Forçando um sorriso, Emma suportou esperançosamente por grande parte da noite. Aparentemente, George não estava em canto nenhum. Ela já havia dado três voltas completas pelo salão e teve que ocultar sua frustação ao dar-se conta que sua noite fora um absoluto desperdício. Seu lugar era ao lado de seu pai, mas ela abdicara de sua companhia preciosa para estar ali, tramando contra o homem que amava. Talvez tenha sido o destino que os afastara aquela noite, uma forma do universo lhe mostrar seu engano.
Ou talvez não.
Seu olhar recaiu sobre as portas duplas do salão no momento em que George as atravessava. Ora, a senhorita Durbshire estava certa quando lhe informou que a família havia aceitado do convite para o baile daquela noite. Emma não se admirou com o fato dos olhos dele nunca cruzarem com os seus. Tampouco surpreendeu-lhe a distância que sempre parecia haver entre eles, por mais que se movimentasse constantemente pelo salão.
— Emma, querida, Thompson está vindo em nossa direção. Trate de ser graciosa. — tia Dothe aconselhou-a, alheia as maquinações distintas que cresciam no interior da sobrinha.
— Claro, titia. — concordou, esboçando um sorriso.
Com uma cortesia encantadora, ela dedicou seu tempo às atenções de Thompson, o que faria normalmente caso não estivesse apaixonada por outro homem. Era imprescindível manter ocultas suas intenções, então ela sorriu, conversou sobre uma infinidade de amenidades pelas quais não tinha o menor interesse e aceitou com dissimulado prazer quando o duque solicitou uma dança. Respirando fundo, quando ele se afastou, como se o ar estivesse mais leve em sua ausência.
— Oh, veja que sorte! O duque só tens olhos para você. — o sorriso de sua tia quase tomava todo seu rosto.
Emma disfarçou seu desânimo com a notícia.
— A senhora está exagerando, tia Dothe, o homem apenas foi amável como lhe é natural.
— Bobagem! — desdenhou a mulher. — Todos comentam que você em breve se tornará uma duquesa.
Não se Emma pudesse evitar.
— Não vamos nos precipitar, sim? — insistiu.
— Claro, claro. — tia Dothe uniu suas mãos com as da sobrinha. — No entanto, insisto que você me acompanhe a modista para vermos alguns tecidos, não podemos permitir que alguma dessas jovens case com um vestido mais bonito que o seu.
Emma limitou-se a assentir. Aquela conversa lhe causava arrepios ao imaginar o que sua tia diria quando descobrisse que não haveria tempo para um belo vestido, uma cerimônia suntuosa ou qualquer outra tradição elegante. Oh, muito pelo contrário, seu casamento certamente consistiria em uma celebração discreta e sem rompantes de alegria. E apressado, uma licença especial precisaria ser providenciada tão logo fosse possível.
Era assim que acontecia com casamentos antecedidos de escândalos.Já sentada à mesa durante o jantar, suspirou descontente. George sentara-se na ponta oposta da mesa, enquanto ela por ser a filha de um duque foi colocada em uma posição mais próxima do anfitrião. Disfarçando miseravelmente, ela lançava olhares furtivos na direção dele sempre que via uma oportunidade. O único homem de quem ela desejava estar perto, de quem almejava ouvir a voz estava cercado por pessoas que sequer demonstravam apreciar sua presença. Todos o ignoravam deliberadamente, exceto sua família, era de situações como essa que ele tentara alertá-la? Se fosse sua esposa, estaria sentada ao seu lado, recebendo o mesmo tratamento desdenhoso?
— Sr Bridgerton — chamou Emma, sua voz sobressaindo sobre as demais. Cristo, o que ela estava fazendo — Poderia gentilmente me esclarecer algo?
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A linguagem do coração
Historical FictionAlerta: Se você ainda não leu O segredo de Colin Bridgerton da Julia Quinn, ou o segundo epílogo que a autora escreveu, esta história pode conter spoilers. Emma Stonne vive cercada de admiradores desde sua primeira aparição na sociedade. A combinaçã...