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BLAKE GRAY

O que é que essa garota fez comigo?

  A pergunta ecoava em minha mente enquanto eu encarava o teto, deitado em minha cama, a cabeça latejando por toda bebida de ontem.
  Eu estava me sentindo péssimo por deixar Ariel a chamar de vadia. É claro que não falei com a garota depois do banho de vodka barata que Sam nos deu, mas ela não sabia disso.
  E droga... Eu não queria que Sam pensasse o pior de mim.
  Como se de repente eu me importasse com isso.
  Eu não podia me importar.
  Mas é difícil não me importar quando quero pegar o telefone a todo momento e simplesmente ligar.

  — Qual é a dessa cara de apaixonado, Gray? — Hunter estava sentado na cadeira do computador, rodando à meia hora.

  — Se você girar mais uma vez nessa cadeira, eu a jogo em você — eu disse e ele revirou os olhos.

  — O que deu em você, hein? — Perguntou. — Ah, esquece. Esqueci que agora você é um bobo apaixonado que sonha acordado.

  Hunter debochou e fiz um gesto vulgar para ele.

  — E quem disse que estou apaixonado pela Sam? — Semicerrei os olhos.

  — Eu não citei nomes, acredita? — Ele riu alto. — É, Gray. Você está apaixonado.

  Hunter ria histericamente. Grande amigo.

  — E eu achando que era pra ser o contrário — o fuzilei com o olhar.

  — Cale a boca, Hunter — ele levantou as mãos em forma de rendição.

  Quase liguei para Sam diversas vezes desde que ela foi embora da festa.
  Ela estava bêbada, mas eu tinha certeza que se estivesse sóbria, teria mirado a bebida em mim igualmente. Eu havia merecido.
  Eu nem mesmo havia ficado com Ariel no dia anterior, apenas conversávamos.
  Eu pretendia voltar para dentro da casa e procurar por Sam de novo.

  A campainha soou uma vez, mas ninguém atendeu. Na segunda vez, me levantei.
  Estávamos apenas eu, minha irmã e Hunter em casa, o que não era raro de acontecer.

  — O que faz aqui? — Perguntei ao ver Harvey.

  Hunter passava mais tempo aqui do que na própria casa. Já Harvey quase nunca vinha, apesar de termos a mesma amizade.

  — Oi, pra você também — Harvey franziu o cenho.

  — Harvey! Você chegou — Loren parou ao meu lado.

  Alternei o olhar entre ela e Harvey.
  Eles estavam se falando mais ultimamente, o que não tinha notado até o momento.

  — Mas que droga... Está saindo com a minha irmã? — Perguntei, com uma sobrancelha arqueada.

  Eles trocaram olhares rápidos.
  Não esperava que Loren viesse me falar algo sobre, mas o idiota de Harvey era o meu melhor amigo.

  — Ih, ele descobriu — Hunter falou, com uma careta.

  — Sim. Algum problema? — Harvey perguntou, simplório.

  Fechei a porta atrás de nós, deixando Hunter e Loren lá dentro. Semicerrei os olhos para ele.

  — Cara, a minha irmã? É sério? — Indaguei.

  Harvey tinha a reputação quase tão ruim quando a minha.
  Eu o conhecia a muito tempo, sabia que não tinha compromisso algum com qualquer garota.

  — Relaxa, Blake. É diferente com ela, não é como se eu fosse a fazer de boba — deu de ombros.

  — É claro que é diferente, é a minha irmã. Sabe que se fazer qualquer... — ele me interrompeu.

  — Cara. É sério. Fica tranquilo — ele respirou fundo, abrindo um sorriso. — Realmente gosto dela.

  O encarei por alguns segundos antes de respirar fundo e não o enforcar ali mesmo. Tentei suavizar a expressão para não parecer que iria o jogar na frente do primeiro carro que visse.

  — Se, de qualquer jeito, magoar ela, eu acabo com você — falei, calmo.

  Harvey levantou as mãos em forma de rendição.
 
  — Não vou. Juro.

  Loren e eu brigávamos metade do tempo que ficávamos juntos, mas eu não queria vê-la magoada.
  Antes de qualquer amizade, ela ainda era minha irmã mais nova.
  Principalmente pelo Harvey, já que eu sabia o quão babaca ele podia ser.

  — Blake, qual seu problema? —Loren falou assim que abri a porta, me dando um soco no braço.

  Ela e Harvey saíram, sem dizer mais nada.
  Olhei para Hunter.

  — Sabia disso? — Perguntei.

  — Foi mal, cara — deu de ombros. — Eu não sou fofoqueiro.

  Hunter ria. Ele estava se divertindo em ver aquilo e provavelmente não via a hora de isso acontecer.

  — Vai se ferrar — falei, revirando os olhos. — Você não tem casa não, Rowland?

  — Os amigos de Brandon estão lá. E meus instintos diziam que isso aconteceria hoje — disse, se referindo a Loren e Harvey.

  Uma parte de mim queria perguntar de Sam, mas não o fiz.
  Não ia dar a Hunter o prazer de falar que eu gostava dela mais uma vez.

  — Acho que a Sam não está lá — falou.

  — Eu não perguntei — fiz uma careta para ele.

  — Por puro orgulho — ele deu tapinhas em minhas costas. — Vamos lá ou não, bobo apaixonado?

  Eu não estava apaixonado.
  E não queria vê-la por isso, mas seria menos idiota se eu acidentalmente me encontrasse com ela na casa do meu melhor amigo.
  Só precisava garantir que ela não me odiava.

  — Você é insuportável.

[...]

  Sam estava lá e não deu a mínima para mim.
  Eles estavam prestes a começar um filme - Sam, Brandon, Joey e Lea - quando chegamos e Hunter disse que ficaríamos.
  Eu só falaria com Sam e provavelmente iria embora.

  Brandon, Lea e Joey estavam sentados no chão, Sam no sofá atrás deles e Hunter se jogou em outro sofá. Me sentei ao lado de Sam, que prestava atenção no início do filme.
  Ela me encarou por menos de um segundo quando me sentei ao seu lado.
  Eu não sabia o que falar, ou o que fazer perto dela as vezes.
  Então apenas a provocava.

  Quando estavam todos concentrados o bastante no filme para prestar atenção em um de nós, eu a chamei, recebendo um olhar entediado.

  — Me odeia por ontem? — Perguntei baixo, perto o bastante para que só ela ouvisse.

  Foi tudo o que consegui pensar para dizer.
  Ela demorou alguns segundos para responder, se virando apenas por tempo suficiente para dizer uma resposta simples.

  — Não.

  Soltei um suspiro de alívio que nem mesmo sabia que segurava.
  Talvez isso não durasse muito tempo.

[...]

  Atendi o telefone, confuso, ao ler o nome na tela.

  — Oi? — Eu disse, percebendo a preocupação em minha voz sonolenta, apesar de ter acordado.

  — Oi Blake — Sam disse, parecendo sem jeito.

  — São duas da madrugada — eu disse. — Você está bem?

  — Sim, eu estou bem, eu só... — ela não disse nada por um momento. — Eu não sei.

  Ela parecia bem. Disse que estava bem.
  Mas mesmo assim me ligou, aparentemente sem motivo.
  Não desliguei o telefone por um bom tempo.


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Xoxo, gabs <3

Perfectly WrongOnde histórias criam vida. Descubra agora