
- Não o expulsei, apenas pedi para ele mudar de lugar, para eu poder ficar ao lado da minha namorada.
- Não sou sua namorada.
- Eu sei, você sabe, mas ele não precisa saber. - Eu ri.
- Ah, Zack. - Acabei olhando para ele, fazendo-o perceber meus olhos.
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A Menina dos Olhos Bicolores
Teen FictionEm sua antiga escola, Ariel Raymonds era considerada "estranha". Caçoavam dela por causa de seu diferente estilo para se vestir e de seu cabelo rosa. Depois de outra briga na escola, a mãe de Ariel resolve mandá-la para o internato St. Dummond High...