Capítulo 23

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Procuro pelo David na hora do almoço e não o encontro, depois volto a procura-lo no fim da aula. Olho a garota que é amiga dele.

- Oi? Dana? - falo me aproximando.

- Sim?

Ela é baixa e bem bonita, o cabelo negro caindo pelos ombros.

- Eu estou procurando o David...

- Ah, ele não veio hoje.

- Hmmm.

- Por quê?

- Eu tinha aula com ele.

- Ah, nossa, como sou esquecida...ele me ligou hoje cedo e disse que era pra eu te falar, que você pode ir na casa dele.

- Sério?

- Sim. Você sabe onde é, né?

- Sei sim, obrigado.

Sigo em direção a casa dele. É uma coisinha minúscula no fim de uma rua. Consegui convencer Rowerd Thompson a deixar a família do David ficar na casa até acharem outro lugar. Bato na porta, quem me atende é Evangeline.

- Oi Will...que bom vê-lo.

Ela usa um vestido de festa azul marinho. O cabelo ruivo solto. O David tem seus olhos.

- O David está esperando você...agora deixa eu ir, vou comemorar o aniversário de uma amiga - ela começa a descer a escada da varada - ei? Estou bonita?

- Parece uma modelo.

Ela cora, como o filho dela faz.

- Você é um amor.

Entro e fecho a porta.

- David?

- Aqui no quarto!

Quando entro, eu fico envergonhado. Ele está vestindo uma camisa sobre o torso branco e coberto de sardas.

- Pronto pra dar aula?

- Senta aí - ele fala apontando para a cama, que já é meu lugarzinho de estudo. Tem o cheiro dele, um cheiro quente, misturado com colonia e suor.

- Cadê a Emily? Sempre que estou aqui ela aparece.

- Está dopada! Ela foi no dentista hoje e a anestesia era forte. Bem, o que temos para hoje?

- Álgebra!

- Argh - ele fala e coloca o óculos para cima, o que acho um tanto fofo - odeio matemática.

- Não vai poder me ajudar nessa?

- Vou...mas não sei muita coisa.

- Só preciso entender o básico.

Ele senta do meu lado e pega o livro e começa a falar e falar. Seu ombro toca no meu e ele fica vermelho. Depois de um tempo não presto mais atenção no que ele fala. Só consigo olhar para sua boca rosada, seu pescoço pálido, o cabelo ruivo com um cheiro que a maioria dos cabelos masculinos não tem...flores.

- ...isso é uma função algébrica, certo? - ele me olha.

- Hã?...oi...é...- balanço a cabeça - eu não prestei atenção.

- Isso é visível. Olha Will, se você quer tirar boas notas tem que prestar mais atenção...não posso ficar falando e falando...

Criando coragem, o beijo. Primeiro é só um toque de lábios, pressiono minha boca contra a sua. No começo não fazemos nada, mas logo nossos lábios estão se movendo. Mordisco seu lábio inferior e ele geme. Coloco minha mão em seu rosto e o beijo se torna mais forte, como se nunca fosse o bastante. Sua boca tem um gosto doce, e isso é muito bom.

Logo estamos deitados na cama.

O que eu tô fazendo!

Me levanto rapidamente.

- Merda! Merda! Merda! O que eu tô fazendo. David me desculpa eu...

- Eu quem peço...eu fui longe demais...

- Nós fomos...isso, não. Isso não pode e não vai acontecer de novo...isso é estranho...

- Eu...eu...

Estamos os dois ofegantes. Seu óculos jogado no chão.

- A aula acabou - falo - até...até depois...desculpa...

- Will...- ele sussurra.

Saio de cabeça abaixada. Não consigo olha-lo nos olhos.

Minhas mão tremem na hora de ligar o carro.

O que foi aquilo? O que fizemos? Eu beijei um garoto! Eu beijei um garoto...e o pior de tudo...eu gostei. Gostei muito mais do que quando beijo a Sue. Mas isso foi só uma experiência, não? Dois garotos héteros que estavam descobrindo coisas, não é?

Tentando colocar esse pensamento na cabeça, ligo o carro e vou embora.

Neve sobre o Ébano (Romance Gay) - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora