Capítulo 12

1.2K 175 18
                                    

Termino minha lição enquanto o Will folheia um livro, deitado na minha cama.

- Esse negócio de ler é legal...você consegue imaginar tudo.

- Não acredito que você nunca tinha lido antes.

- Eu não.

Ele deixa o livro de lado e me fita. Empurro o óculos para cima.

- Acho muito engraçado quando você coloca os óculos para cima, um engraçado fofo...isso não é estranho um cara falando para outro? Parece tão gay.

Meu coração acelera. Não seja homofóbico. Não seja homofóbico.

- Mas o que importa não é? Ser taxado de gay não é um xingamento nem ofensa...o que você acha sobre isso David?

- Eu acho que temos que prestar mais atenção nas nossas lições.

Ele continua a me olhar.

- Por que o Kevin não gosta de você? O que você fez pra ele?

- Eu não fiz nada! Tudo bem? Nada! Ele só me persegue porque é uma pessoa ruim! - grito.

Ele fica quieto.

- Acho que tá na minha hora - ele se levanta e me coloco a sua frente.

Coloco minha mão em seu peito, sinto seu coração bater. Nós fixamos o olhar um no outro.

- Não vá - falo baixo - tirando a Dana, você é o único outro amigo que tenho...

- Quem disse que somos amigos?

Aquilo me afasta dele.

- Tô brincando.

Ele segura minha mão e me puxa para um abraço. Seus braços fortes em torno de mim. O cheiro de suor misturado com seu perfume.

- Eu gosto de você sabia? Gosto muito.

- Mesmo? - falo contra seu peito.

- Mesmo.

Olho para ele. Meus olhos descem para seus lábios. Ele se afasta discretamente, sentando na cama.

- Por quê você não tem namorada David?

- Quero focar nos meus estudos...

- A Sue me faz focar em tudo...menos em estudos - ele pisca para mim.

Minha mãe bate a porta.

- Garotos? O jantar está pronto.

- Agora é sério David...preciso ir, ou minha mãe me mata.

- Podemos ligar para ela - fala minha mãe.

- Não precisa, mesmo, dona Evangeline.

- Fica vai - falo - janta com a gente.

- Vou ligar pra ela...

Mamãe arruma a mesa. Pela porta aberta da cozinha, vejo Will em uma conversa acalorada.

- Quem são os pais dele? - pergunta minha mãe baixo.

- Não sei...ele faz mistério quanto a isso.

Will entra em casa.

- Tá frio lá fora...bem, ela deixou.

No jantar, Will conta algumas piadas, fazendo a gente rir.

- Sua comida está maravilhosa Dona Evangeline.

- Não precisa dessa formalidade toda, me chame só de Evie.

Depois do jantar, deixo os três conversando e vou para porta de casa. Sento no primeiro degrau da varanda. Nas outras janelas famílias reunidas, felizes, sorrindo.

- Posso sentar? - Will pergunta.

- Claro.

- Raventown pode ser uma cidade antiquada...mas é um lugarzinho bom de se morar.

- Você acha?

- Sim! Muito melhor que a quente Los Angeles ou a barulhenta Nova York ou a iluminada Paris...

- Uau...você já esteve nesses lugares?

Ele parece envergonhado.

- Não...mas é o que parece. Vai no baile de inverno?

- Não tenho par...

- Posso pedir para Sue convidar alguma de suas amigas.

- Não...tudo bem, eu não gosto muito dessas coisas.

- Hummm, então eu vou indo. Até semana que vem.

- Até...

- Sabe David, se você fosse uma garota, você ia comigo - ele sorri - Tchau.

- Tchau.

Então ele se vai. Junto com minha esperança de um dia encontrar o amor.

Neve sobre o Ébano (Romance Gay) - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora