O Sr. Watson, o treinador me espera na sua sala, ao lado do ginásio. Hoje é sábado e é dia de jogo.
Paul Watson é um cara grande. O cabelo cortado em corte militar. Ele aponta a cadeira a sua frente.
- Senhor...
- William Ebone, você me conhece, então vou direto ao assunto. Suas notas foram péssimas, e você sabe...
- Para estar no time é preciso ter boas notas.
- De acordo com o Conselho Escolar, você deveria ser retirado do time, mas você é nossa estrela...e sei o quanto gosta disso.
- Muito Sr. Watson.
- Então vou te dar mais uma chance. Você precisa tirar boas notas nas próximas provas, se conseguir, você continua no time.
Sorrio aliviado.
- Muito obrigado, eu vou me esforçar!
- Mas, infelizmente você não poderá jogar nas estaduais.
- Mas senhor, eu me preparei tanto!
- Sinto muito, William. Mas se quiser continuar no time, terá de aceitar isso.
Fecho os olhos e respiro fundo.
- Tudo bem Sr. Watson.
Quando saio da sala estou consternado.
- Como foi? - pergunta Brian, o capitão do time. Ele é um monstro de quase 2 metros de altura.
- Estou fora das estaduais.
- Ah não cara! Eu posso falar com o Watson.
- Não, não! Ele já me deu uma chance...preciso me sair bem nas próximas provas.
Seus olhos azuis demonstram tristeza.
- Que droga! Como vou jogar sem você lá! Você é o melhor!
Sorrio.
- Oras Brian, você é muito bom! E vai se sair bem.
Ele passa os dedos pelo cabelo louro.
- Eu vou estar lá na arquibancada, torcendo pelos Ravenbrooks - o nome do nosso time.
Ele me dá um abraço, bem mano a mano.
•
Estou do lado de fora do ginásio. Hoje o dia amanheceu claro, o sol tentado brilhar através das nuvens. Raventown é um lugar esquecido pelo calor. O celular só chama. Sue disse que estaria ocupada hoje.
- Oi amor - ela atende.
- Oi minha linda...como você está?
- Muitíssimo ocupada, terei provas na semana que vem.
- Ah...
- O que foi?
- Nada não.
- Esse nada não, significa muitas coisas...me conta vai.
Então explico tudo o que o treinado Watson me disse.
- Eu preciso de ajuda pra estudar...alguém que me ensine, tenho dificuldade em me concentrar.
- Ah amor, eu queria tanto poder te ajudar, mas estou atulhada de coisas...Você não conhece ninguém?
- O Brian, mas o que ele tem de músculo, não tem de inteligência.
Ela ri. Depois disso a conversa morre. Quando desligo o telefone estou arrasado. O que vou fazer agora?
Caminho até a frente da escola, uma garota está ali, colando um papel no mural externo.
- Você sabe que provavelmente na segunda essa folha não vai estar aí né? - falo me aproximando.
- Idiotice a minha! Mas tudo pelos amigos não é? Eu não te conheço...
- William, entrei na escola este ano.
- Ah...Dana - ela estende a mão.
- Prazer...mas o que tá fazendo aqui? Em pleno sábado?
- Ajudando meu amigo. Ele tá passando por uns problemas e vai dar aulas particulares para ajudar a mãe. Aqui estão as informações, caso alguém se interesse.
E não é que milagres acontecem!
- Estou interessado! - solto tão alto que ela se assusta.
- Oh nossa! Tudo bem, certo - ela ri - segunda-feira procura por ele, aqui a sala dele, seu número de celular e coisas mais - ela me entrega um dos papéis.
- Obrigado.
Assim que ela se vai, começa a nevar de novo. A folha na minha mão balança com o vento. Acho que estou começando a acreditar que essa neve de Raventown é mágica.
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Neve sobre o Ébano (Romance Gay) - Concluído
RomanceDavid é um garoto simples que passa seus dias estudando e no trabalho de meio expediente em uma lanchonete, para ajudar a mãe com as despesas, mas que vê tudo desmoronar a sua volta quando surge uma ordem de despejo na sua casa e ele é demitido. Wil...