Capítulo 8

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Com o fim da aula de hoje, esperei Will na porta da escola.

- Oi - ele falou se aproximando - vamos?

- Oi...na sua casa ou na minha?

- Na sua! - ele quase gritou - na sua...

Dei um sorriso amarelo. Minha casa estava uma bagunça. Estávamos arrumando tudo, caixas por todo o lado. Até o fim da semana sairíamos da casa do Sr. Toupeira.

- Ok então...vamos... - comecei a caminhar.

- Você quer ir a pé? Eu tenho carro.

- Oh nossa - fico vermelho - eu achei...tudo bem.

Caminhamos pelo estacionamento. Seu carro é um SUV preto. Não é um carro barato...mas não é um dos mais caros.

Entro no carro.

- Onde você mora?

- Riverdown, rua 3.

- Ah.

Mordo a língua para não soltar alguma piadinha sobre ele dirigir. Ele realmente dirige bem, mas não vou dar esse gostinho para ele. Olho para fora. O lago Gipse e lá mais a frente, entre duas pequenas colinas, a saída que dá para o mar. Pessoas caminham com seus casacos pesados. Os céus sabem o quanto agradeço por esse trabalho. Will vai me pagar 50 dólares por aula, três aulas por semana, o que dá 150 dólares por semana, 600 no fim do mês. Acho que é o bastante, para ficar em um quarto de aluguel com minha mãe e a Emily. Só por esse mês.

- Você precisa de aulas até quando?

- Até o fim do semestre. Preciso de boas notas nas provas.

- Ah - são dois meses até o fim do semestre.

- Jogo no time de Futebol Americano da RHS e preciso de notas altas para continuar jogando.

- Ah...não sou muito fã de futebol.

- Prefere passar os dias nos livros - fala com desdém.

- E graças a isso, poderei ajudar você!

Ele se cala. Ele entra na minha rua. Casas desbotadas e jardins mau cuidados.

Quando chegamos porta da minha casa fico desconcertado. Abro a porta.

- Não repara na bagunça - falo passando sobre algumas caixas - estamos de mudança.

Emily coloca a cabeça para fora do quarto e dá um sorrisinho.

- Oiii - fala com um sorriso de orelha a orelha.

Ela caminha como um gato e para na frente do Will.

- Como você é grande - depois olha para mim com um sorriso malicioso.

Meu rosto queima.

- Não dê atenção a ela - falo empurrando ele para meu quarto.

Olho para trás e ela pisca para mim. Pego uma almofada no chão e jogo nela. Ela entra no quarto rindo.

Ainda não mexi em nada no meu quarto.

- Senta ali - aponto para a escrivaninha.

Vou até o armário e respiro fundo. Emily me paga. Pego meus livros e o meu óculos. Quando me vê, Will começa a rir.

- Tá rindo do quê? - sibilo.

- Você fica diferente com óculos. Muito mais nerd.

Jogo os livros em cima da mesa com um barulho.

- Oh cara, desculpa...sério.

- Vamos começar com história - falo seco.

Começo a falar sobre a guerra civil americana, primeira e segunda guerra, a segregação racial em grande parte da América na década de 60.

- Meu povo já sofreu demais - fala Will, ele está deitado na minha cama. Bem acomodado.

- Os grandes países das Américas, cresceram com muito sangue negro derramado. Não consigo nem imaginar a dor que sentiram....

- Minha mãe me conta muitas histórias...ela é africana.

- Incrível.

Ele joga meu travesseiro para o alto.

- Pedi ajuda para minha namorada...ela já está na faculdade - Não sei porque ele tá me contando isso - se eu sair do time ou tirar notas ruins, será mais um motivo para eles.

- Eles?

- Meus pais...eles acham que não quero nada da vida.

- E estão certos?

- Não! - ele suspira - Não totalmente...em parte, sim...em grande parte sim.

- Entendo.

- Já tenho 18 anos. Estou perto de terminar os estudos e não sei o quero fazer, não tenho a mínima ideia do que quero.

Suspiro.

- Eu entendo. Estou na mesma, mas se tenho uma certeza é a de que quero sair de Raventown, sair do Maine, sair dos Estados Unidos! Eu quero viajar pelo mundo! Conhecer culturas e terras novas...

Alguém bate a porta.

- Atrapalho? - é minha mãe, ela sorri. Emily, vou te matar!!!

- Não mãe.

- Trouxe chocolate quente com alguns biscoitos - ela coloca a bandeja em cima da mesa - Oi, sou Evangeline - ela fala estendendo a mão para Will.

- Sou William, mas pode me chamar de Will.

- É um prazer Will.

Ela fica ali parada, olhando para nós dois.

- Mãe - falo tossindo - licença?

- Oh! Meu Deus, desculpa... - ela saí fechando a porta.

- Desculpa por isso, minha família é...peculiar.

Ele ri.

- Sua mãe é bonita, parece com você - Indiretamente ele disse que sou bonito? - sua família parece ser legal...e seu pai?

- Foi embora.

- Ah...desculpa aí.

- Não, tudo bem.

Ele olha para fora. Está escuro.

- Nossa nem percebi que anoiteceu, preciso ir - ele se levanta e me entrega 50 dólares - amanhã de novo?

- No mesmo horário - falo.

Ele sorri.

O levo até a porta.

- Quando disse que você ficava diferente com óculos, quis dizer que ficava mais fofo - ele sorri e se vai.

Quando fecho a porta e posso respirar, vejo minha mãe e Emily olhando para mim.

- Queremos saber tudo! - falam as duas em uníssono.

Neve sobre o Ébano (Romance Gay) - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora