Capítulo 26

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O Rafael me deixa na porta de casa. O que aconteceu com o Will já nem me vem a memória.

- Mãe! - entro dando pulinhos - o encontro foi perfeito!

Minha mãe me abraça, um grande sorriso nos lábios.

- Hoje é o dia das boas notícias!

- Porquê está tão feliz? - falo sentando a mesa da cozinha.

- O Heitor...meu chefe na costuraria me convidou para um jantar.

- O quê? Dona Evangeline arrasando corações.

- Oras, para é bobagem...é só um jantar entre amigos.

- Sei, sei.

- Mas não é só isso. Vamos nos mudar.

Meu coração acelera.

- Pra fora de Raventown?

- Não! Uma casa nova, em Sunflower Valley.

Fico triste e feliz. Queria sair de Raventown...mas lembro que tenho amigos aqui e o garoto que estou amando.

Sunflower Valley é um bairro bonitinho daqui de Raventown.

- Mãe...como? O aluguel das casas ali não são baratas.

- Não vamos morar de aluguel...a casa será nossa.

Quase despenco da cadeira. Desde que tenho consciência moramos de aluguel.

- Como? Com qual dinheiro?

- A casa que tá a venda é da irmã do Heitor. Ela vai embora e vai vender a casa. Ele me disse que posso pagar o valor da casa com quanto eu tiver , aos poucos até terminar.

- Mãe...isso é maravilhoso!

Me levanto e a abraço.

- Incrível, incrível! Quando nos mudamos?

- Queria que fosse amanhã, mas precisamos de ajuda.

- Comece a embalar as coisas, a ajuda eu consigo.

Passamos a noite inteira guardando nossas coisas em caixas.

Hoje é sábado e estou sentado na varanda, esperando. Liguei para a Dana e para o Rafael. Eles ficaram muito felizes em ajudar.

Dana chega com seu pai, no caminhão de mudanças.

- Bom dia Sra. Whitewood - fala ele.

O Rafael logo chega com as mães.

- Sra. Amanda e Sra. Elizabeth...fico feliz que tenham vindo me ajudar.

Quando todo mundo entra, vejo o carro do Will. Ele me olha de longe depois fecha a janela e se vai.

As mães do Rafael levaram minha mãe para a casa nova. Ficaram de limpar e arrumar tudo. Eu, Rafa, Dana e Emily colocamos as coisas no caminhão. Depois de quase 1h de arrumação, estamos prontos. O Sr. Toupeira estava lá, olhando tudo e fiquei mais que feliz em entregar as chaves da casa dele.

Vamos na carroceria do caminhão, junto com as coisas. Quando chegamos na casa, uma felicidade invade meu peito.

Sunflower é um bairro com casas pequenas de dois andares, dos dois lados da rua. Todas as casas são amarelas, os jardins bem cuidados. Muito diferente de Riverdown.

Paramos na frente de uma das casas. Uma grande macieira na frente.

- Uau - fala o Rafael - na primavera isso deve ser lindo.

- Muito - ele me abraça pela cintura e Emily e Dana fazem beicinho - parem suas chatas!

Começamos a levar tudo para dentro. No andar de baixo, tem a cozinha e sala juntos, junto com uma saleta de jantar. Um banheiro e um quarto. No andar de cima, tem dois quartos e um banheiro.

- Quartos para todos! - grita Emily subindo as escadas.

Na cozinha, minha mãe conversa animadamente com as mães do Rafael.

- Que tal uma limonada? - ela fala.

Passamos a procurar os limões, açúcar e tudo que precisamos para a limonada. Eu, Rafa e Dana sentamos debaixo da macieira.

- Queria comer maçãs dessa árvore - fala Dana.

- Só precisamos esperar mais alguns meses....já tem umas flores ali - aponta o Rafael.

Dana nos olha.

- Então...vocês estão namorando?

Engasgo.

- Não...não! - digo apressado.

- Nossa! - diz Rafael rindo - o David não quer! Ele não percebe o quanto tô afim.

- Ei - bato no ombro dele - eu tô afim também...só acho que...

- É muito cedo...

- Sim, muito cedo.

Ele murcha.

- Crianças - fala Amanda - a limonada tá pronta.

Enquanto bebemos e os adultos conversam, percebo o clima pesado que ficou entre nós. Quando todos vão embora, o Rafael só dá um tchau e se vai. Eu acho que o magoei.

Depois de passarmos quase três horas arrumando tudo em seus lugares, me jogo no sofá da sala.

- Filho...o que foi? - fala minha mãe da cozinha - está tão triste.

- Fiz besteira e magoei alguém que eu amo.

- E o que tá esperando?

- Para quê?

- Arrumar essa bagunça. Pedir desculpas, fazer o que for preciso. Mas não fique se lamuriando pelos cantos filho, sei que isso não é você.

- Obrigado mãe.

Escolhi o quarto daqui de baixo. Sento na cama e olho pela janela que dá para o quintal pequeno. Pego meu celular.

- Alô? Rafael?

- Oi David.

- ......

- Oi? Estou com sono David. Você não vai falar nada?

- Me desculpa! Por mais cedo.

- Não precisa se desculpar. Não vou te pressionar a nada.

- Não...você não me pressiona! Isso tudo é novo para mim...e eu quero muito!

- O quê?

- Que você seja meu namorado.

- Isso é um pedido? Pelo telefone?

- Hmmmm...desculpa.

- Para seu bobo! Eu quero muito ser seu namorado David.

Continuamos conversando por horas. Vou dormir com um sorriso no rosto. Aos poucos tudo começa a dar certo para mim. Tudo começa a dar certo!

Neve sobre o Ébano (Romance Gay) - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora