O carro para e uma senhora desce. A tempestade se resumiu a um chuvisco.
- Meu Deus...o que aconteceu? - sua voz está assustada.
- Liga para uma ambulância, polícia...qualquer lugar, mas liga por favor...foi... - não consigo mais falar nada.
Vejo que a senhora fala aceleradamente no celular, mas não consigo ouvir nada. Só consigo olhar para o rosto pálido do David.
Não sei quanto tempo se passa até a ambulância chegar.
- Salvem ele - suplico quando os enfermeiros se aproximam.
Fico sentado no chão enquanto vejo tudo. Eles colocarem o David na maca. A polícia buscando o corpo do Rafael.
A senhora se ajoelha ao meu lado.
- Você está bem? Rapaz?
- Me...me leva para o hospital?
- Qual seu nome?
- William...é...Will.
- Você está em choque.
- Choque?
- Sim...espera.
Vejo que ela chama um enfermeiro e conversa baixo com ele. Só sinto a picada tarde demais. Minhas pálpebras começam a se fechar e tudo escurece.
•
Tento abrir os olhos mas é difícil. A claridade machuca meus olhos.
- Ele tá acordando - ouço alguém falar.
Com muita luta abro os olhos. Uma mulher loira está sobre mim.
- Oi? Tudo bem?
- Acho que sim - falar dói - posso beber água?
- Claro - ela se afasta.
Levanto um pouco a cabeça e vejo minha mãe cochilando em uma poltrona.
- Mãe?
Ela se espanta e me olha assustada, correndo até mim.
- Will...quando me ligaram...eu fiquei tão preocupada...achei que você...
Ela me abraça e beija meu rosto sem parar.
- O que aconteceu?
- Te doparam amor...você estava em choque....depois de tudo que viu.
- Mãe...e o David?
Ela abaixa os olhos.
- Mãe...me fala por favor - suplico.
- Depois meu filho, depois...
A enfermeira se aproxima e me dá um pouco de água.
- Você tem...informações sobre David Whitewood? - falo com dificuldade.
Ela olha para minha mãe.
- Ele está estável...
- O que isso quer dizer?
- Ele está bem meu filho - fala minha mãe.
- E o Rafael? - falo na esperança de que ele tivesse só desmaiado.
- Ele já tinha falecido - fala a loira.
Meus olhos se enchem de lágrimas.
- Eu posso ver o David?
- Daqui a pouco - fala a enfermeira.
Quando já estava bastante bem, levantei e tomei um banho. Minha mãe me trouxe uma muda de roupas. Meu pai não deu atenção para o que aconteceu comigo. Ele quis até proibir minha mãe de vir me ver, mas ela bateu o pé.
Peço que a enfermeira me leve até o quarto do David.
Não posso entrar, então só o vejo por uma janela de vidro. Vários fios e tubos garantem sua vida. O médico que cuida dele se aproxima.
- Como ele está? - murmuro.
- Você é o quê dele?
- Amigo...eu quem o encontrei.
- Ele tem muita sorte de estar vivo e de você ter encontrado ele.
- Ele vai ficar bem mesmo?
- Não sei...ele está em coma.
Uma tristeza recobre meu corpo e lágrimas escorrem pelo meu rosto.
- Se ele sair dessa...não será mais o mesmo. Ele machucou uma vértebra importante.
- Como assim?
Ele toca meu ombro, seus olhos estão tristes.
- Eu temo que seu amigo nunca mais vá andar.
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Neve sobre o Ébano (Romance Gay) - Concluído
RomanceDavid é um garoto simples que passa seus dias estudando e no trabalho de meio expediente em uma lanchonete, para ajudar a mãe com as despesas, mas que vê tudo desmoronar a sua volta quando surge uma ordem de despejo na sua casa e ele é demitido. Wil...