— Ela está de volta! — anunciou Nathalia Durbshire, com uma alegria incontida.
Os passos de George cessaram no mesmo instante, o único sinal evidente de que havia a escutado. Por um longo tempo, permaneceu em silêncio, enterrando bem fundo seus sentimentos, e apenas quando sentiu-se suficientemente tranquilo foi que perguntou:
— V-v-voc-cê a vi-viu?
Nathalia sorriu.
— Ainda não. Mas recebi uma missiva de Emma me convidando para o chá esta tarde.
Os dois estavam passeando pelo Hyde Park, aproveitando o primeiro dia de clima agradável e sol radiante que surgira depois de semanas de chuvas fortes e céu nublado. Agora George sabia o motivo. A natureza alterou-se por causa dela, para brindar sua presença.
— Ora, homem, diga alguma coisa! Você passou todos esses meses lamentando sua partida e agora ela voltou finalmente!
Havia verdade nas palavras de Nathalia. Os últimos meses tinham se arrastando dolorosamente.— E-e-e-e-eu est-t-t-tou fe-feliz que ela ten-n-n-nha retornado. — limitou-se a dizer e então seguiu seu caminho.
Aquele era um assunto de cunho particular.
***— Serei incapaz de descrever o brilho incandescente no olhar dele. — disse Nathalia.
— Mas posso afirmar que George não podia estar mais feliz com a notícia.Emma sentou-se ao seu lado no sofá, ansiosa. A criada acabara de deixar uma bandeja de chá sobre a mesa de centro. Ela inclinou e começou a servir à amiga.
— O que ele disse? Quais foram suas exatas palavras? — perguntou Emma.
— Oh, ele não parou de falar um único instante. Perguntou quando você havia chegado, quanto tempo ficaria em Londres, quais eram seus planos. Disse que está desesperado para vê-la.
Nathalia sustentou o sorriso enquanto observava o rosto de Emma iluminando-se. Talvez mentir fosse errado, mas decerto que ela não esperaria mais um ano até que aqueles dois se acertassem e seu amigo conquistasse a felicidade que tanto merecia. Um dia George iria agradecê-la.
— Eu quase tinha me esquecido — continuou ela. — George deseja um encontro.
Emma sorveu um gole de chá. A xícara tremulava em sua mão. Dia após dia, durante todo o período em que se manteve afastada dele, sonhava com o dia em que o reencontraria. O tempo apenas fortificara seus sentimentos por ele e agora ansiava que George estivesse pronto para aceitá-los.
— Diga a ele que irei. Não importa o dia e o horário, eu irei.
Uma hora mais tarde, Nathalia anunciava a um muito contemplativo George Bridgerton que Emma o convidara para um passeio na manhã seguinte.Ele estreitou os olhos verdes para ela enquanto esforçava-se para equilibrar o livro que segurava nas mãos.
— A id-d-deia foi de-dela?
Nathalia tossiu para disfarçar uma risada.
— Claro.
George ainda pretendia pressioná-la até que se certificasse que ela não mentia, não estava de todo convencido, quando seu irmão entrou na sala.
— O que os dois estão tramando? — indagou Thomas, o olhar curioso recaindo sobre a senhorita Durbshire.
Ela piscou inocentemente.
— Nada.
George a encarou.
— Qu-quero ac-c-creditar qu-que s-s-sim. — disse em um tom cheio de ironia.
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A linguagem do coração
Historical FictionAlerta: Se você ainda não leu O segredo de Colin Bridgerton da Julia Quinn, ou o segundo epílogo que a autora escreveu, esta história pode conter spoilers. Emma Stonne vive cercada de admiradores desde sua primeira aparição na sociedade. A combinaçã...