Capítulo 45

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O carro para e uma senhora desce. A tempestade se resumiu a um chuvisco.

- Meu Deus...o que aconteceu? - sua voz está assustada.

- Liga para uma ambulância, polícia...qualquer lugar, mas liga por favor...foi... - não consigo mais falar nada.

Vejo que a senhora fala aceleradamente no celular, mas não consigo ouvir nada. Só consigo olhar para o rosto pálido do David.

Não sei quanto tempo se passa até a ambulância chegar.

- Salvem ele - suplico quando os enfermeiros se aproximam.

Fico sentado no chão enquanto vejo tudo. Eles colocarem o David na maca. A polícia buscando o corpo do Rafael.

A senhora se ajoelha ao meu lado.

- Você está bem? Rapaz?

- Me...me leva para o hospital?

- Qual seu nome?

- William...é...Will.

- Você está em choque.

- Choque?

- Sim...espera.

Vejo que ela chama um enfermeiro e conversa baixo com ele. Só sinto a picada tarde demais. Minhas pálpebras começam a se fechar e tudo escurece.


Tento abrir os olhos mas é difícil. A claridade machuca meus olhos.

- Ele tá acordando - ouço alguém falar.

Com muita luta abro os olhos. Uma mulher loira está sobre mim.

- Oi? Tudo bem?

- Acho que sim - falar dói - posso beber água?

- Claro - ela se afasta.

Levanto um pouco a cabeça e vejo minha mãe cochilando em uma poltrona.

- Mãe?

Ela se espanta e me olha assustada, correndo até mim.

- Will...quando me ligaram...eu fiquei tão preocupada...achei que você...

Ela me abraça e beija meu rosto sem parar.

- O que aconteceu?

- Te doparam amor...você estava em choque....depois de tudo que viu.

- Mãe...e o David?

Ela abaixa os olhos.

- Mãe...me fala por favor - suplico.

- Depois meu filho, depois...

A enfermeira se aproxima e me dá um pouco de água.

- Você tem...informações sobre David Whitewood? - falo com dificuldade.

Ela olha para minha mãe.

- Ele está estável...

- O que isso quer dizer?

- Ele está bem meu filho - fala minha mãe.

- E o Rafael? - falo na esperança de que ele tivesse só desmaiado.

- Ele já tinha falecido - fala a loira.

Meus olhos se enchem de lágrimas.

- Eu posso ver o David?

- Daqui a pouco - fala a enfermeira.

Quando já estava bastante bem, levantei e tomei um banho. Minha mãe me trouxe uma muda de roupas. Meu pai não deu atenção para o que aconteceu comigo. Ele quis até proibir minha mãe de vir me ver, mas ela bateu o pé.

Peço que a enfermeira me leve até o quarto do David.

Não posso entrar, então só o vejo por uma janela de vidro. Vários fios e tubos garantem sua vida. O médico que cuida dele se aproxima.

- Como ele está? - murmuro.

- Você é o quê dele?

- Amigo...eu quem o encontrei.

- Ele tem muita sorte de estar vivo e de você ter encontrado ele.

- Ele vai ficar bem mesmo?

- Não sei...ele está em coma.

Uma tristeza recobre meu corpo e lágrimas escorrem pelo meu rosto.

- Se ele sair dessa...não será mais o mesmo. Ele machucou uma vértebra importante.

- Como assim?

Ele toca meu ombro, seus olhos estão tristes.

- Eu temo que seu amigo nunca mais vá andar.

Neve sobre o Ébano (Romance Gay) - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora