- O Sr. Bridgerton está aqui para vê-la, milady. - anunciou o mordomo. - Devo dizer que a senhorita está indisposta?
Emma estava dedilhando algumas notas no piano até aquele fatídico instante. Parou de súbito, esforçando-se para não revelar seu profundo entusiasmo com a notícia. Não esperava vê-lo tão cedo. Ainda podia sentir a pressão dos lábios dele sobre os seus. Quando George a conduzira de volta ao camarote em completo silêncio na noite anterior, Emma temeu que ele tivesse se arrependimento de tê-la beijado. Foram os momentos mais apreensivos de sua vida. Não poder se infiltrar nos pensamentos dele e desvendá-los deixou à deriva no mar de emoções que a invadiram.
Oh, mas ela havia se preocupado à toa, aparentemente. Ele estava ali, logo nas primeiras horas da manhã, um sol tímido iluminando o céu. Será que ele estava ansioso por vê-la novamente?
- Eu irei recebê-lo. - informou ela, com ar de tranquilidade - Diga ao Sr. Bridgerton que descerei em um minuto. - fez uma pausa. - Não, melhor dizer que vou descer em
cinco.O mordomo assentiu e fez menção de se retirar.
- Espere! Creio que seja mais amável de minha parte descer agora mesmo.
Se o velho criado estranhou a atitude da filha do duque àquela manhã, manteve a impressão para si mesmo.
- Evidente, milady.
Emma seguiu os passos do homem pelo corredor quando foi confrontada com algo que havia considerado antes.
- Sr. Willians, qual Sr. Bridgerton veio me visitar? Ele é jovem?
- Sim, milady. É o Senhor George Bridgerton que pediu que fosse anunciado.Soltando um suspiro aliviado, Emma correu, literalmente correu, até o seu quarto, onde sua criada pessoal estava a dobrar seus vestidos. A mulher seria uma acompanhante mais que adequada. Era facilmente chantageada com uma fita ou um dos seus chapéus.
Ela respirou fundo antes de girar a maçaneta quando se conta que do outro lado da parede, George a esperava. Não teve muito tempo para se preparar para aquele momento, embora tenha sonhado incontáveis vezes com George a cortejando formalmente, lhe trazendo belas flores, solicitando sua companhia para passeios no Hyde Park. E, por fim, ele confessaria sua inegável afeição e a pediria em casamento.
Exibindo um belo sorriso, Emma entrou na sala, os olhos imediatamente foram em busca do homem por quem se apaixonara de maneira tão repentina e intensa. E lá estava ele, parado junto à janela, observando os prados que se amontoavam do lado de fora. Estava vestido com um terno de cor sóbria, que possuía um caimento perfeito sobre os ombros largos dele.
A visão de George quase ofuscou a presença do outro cavalheiro no recinto. Quase. Foi impossível não notar o enorme buquê que Lorde Ridwoof sustentava em seus braços. O olhar de Emma intercalou entre os dois homens na sala, sem entender o que se passava. O que o outro cavalheiro estava fazendo em sua casa?
George virou-se em sua direção assim que a notara. Ele fez uma reverência breve e muito polida. Trocou poucas palavras com Emma, apenas o estritamente indispensável. Foi Ridwoof quem assumiu o rumo da conversa, derramando todo seu charme sobre Emma, sem ao menos se importar em ser discreto. De tempo em tempo, ela encarava George mais demoradamente à procura de respostas, mas ele apenas permaneceu educadamente em silêncio durante toda a visita, meneando a cabeça quando sua concordância era solicitada.
Se George era tímido o suficiente para ser incapaz de visitá-la sozinho, deveria ao menos escolher um amigo mais leal para lhe oferecer apoio, pensou Emma, Lorde Ridwoof em todo era uma agradável companhia, no entanto, estava desvirtuando seu papel de ajudante, flertando com ela daquela maneira.
- Eu adoraria visitá-la novamente em breve, Lady Stonne. - Ridwoof declarou, galante. - Talvez possamos passear pelo Hyde Park quando seu pai achar conveniente. Se a senhorita desejar, é claro.
Emma olhou para George, antes de voltar-se para o outro cavalheiro. Sua mente estava confusa. Impossibilitada de formular uma resposta satisfatória, que dispensasse aquele homem com toda cortesia que lhe era devida, ela resignou-se a menear a cabeça e permanecer calada.
- La-lad-dy Stonne, Lorde Ri-Ridwo-of-of é um exce-celent-te bo-botâ-n-nico. E-le é ca-capaz de en-si-siná-la so-sobre qualquer espé-cie d-d-de plan-plant-ta.
A fala dele piorara demasiadamente. Ela nunca o ouvira falar com tanta dificuldade desde que o conhecera. Se o havia entendido perfeitamente ele estava exaltando as qualidades do homem sentado ao seu lado. E o propósito, que até então lhe era oculto, começara a surgir na mente de Emma. De repente, um pensamento a atingiu como um raio. Simon Strerging, Lorde Ridwoof. O marquês era o primeiro nome da lista que George fizera para ela.
Ó céus.
Ele não queria cortejá-la.
Ele estava planejando que o outro homem o fizesse.
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A linguagem do coração
Historical FictionAlerta: Se você ainda não leu O segredo de Colin Bridgerton da Julia Quinn, ou o segundo epílogo que a autora escreveu, esta história pode conter spoilers. Emma Stonne vive cercada de admiradores desde sua primeira aparição na sociedade. A combinaçã...