Hotch, JJ e Rossi seguiram para o Necrotério assim que chegaram ao hospital. Havia uma jovem sentada nos bancos em frente as portas da sala de autópsia. Ela tinha os cotovelos apoiados nos joelhos e o rosto escondido nas mãos, ao seu lado no banco, estava um copo de água pela metade.
A mulher afastou as mãos do rosto ao ouvir passos. Vendo o grupo se aproximar e já sabendo de quem se tratava, se levantou. Hotch quase engasgou com a semelhança entre ela e o rapaz do parque. A mesma pele morena, os olhos negros e características latinas.
- Senhorita Amanda Ramirez? - Ele perguntou mantendo sua postura profissional e ela confirmou com a cabeça - Sou o Agente Especial de Supervisão Aaron Hochnner, esses são os Agentes Especiais de Supervisão, Jennifer Jereau e David Rossi - A mulher apertou a mão de todos sem dizer uma palavra.
O legista escolheu esse momento para abrir as portas duplas da sala refrigerada. Ele cumprimentou os membros da equipe e guiou Hoch e Rossi para dentro.
- Senhorita Ramirez - Disse JJ quando ficou sozinha com a mulher- Eu sei que é um momento difícil, mas gostaria de fazer algumas perguntas sobre seu irmão.
Amanda voltou ao banco e JJ sentou a seu lado esperando autorização para fazer as perguntas. Ambas ficaram em silêncio por um tempo.
- Ele era um bom garoto - A jovem tinha os olhos lacrimejantes - Ele nunca apontaria uma arma para alguém... Eu... Eu não entendo.
- É por isso que essas perguntas são importantes. - Jennifer segurou as mãos da mulher nas suas - Elas podem nos ajudar a descobrir o que aconteceu.
- OK - Amanda concordou por fim
- Você e seu irmão moravam sozinhos?
- Sim - Respondeu triste - Nossa mãe morreu há um ano. O pai de Gabriel queria levá-lo para morar com ele, mas o cara é um alcoólatra desgraçado. Sou só cinco anos mais velha que meu irmão, mas consegui a guarda sem muita dificuldade.
- Você notou alguma coisa diferente em Gabriel nos últimos tempos? - A mulher desviou o olhar com a pergunta e JJ soube que havia algo - Por favor, Senhorita Ramirez - Quando isso não pareceu funcionar, tentou novamente - Amanda, essa informação pode ajudar a descobrir o que causou isso tudo.
- É só... - Amanda respirou fundo antes de continuar - Depois da morte de nossa mãe, ele ficou estranho, se afastou de mim. Sei que é normal com toda a coisa do luto, mas esperava que voltasse ao que era com o tempo. Isso não aconteceu.
- Como foi essa mudança de comportamento?
- Matar aula, passar a noite fora, ficar o dia todo no quarto... Ele nunca foi assim. Tentei conversar várias vezes, mas não adiantou.
- As pessoas lidam com o luto de formas diferentes
- Sim, eu sei, mas não é só isso - Amanda mordeu o lábio antes de continuar - Cinco dias atrás, ele tinha saído e eu decidi arrumar seu quarto. Enquanto estava tirando o pó das coisas, uma caixa caiu da cômoda, os conteúdos estavam espalhados pelo chão. Entre eles havia um pacotinho com um pó branco.
- Cocaína? - A mulher confirmou com a cabeça - Eu o confrontei quando voltou para a casa. Brigamos, ele se trancou no quarto, no outro dia vi que ele tinha saído e levado a mochila, umas roupas estavam faltando. Aquela noite foi a última que vi ele antes de... - Seus olhos se voltaram para a sala a frente.
- Você tem alguma ideia de onde ele pode ter conseguido drogas?
- Eu perguntei, ele não quis me responder, mas a escola em que estudava não era exatamente um exemplo, ele pode ter conseguido na própria escola ou em algum lugar por perto, tem uns lugares barra pesada naquele lado da cidade.
- Ele tinha algum amigo? alguém próximo o bastante para que pudesse ter dito algo?
- Noah, - Amanda respondeu sem pensar duas vezes - Era a pessoa em que Gabe mais confiava, tentei conversar com ele nos últimos meses. Não funcionou.
- Você sabe o sobrenome dele? Talvez precisemos entrar em contato.
