A Neve - Capítulo 32

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Uma música animada da Miley Cyrus tocava nos altos-falantes. Em um canto os professores conversavam em grupos, alunos andavam de um lado para o outro, sorrindo, tirando fotos.

Olho Dana de longe. Ela dança animadamente com Charlie. Largo a mão do Rafael e corro até ela.

- Dana!

- Oiii David!

Nos abraçamos. Ela veste um Sari, uma roupa da cultura indiana, os cabelos negros cheio de joias, a maquiagem perfeita.

- Uma deusa indiana - falo.

- Ora, bobagem - ela ri.

- Oi Charlie - falo estendendo a mão e ele aperta.

Charlie é magro e pálido, tem espinhas e usa óculos. Um Nerd total.

Dana me puxa de lado, enquanto Rafael e Charlie conversam.

- Eu beijei ele - fala.

- O quê?

- Eu agarrei ele e o beijei!

Começo a rir.

- Ele é uma gracinha, mas é muito lento.

- Dana poderosa, não perde tempo. Tá certa amiga, não é só os rapazes que devem avançar.

Ela faz uma cara de modelo.

- Estranho - ela diz - Não estou vendo as líderes de torcida, nem os jogadores.

Jean, a estrela do jornal da escola sobe no palco. O cabelo castanho caindo em ondas e o vestido verde escuro cintilando sob as luzes.

- Nosso Baile Anual de Inverno da Raventown High School começou. Daqui a pouco teremos a coroação do Rei e da Rainha do baile. E preparem o esqueleto para dançar muito.

Começa a tocar Believe, do Imagine Dragons e as portas se abrem. Tudo acontece como cena de filme, em câmera lenta. A elite da escola entra, lindos e sorridentes. As garotas dando acenos com a mão e se sentindo estrelas. Os rapazes piscando para qualquer menina. Os outros alunos abrindo caminho e bem na frente Will e uma garota maravilhosa de linda. Ele está lindo também, com um terno azul marinho.

Dana me empurra com o ombro e o encanto acaba.

- Vou dar uma voltinha com o Charlie - ela fala já se aproximando dele - e outra coisa...você me paga por não me dar mais atenção - ela faz uma careta de psicopata e todos rimos.

- Segunda-feira ele terá toda sua atenção Dana, mas hoje ele é só meu - fala Rafael fingindo arrumar minha gravata.

Will se aproxima de nós e Rafael fecha a cara.

- Oi David - ele me cumprimenta.

- Will...

- Essa é minha namorada, Sue.

- Prazer - falo.

- O prazer é meu...

- Você é muito linda...sua roupa é maravilhosa.

Ela sorri e é como se sinos tocassem.

- Tenho que ser maravilhosa para um cara com o calibre do William.

- Como? - fico sem entender.

- Ele como membro da alta sociedade...tenho que estar a altura.

- Alta sociedade? - falo.

- Sue... - Will diz entre dentes.

Ela arregala os olhos e tapa a boca.

- Will...eu tinha me esquecido do seu plano.

- Plano?...o que tá acontecendo aqui?

- David, posso te explicar depois...

- Não Will, explica agora - fala o Rafael que tinha estado em silêncio.

- Você, não se mete - fala Will.

Os dois se encaram furiosamente.

- Rafael...pode pegar um pouco de ponche para mim?

- David...

- Rafael, por favor.

Ele me olha magoado, mas vai.

- Sue...me deixe conversar com ele sozinho - diz Will.

Ela olha com ódio para mim, revira os olhos e se vai.

- Começa - falo - que plano é esse.

Ele passa a mão pela cabeça.

- Eu...eu não queria que você...que ninguém soubesse que eu era rico.

- Por quê?

- Eu queria ser só um garoto normal...não queria amizades por interesse, e você sabe como alguns alunos são.

- Você achou que eu falaria com você por interesse?

- Não...isso nunca passou pela minha cabeça.

- Você mentiu pra mim.

- Não! Eu omiti é diferente, só não te contei isso.

- De qualquer forma...você não confiou em mim...

Tento me afastar mas ele me segura pelo braço.

- David...não é pra tanto? Vai ficar magoadinho?

- Me solta Will! - falo baixo.

Alguém sobe no palco e a música para de tocar.

- Boa noite pessoal! - fala Kevin - Não poderia deixar a noite do Baile passar sem uma surpresinha, não é?

Megan, sua namorada, caminha pelo palco e o entrega um controle. Não queria admitir, mas ela está bonita com um vestido preto.

Todo mundo começa a cochichar.

- Preparados? - Kevin grita e aperta um dos botões no controle.

Um horror cobre meu corpo quando aparece em uma imagem enorme atrás do palco um copilado de fotos e vídeos de mim e o Rafael, nos beijando, agarrados, sozinhos em momentos de carinho. Alguém nos vigiava e fez isso.

- Não é que nosso frutinha é uma frutinha mesmo! Olhem isso - ele ri - é quase um pornô gay.

Os professores correm para o palco, para tirar as imagens dali, mas é tarde demais. Todos já olharam.

Todos começam a me olhar. Alguns falam, outros riem. Sinto o aperto mais forte no meu braço.

- Você é gay? - pergunta Will assustado.

- Eu...

- Você é gay David?

- Sou! Por quê?

- Você...por quê não me contou isso?

- Faria diferença?

- Sim! Muita diferença, toda a diferença David. Eu não teria...

- O quê Will! - grito na cara dele - me beijado?

- Sim! Eu nunca teria beijado você...achei que o que tava acontecendo era novo para você também, que estávamos experimentando...você me usou.

Aponto o dedo na cara dele.

- Não abra sua boca para dizer o que não sabe! Você também mentiu!

- Omiti.

- Eu omiti também!

- Mas é diferente...você é gay...e eu...droga! - ele fala como se tivesse perdido milhões em dinheiro.

Algumas pessoas nos olhavam. Puxo meu braço.

- Eu pensei que você era como eu, Will - falo baixo.

- Gay? - a palavra saí como se fosse algo nojento.

- Não! Diferente dos outros rapazes...mas agora percebo que você é igual a todos.

Segurando as lágrimas e saio correndo.

Neve sobre o Ébano (Romance Gay) - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora