Procuro pelo David na hora do almoço e não o encontro, depois volto a procura-lo no fim da aula. Olho a garota que é amiga dele.
- Oi? Dana? - falo me aproximando.
- Sim?
Ela é baixa e bem bonita, o cabelo negro caindo pelos ombros.
- Eu estou procurando o David...
- Ah, ele não veio hoje.
- Hmmm.
- Por quê?
- Eu tinha aula com ele.
- Ah, nossa, como sou esquecida...ele me ligou hoje cedo e disse que era pra eu te falar, que você pode ir na casa dele.
- Sério?
- Sim. Você sabe onde é, né?
- Sei sim, obrigado.
Sigo em direção a casa dele. É uma coisinha minúscula no fim de uma rua. Consegui convencer Rowerd Thompson a deixar a família do David ficar na casa até acharem outro lugar. Bato na porta, quem me atende é Evangeline.
- Oi Will...que bom vê-lo.
Ela usa um vestido de festa azul marinho. O cabelo ruivo solto. O David tem seus olhos.
- O David está esperando você...agora deixa eu ir, vou comemorar o aniversário de uma amiga - ela começa a descer a escada da varada - ei? Estou bonita?
- Parece uma modelo.
Ela cora, como o filho dela faz.
- Você é um amor.
Entro e fecho a porta.
- David?
- Aqui no quarto!
Quando entro, eu fico envergonhado. Ele está vestindo uma camisa sobre o torso branco e coberto de sardas.
- Pronto pra dar aula?
- Senta aí - ele fala apontando para a cama, que já é meu lugarzinho de estudo. Tem o cheiro dele, um cheiro quente, misturado com colonia e suor.
- Cadê a Emily? Sempre que estou aqui ela aparece.
- Está dopada! Ela foi no dentista hoje e a anestesia era forte. Bem, o que temos para hoje?
- Álgebra!
- Argh - ele fala e coloca o óculos para cima, o que acho um tanto fofo - odeio matemática.
- Não vai poder me ajudar nessa?
- Vou...mas não sei muita coisa.
- Só preciso entender o básico.
Ele senta do meu lado e pega o livro e começa a falar e falar. Seu ombro toca no meu e ele fica vermelho. Depois de um tempo não presto mais atenção no que ele fala. Só consigo olhar para sua boca rosada, seu pescoço pálido, o cabelo ruivo com um cheiro que a maioria dos cabelos masculinos não tem...flores.
- ...isso é uma função algébrica, certo? - ele me olha.
- Hã?...oi...é...- balanço a cabeça - eu não prestei atenção.
- Isso é visível. Olha Will, se você quer tirar boas notas tem que prestar mais atenção...não posso ficar falando e falando...
Criando coragem, o beijo. Primeiro é só um toque de lábios, pressiono minha boca contra a sua. No começo não fazemos nada, mas logo nossos lábios estão se movendo. Mordisco seu lábio inferior e ele geme. Coloco minha mão em seu rosto e o beijo se torna mais forte, como se nunca fosse o bastante. Sua boca tem um gosto doce, e isso é muito bom.
Logo estamos deitados na cama.
O que eu tô fazendo!
Me levanto rapidamente.
- Merda! Merda! Merda! O que eu tô fazendo. David me desculpa eu...
- Eu quem peço...eu fui longe demais...
- Nós fomos...isso, não. Isso não pode e não vai acontecer de novo...isso é estranho...
- Eu...eu...
Estamos os dois ofegantes. Seu óculos jogado no chão.
- A aula acabou - falo - até...até depois...desculpa...
- Will...- ele sussurra.
Saio de cabeça abaixada. Não consigo olha-lo nos olhos.
Minhas mão tremem na hora de ligar o carro.
O que foi aquilo? O que fizemos? Eu beijei um garoto! Eu beijei um garoto...e o pior de tudo...eu gostei. Gostei muito mais do que quando beijo a Sue. Mas isso foi só uma experiência, não? Dois garotos héteros que estavam descobrindo coisas, não é?
Tentando colocar esse pensamento na cabeça, ligo o carro e vou embora.
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Neve sobre o Ébano (Romance Gay) - Concluído
Roman d'amourDavid é um garoto simples que passa seus dias estudando e no trabalho de meio expediente em uma lanchonete, para ajudar a mãe com as despesas, mas que vê tudo desmoronar a sua volta quando surge uma ordem de despejo na sua casa e ele é demitido. Wil...