- Lennon, Noah Lennon
- Você sabe se esse rapaz tem algum familiar chamado Mark? - Perguntou Jennifer, se lembrando de uma das outras vítimas da droga hipnótica
- Não, vi Noah poucas vezes, nunca chegamos a conversar realmente
Jennifer assentiu e fez uma anotação mental para procurar uma relação entre os dois rapazes.
- Obrigada, Amanda - JJ se levantou, ainda segurando a mão da mulher - Eu prometo que faremos o possível para descobrir o que aconteceu com seu irmão.
Ainda com lágrimas nos olhos, Amanda forçou um sorriso. Um barulho metálico chamou a atenção das mulheres e elas olharam na direção da sala refrigerada a tempo de ver as portas se abrirem e Rossi e Hotch saírem parecendo abalados.
- Nós temos que ir - Disse Dave a JJ com um ar de gravidade - Morgan ligou
Eles se despediram brevemente de Amanda, antes de seguirem apressados para os andares superiores do hospital.
- O que Morgan disse? - Perguntou JJ enquanto seguia os outros dois.
- Savanaah e Hank desapareceram - Hotch tinha a expressão mais dura que de costume ao falar.
- Oh meu Deus - Exclamou a mulher sentindo seu coração gelar
- Reid acha que ela saiu por vontade própria - Acrescentou Rossi, antes que a mulher pudesse perguntar - Mas o celular dela ainda está na casa. Até agora ninguém conseguiu estabelecer contato.
- Morgan disse que este é o hospital em que ela trabalha. - Aaron explicou, olhando ao redor como se procurasse algo - Pediu para procurarmos alguém chamado, Owen Carter, é anestesista, e segundo Morgan, o melhor amigo dela.
JJ ergueu as sobrancelhas ao saber que Derek, sendo Derek, havia aceitado tão facilmente o fato de Savanaah ter um homem como melhor amigo. A situação no entanto era séria demais para fazer qualquer piada. Eles estavam a caminho da recepção, quando, ao passar pelo posto de enfermagem, viram Savanaah conversando animada com um homem alto e magro de cabelos ruivos.
Superando o choque inicial, os três praticamente correram para o lugar onde ela estava. Savanaah não parou de rir, mesmo quando viu o grupo invadir o posto de enfermagem. Sorriu educadamente para os agentes, como se tivessem se esbarrado em por acidente em um supermercado.
- Hotch, JJ, Rossi. Derek havia dito que vocês estavam na cidade. Muito tempo desde a última vez
- Savanaah - JJ apoiou as mãos em seus ombros - Você está bem?
- Eu estou ótima - Respondeu a mulher como se a pergunta fosse um cumprimento. Os três agentes se entreolharam sem saber como reagir. Olhando para o homem a seu lado, que ainda segurava Henry e tinha uma expressão confusa no rosto, a mulher continuou - A propósito, este é Owen. Owen, esses são os Agentes Hochnner, Rossi e Jereau do FBI. São amigos do Derek.
- Savanaah, o que você está fazendo aqui? - Perguntou Hotch - Morgan está desesperado achando que algo ruim aconteceu com vocês
- Eu não aguentava mais ficar trancada naquela casa - Savanaah pegou Hank em seus braços. -Precisava sair. Precisava de espaço. Derek só está sendo Super Protetor.
- Tem um serial killer atrás dele - Rossi tentou manter seu tom razoável e baixo, sem saber o quanto Owen sabia sobre o caso.
- Ele acha que tem. - Savanaah não parecia nem um pouco preocupada em manter a voz baixa - Sério, vocês realmente estão considerando algum tipo de droga hipnótica? Eu sou médica há anos, já vi pessoas morrerem de overdose e matarem, porque estão tão chapados que não sabem o que estão fazendo. Mas uma pessoa controlar outra, só porque ela cheirou um pó? Isso é ridículo.
- Na verdade isso é inteligente. - Disse JJ de repente, ela se virou para os dois membros restantes da equipe - Acho descobri qual a conexão entre os homens que cometeram suicídio
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Old Scars (Concluída)
FanfictionUma série de mortes em Chicago traz Morgan de volta à BAU em busca de ajuda para proteger a si mesmo e sua família de um Unsub que parece saber muito sobre o ex-agente. Com o decorrer das investigações, a equipe descobre que Derek pode não ser o ún...