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  — Isso — eu concordei, o fazendo bufar ao voltar o olhar para a rua. — Eu não o conheço. Talvez seja exagero achar que ele faria algo mais, mas prefiro evitar.

  — Você fez certo — Blake resmungou.

  O olhei com os olhos levemente arregalados. Estava esperando por algo como "ele não faria isso" ou "não é esse tipo de cara nojento", não que concordasse.
  A ideia da possibilidade... Fez meu estômago se revirar.

  — Não estou dizendo que ele faria, é só que... Não o conheço bem. Mas não gosto dele ou confio — completou ao parar o carro em um sinal fechado.

  O fato de eu também não conhecer Blake a muito tempo passou por minha cabeça e me fez o encarrar. Eu estivera sozinha com ele mais de uma vez, podia confiar.
  O rosto ainda estava marcado por incômodo e raiva enquanto o garoto franzia o cenho e seu maxilar continuava contraído. Estava com os olhos concentrados na rua a sua frente e a pressão das mãos sob o volante havia diminuído.

  — Entendi.

  Blake parou o carro em frente a minha casa minutos depois de nossa última conversa e a chuva apesar de diminuir, ainda caía.

  — Obrigada por me deixar em casa — digo. Blake sorri fraco em resposta. — Onde estava quando nos encontramos?

  — Loren não conseguiu ligar o carro, e o deixou no shopping. Então fui buscar — deu de ombros. — Fica a algumas quadras da casa de Sean.

  De fato, havia um shopping ali. Era estranho eu encontrar justamente ele naquele momento. Uma sorte, com certeza.

  — Certo — eu disse, já abrindo a porta. — Te devolvo depois que secar.

  Ele voltou os olhos para o moletom que eu vestia, agora molhado em maior parte, mas ainda me mantendo aquecida e o esboço de um sorriso surgiu em seu rosto.

  — Tudo bem — um aceno de cabeça. — Até logo.

  — Até.

  Eu já estava do lado de fora do carro e o próximo passo seria fechar a porta, me virar e correr para me esconder da garoa que caía. Mas aquele sorriso me prendeu por mais alguns segundos, me deixando incapaz de me mover ou pensar ou falar. Droga, ele era lindo.

  — Acho melhor você entrar — ele disse. O sorriso ainda estava ali, agora maior, mas ele franzia o cenho. — Antes que se molhe mais.

  Certo. Ele tinha razão. O que diabos eu estava fazendo ali, parada como uma tola?
  Fechei a porta e me virei com um aceno, correndo até a entrada coberta da varanda de minha casa. Depois de achar a chave em minha bolsa e estar dentro de casa, o carro de Blake voltou a andar. Não havia ninguém em casa.

  Eu havia mesmo ficado e o encarado? Patético.

  Dentro de meu banheiro, quente e agora seca depois de um banho eu ainda pensava naquele sorriso e nos efeitos momentâneos que teve em mim.
  Coloquei uma roupa confortável e me joguei na cama.
  Sem mais o que fazer, fechei os olhos e dormi por horas.

[...]

  A semana havia passado rápido e logo já era sexta feira de novo e a última aula da semana havia acabado.
  Fui para o meu armário finalmente guardar os livros que carreguei a manhã toda.
  A semana havia sido normal na maior parte do tempo. Entendiante até.
  Sean não havia falado comigo depois daquele dia, nem mesmo se aproximado e agradeci por isso.
  Mas depois de pegar chuva, eu estava gripada. Dias depois eu já estava melhor, mas minha mãe não me deixava pisar fora de casa sem um guarda-chuva ou me aproximar de água desnecessariamente.

Perfectly WrongOnde histórias criam vida. Descubra agora