12 - Aquele da memória

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Vi quando Sophia abriu os olhos e imediatamente fui tomado por um alívio imenso. Ela estava em coma há três dias, e além das cobranças do meu pai por ter sido um inútil não conseguindo sucesso nos nossos planos, eu já não aguentava mais dormir naquela poltrona desconfortável do hospital.

Ela parecia um pouco assustada e eu me senti muito culpado, porque afinal, eu havia sido responsável por aquele acidente. Por um milagre eu havia tido apenas alguns arranhões. Já a menina havia sofrido uma pancada muito grande na cabeça, deixando-a momentaneamente carente de qualquer traço de beleza com aquele rosto um pouco deformado.

— Onde eu estou? — ela perguntou me encarando um pouco confusa.

— Você está no hospital. Vou chamar o médico agora mesmo.

O médico surgiu do nada na sala, carregando uma prancheta nas mãos. Ele não pareceu muito interessado em examinar a recém-acordada paciente, porém, se aproximou dela.

— Como vai Sophia? Sente-se melhor?

— Eu não sei. Minha cabeça dói — ela levou a mão até o local enfaixado e fez uma careta. — Onde está meu irmão? Deveríamos estar indo para uma festa na casa da namorada dele hoje. Todo mundo sabe como o trânsito aqui do Rio é horrível.

Eu e o doutor nos entreolhamos e estava claro que havia algo muito errado naquilo.

— Sophia, nós estamos nos Estados Unidos — eu falei me aproximando.

— Quem é você? — ela perguntou observando atentamente meu rosto. Claro, com certeza ela havia se admirado com um homem tão lindo por perto.

— Acredito que temos um caso de perda de memória recente. Sophia se lembra apenas do que aconteceu até uma determinada data, provavelmente o dia dessa festa que ela deveria ir com o irmão — o médico informou e anotou algumas coisas no papel da prancheta. Fiquei impressionado com a habilidade dele de dar um diagnóstico com tanta precisão sem ser necessários mais exames. — Isso deve ser passageiro. Aos poucos ela retornará com suas lembranças.

Uma luz se acendeu na minha cabeça e logo quando o médico saiu, alegando deixar a paciente descansar, eu me aproximei da garota e evitei olhar no olho roxo dela, que a deixava bem estranha.

— Meu amor, não acredito que você se esqueceu de mim! Faça um esforço aí nessa cabecinha, você vai se recordar do quanto somos apaixonados pelo outro.

Sophia arregalou os olhos, com certeza constatando a sorte dela de ter um homem como eu ao seu lado, e umedeceu os lábios para falar, mas foi interrompida por aquele seu amigo chato e intrometido que parecia aparecer sempre nas horas erradas, só para atrapalhar minha vida.

— O que você disse? — ele perguntou e eu compreendi que havia escutado nossa conversa.

— Eu e Sophia nos amamos.

— E desde quando isso? — Theo indagou um pouco desconfiado.

— Nós tínhamos nos declarado, eu havia pedido a mão dela em casamento, ela havia aceitado e estávamos tão felizes que acabei me distraindo e fomos atingidos por aquela vaca que saiu do nada se colocando em frente ao meu carro.

— Isso é verdade? — Theo perguntou a Sophia parecendo magoado.

— Eu não sei, não me lembro!

—Claro que é verdade! Ela perdeu a memória, mas eu tenho certeza de que não se esqueceu disso.

Sem esperar reação de ninguém, aproximei meus lábios dos daquela menina e a beijei, tentando transparecer carinho e paixão naquele contato. Obviamente, eu já sabia que ela queria isso desde quando nos encontramos a primeira vez, então, não foi muito difícil convencê-la de que ela me desejava.

Quando nos afastamos eu vi suas faces coradas e pensei comigo mesmo que não seria muito difícil convencê-la a se casar comigo. Só precisava fazê-la acreditar no quanto nos amávamos e eu teria aquele maldito dinheiro na conta.

Quando me virei para mostrar para aquele fracassado que ele já era, para meu alívio, ele não estava mais lá. Estava satisfeito com as vantagens que aquele acidente haviam me proporcionado, quando ouvi a voz da menina do meu lado.

— Qual é mesmo o seu nome?

— Victor, meu anjo. Mas você me chama de amor da sua vida.

— Ah, sim. Victor, onde está meu irmão? — Ela se sentou na cama e parecia um pouco tímida.

Senti algo diferente ao observá-la. Ela parecia realmente ser inocente e diferente das outras garotas que eu conhecia. Então eu pensei que talvez aquele tivesse sido o primeiro beijo da menina. Me senti um pouco culpado e estranho por perceber que estava enganando uma jovem tão ingênua.

— Não conseguimos contato com ele. Ele não atende aos telefones, não está no seu apartamento. Parece que ele desapareceu. Uma tal de Zuleica disse que ele havia deixado um bilhete informando estar de viagem de férias.

Sophia mordeu os lábios, desconfiada, e eu tive pena, afinal, não deveria ser fácil acordar sem memória e sem saber onde estava. Sem saber o que falar, preferi alimentar a menina, porque afinal, nenhuma mulher resistia à comida.

— Você deve estar com fome. Quer que eu providencie uma coxinha e um guaraná para você?

— Tem isso aqui nos Estados Unidos? — ela parecia mesmo surpresa.

— Claro, querida! Tem o que você quiser!

... S2 ...

Ai, gente! Me deu uma dozinha do Theo! Poxa vida, tomara que ele não desista de lutar pela Sophia, né? 

Onde será que esse plano vai? E cadê o John?

Estamos fazendo tudo com carinho e esperamos que estejam gostando da estória. Vocês tem conseguido identificar os clichês dos livros? E as autoras que escrevem os capítulos? Garanto que estamos nos divertindo e brincando com nossos próprios enredos também!

Até me breve e beijinhos beijinho de luz!

A Cristã e o Bad Boy Americano: Da Aposta ao ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora