Dizer que Derek Morgan estava irritado era um grande eufemismo. Fazia cerca de duas horas que ele estava tentando contato com os integrantes de sua antiga equipe e não havia obtido nenhum sucesso. Nem sua Babygirl o atendia e isso o deixava seriamente dividido entre a mágoa pela traição e o medo de que ela estivesse em perigo.
- Vamos, Hotch, atenda a porra do telefone - ele disse irritado quando uma nova ligação foi para a caixa de mensagens.
- Você poderia falar mais baixo? - Morgan olhou na direção da cama mais próxima da porta e viu Spencer se mexendo desconfortavelmente, seus olhos estavam fechados e sua testa enrugada como se estivesse com dor.
- Ei, garoto - Ele não conseguiu evitar o sorriso aliviado. Seu amigo podia ter morrido duas vezes naquele dia. O pensamento o enjoava, especialmente considerando que a última vez era sua culpa - Como está se sentindo?
- Como se alguém estivesse martelando minha cabeça e esfaqueando meus olhos. - Spencer diz sinceramente, não havia motivo para fingir, ele já tinha escapado do hospital.
Derek fez uma careta e apagou a luz principal deixando apenas os abajures acesos. Assim que sentiu a luz diminuir, Reid abriu os olhos, não totalmente, mas o suficiente para enxergar seu entorno. Morgan pegou a cartela de Tylenol e uma garrafa d'água e entregou para o amigo que aceitou de bom grado.
- Você sabe, isso é karma por todas as vezes que você riu por eu estar de ressaca.
- Sua afirmação não faz sentido devido ao fato de que eu tive mais concussões ao longo dos anos que você teve ressacas.
- Confie no gênio com memória eidética para se lembrar de algo assim.
- Eu não tenho uma memória foto... Ei, espere, você disse isso certo.
Morgan riu
- Você tem divagado sobre a diferença nos últimos o que? Treze anos?
- Eu sei - A próxima declaração foi dita quase em um sussurro - Só nunca esperei que alguém tivesse prestando atenção.
Antes Derek pudesse responder a porta do quarto se abriu. A mão do ex agente mudou-se automaticamente para a arma em seu coldre antes de distinguir que as figuras paradas a porta eram Emily, Rossi e Hotchner. Os agentes entraram e fecharam a porta apenas no tempo para Morgan explodir.
- Por que diabos vocês não atenderam os telefones? Eu passei mais de duas horas tentando contato. - Ele olhou ao redor - Onde estão JJ e Garcia? - Ele olhou mais de perto para o ex chefe e viu manchas vermelhas em seu pescoço e colarinho. - Isso é sangue?
As palavras do policial alertaram Reid que se sentou reto na cama, percebendo imediatamente que havia sido uma péssima ideia quanto o quarto começou a girar.
- Acalme-se, Morgan - disse Rossi, apesar de suas palavras ele também parecia tenso. - JJ e Garcia estão bem.
- Garcia foi para seu quarto para pegar seu laptop, ela quer hackear o sistema de segurança do hotel para que possamos ficar de olho se algo suspeito acontecer. - Disse Emily - JJ está lhe fazendo companhia.
Isso era estranho, pelo que Derek conhecia de Penelope, e ele conhecia muito, ela seria a primeira pessoa a invadir o quarto para verificar Spencer. Ter um de seus amigos feridos era uma das ocasiões em que a mulher podia superar ele próprio no quesito "Entradas violentas". Morgan empurrou essa dúvida quando seus olhos encontraram uma nova mancha vermelha, dessa vez na camisa de Rossi. Antes que refizesse sua última pergunta o homem falou:
- Esse sangue não é meu - Os olhos de Morgan se voltaram para o chefe da unidade - Ou de Hotch.
- Vocês podem por favor parar de medir as palavras e dizer de uma vez o que aconteceu? - Os olhos do grupo se voltaram para Spencer que estava meio sentado na cama, sua cabeça apoiada na cabeceira e os olhos fechados. Os três agentes recém chegados trocaram olhares, tentando decidir quem começaria a falar.
- Hum... Garcia rastreou seu celular depois da ligação... - Hotchner viu a confusão no rosto de Reid e olhou para Morgan - Você não contou a ele?
- Ele passou a tarde toda dormindo... Eu não... - Morgan apertou a ponte do nariz por um momento, antes de se voltar para Spencer - O Unsub me ligou com o seu celular, eu não estava com você e achei que... - O ex agente apertou a mão em um punho tentando controlar a mistura de raiva e culpa que o enchia.
- Morgan ligou para Garcia, ela rastreou a chamada - Continuou Hotch percebendo a tensão na voz do policial - Ela me ligou e disse que localizou seu celular no Stanton Park. - Ele narrou todos os fatos terminando com o suicídio do garoto que lhe entregou o celular.
- Aquele filho da puta - Disse Morgan expressando o pensamento de todos eles. Era ruim o suficiente ter um unsub fazendo lavagem cerebral pessoas adultas para matarem e se suicidarem, mas tê-lo fazendo isso com crianças, de alguma forma, tornava duas vezes pior.
- O menino - Disse Spencer depois de alguns momentos de silêncio - Ele disse que havia um presente no meu celular. O que era?
Mesmo com a luz baixa Spencer e Morgan podiam ver as expressões sombrias que tomaram a face de seus amigos com a pergunta.
- Achamos uma reportagem salva como tela de bloqueio - Disse Prentiss - Era sobre um assassinato semelhante aos que estamos investigando, aconteceu cerca de duas semanas antes dos assassinatos em Chicago começarem.
- Onde? - Perguntou Morgan tendo a sensação de que já sabia a resposta.
- Las Vegas - Disse Hotch confirmando as suspeitas do homem negro
- Isso não faz sentido - Disse Morgan tentando convencer a si mesmo de que as palavras que o Unsub lhe dissera mais cedo não tinham o significado que ele estava pensando - Garcia pesquisou por casos semelhantes mais cedo e não encontrou nada.
- Talvez seja por que nunca fizeram o teste para descobrir se havia alguma substância no sistema do assassino ou por causa da vítima não ser de Las Vegas, ou talvez não esteja realmente relacionado. - Disse Hotch - Os crimes no entanto se parecem bastante. O assassino se entregou à polícia também e se suicidou no dia seguinte.
- Garcia fez uma nova busca com novos parâmetros e está esperando a resposta do sistema para casos semelhantes em todo os Estados Unidos - Acrescentou Emilly
- Quem era a vítima? - A voz trêmula de Spencer chamou a atenção dos demais ocupantes do quarto.
- Um homem de meia idade de Los Angeles, o nome era Thomas Merton - Disse Rossi
A pouca cor que havia no rosto de Spencer foi drenada com essa informação. Morgan não estava muito atrás, seu rosto estava lívido, não de surpresa mas de raiva.
Foi só através da reação de seus outros colegas que Rossi finalmente se lembrou da conversa que havia tido com Reid anos atrás depois que Maeve havia sido assassinada. A frase escrita no livro que ela lhe dera, Thomas Merton.
- Figlio di una cagna - Xingou o italiano atraindo a atenção de Emilly e Hotch - Não era um blefe, o Unsub é responsável pela morte em Las Vegas. - O olhar de Dave se voltou para o membro mais jovem da equipe - Ele está atrás de Reid também.
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Old Scars (Concluída)
FanfictionUma série de mortes em Chicago traz Morgan de volta à BAU em busca de ajuda para proteger a si mesmo e sua família de um Unsub que parece saber muito sobre o ex-agente. Com o decorrer das investigações, a equipe descobre que Derek pode não ser o ún...