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Maratona 3/4

Cobra

Vou pra goma, porra meu sangue tá fervendo

Confiei na mina, e ela me apronta uma dessas?

Na moral, se foder ninguém quer!

Tomo um banho pra esfriar a mente, saio e vejo que tem mensagem da Valentina no meu biriri.

Tina: Tem o que pra hoje?

Cobra: Não sei, fala tu

Tina: Hoje vai ter um showzinho dos menó na praça.

Cobra: Fecho, marca vinte que tô aí no teu portão.

Tina, não me engana, vive falando que eu não presto mais não deixa de gosta de mim.

Também né mano, se eu pudesse eu me beijava, mais deixo esse prazer pra vocês

Me arrumo e coloco meus anéis e correntes, hoje o moleque tá mala fala um A pá tu vê

Pego a chave e vou pra casa da bunfunfa, tô precisando distrair a mente, porque puta que pariu.

Tina: Eai, rapá tá todo trajado, fala tu.- faz toque comigo.

Puxei ela pela cintura e já lasquei um beijo.

Cobra: Bora sobe ai.- aponto com o queixo pra moto.

Ajudo ela subi, a mesma me agarra forte na cintura.

Cheguemos e desci chamando atenção, peguei na mão da Tina, ela sorriu toda boba e eu neguei com a cabeça.

Hoje a criançada ia apresentar, sei lá o que.

Nos sentamos e pedi um algodão doce pra criança que tava comigo, Valentina.

Cobra: Criançada tem mó talento, fico mó orgulhoso disso pô.- falo vendo a mina cantar.

Tina: Nesse morro tem tanta criança talentosa, que não tem chance lá fora.- fala se lambuzando com o doce.

Cobra: Ae, tu tá bem?

Tina: Tô seguindo.

Ela fala enquanto vejo a Japa no meio da multidão, mó gata fala tu.

Cobra: Quer cachorro quente?- ela assenti.

Me levantei e fui em direção ao carro, fiz o pedido e enquanto ele fazia o lanche fui falar com a Japa.

Japa: Fiquei sabendo desses bagulho com a Jade, porra, não sabia disso, ela também não tinha noção da merda que tava fazendo e...- interrompi ela.

Cobra: Ae na moral, quero falar disso não, isso já tá enchendo meu saco já morô?- me sentei no banco da praça.

Japa: Tá fazendo o que aqui? Pelo que eu sei tu não tem nenhuma criança que é parente teu.

Puxei um muleque que tava passando.

Cobra: Meu irmão colé?- sorri.

- vinte conto.- sussurra pra mim.

Olho pra ele e disfarço olhando pra Jade, que tava gargalhando e negando com a cabeça.

Japa: Tua mãe tá bem Juninho?- fala sorrindo.

Cobra: Se fuder!- tirei cinquenta da carteira e dei pro pivete.

Japa: Colé.- riu.

Cobra: E tu, tá fazendo o que aqui?

Japa: Meu irmão ali.- aponta pra um menininho que tava cantando também.- ele mora com a minha mãe, quando da pego ele pra passar uns dias comigo.

Cobra: Tenso em, e teu pai?

Japa: Ele diz que o menino não é filho dele, aí já não sei.- fala pedindo sorvete pra mulher do lado que estava vendendo.

Tina: Ae, já tô indo, assim tu conversa melhor com suas piranha.- me catuca.

Cobra: Tá, fé.- falo dando atenção pra Japa.

Japa: Lincença mona, quem é piranha aqui?

Tina: Se faz de sínica não morô, pode ficar com ele, não ligo.- fala saindo.

Japa puxa ela pelo braço.

Japa: Fofa, se orienta do que cê tá falando, se teu macho é intocável prende ele em uma algema, sua loca.

Tina: Talarica do caralho!

Quando Japa ia pra cima dela impedi as duas.

Cobra: ae, ela não é Talarica, até por que eu e tu não tem nada morô? Se emocionou só porque peguei na sua mão?- ela me olha e da dedo, logo em seguida sai.

Japa: Tu é ridículo cobra.- fala pegando o irmão dela e indo embora.

Colé?

Que eu fiz pô?

Por fim quem saio perdendo foi eu, que fiquei chupando dedo.

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