27 - Aquele da traição

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POV SOPHIA

Abracei Mandy com força. Eu precisava realmente de um auxílio naquele momento difícil. Não via meus amigos desde quando as aulas haviam terminado e me sentia solitária naquela mansão enorme. Quando minha amiga questionou se eu estava bem, desabei todas as lágrimas contidas durante aqueles últimos dias.

— Soph, você está me preocupando — ela afirmou ao ver como eu soluçava alto enquanto encharcava o colo dela com as águas salgadas saindo dos meus olhos. —Se acalme e vamos conversar.

—Ele... Ele está me traindo, Mandy! — falei sentindo a angústia por constatar meus erros novamente.

— Quem? O Victor? — ela indagou um pouco surpresa.

— Sim! Vocês estavam certos, esse tempo todo. Eu deveria ter ouvido você e o Theo! Victor é uma farsa! Ele nunca gostou de mim de verdade.

— Isso todo mundo sabia — Mandy falou um pouco irônica, mas, ao ver minhas lágrimas aumentarem, sentiu um pouco de pena da minha condição. — Soph, você viu ele te traindo?

— Não — murmurei negando com a cabeça e encarei o rosto dela um pouco embaçado. — Mas não tenho dúvidas.

— Como você pode ter certeza se não viu nada? Eu... Bem, acho que Victor não chegaria a esse ponto — ela falou um pouco desconcertada.

— Ele anda saindo quase todas as noites, passa horas fora de casa e me deixa sozinha na mansão. Na quarta, eu o questionei de seu atraso e ele me disse que estava no escritório, porém, eu havia ligado para lá e havia sido informada que ele tinha saído bem mais cedo.

— Mas que mentiroso cara de pau! —Mandy afirmou muito convicta. — O que mais?

— Ele desmarcou a festa de aniversário dele, alegando não estar se sentindo bem em relação a isso. Depois me disse que não queria ir à nossa festa de formatura. Toda vez que me aproximo ele reclama de algo sobre minha conduta, ou então, simplesmente se afasta com o olhar carregado de culpa. E para terminar, passa o tempo todo fora. — Eu limpei as lágrimas e murmurando disse: — Ele nem mesmo tem me beijado e quando vamos dormir, ele se afasta o máximo possível.

Mandy parecia um pouco perplexa. Eu, então, reconhecendo meu erro, contei envergonhada.

— Sei que a culpa é minha, já que não tenho cumprido meu papel de esposa. Mas aconteceu tudo tão rápido e eu realmente tenho medo de me entregar a um homem. — Sentindo as lágrimas retornarem, me esforcei para poder continuar. — Eu sofri muito no passado nas mãos de um garoto que dizia me amar e apenas queria me usar. Sei que eu e Victor estamos casados agora e a situação é diferente, mas eu ainda tenho muito medo.

— Você não... — Mandy interrompeu as palavras com vergonha. Eu neguei, confirmando as suspeitas dela.

— Eu estou me sentindo tão confusa. Não sei o que fazer, Mandy.

— Você deveria se sentar e ter uma conversa franca com seu marido. Só assim vai descobrir se ele está realmente te traindo ou... Ou outra coisa.

Respirei fundo e assenti.

— Vou tentar.

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Victor havia chegado tarde novamente naquele dia. Eu já estava na cama, deitada lendo um livro quando ele entrou no quarto. Ele me encarou, coçou a nuca e sem falar nada caminhou até o closet para trocar suas roupas.

— Estou exausto — informou, como sempre, deitando na cama o mais longe possível de mim.

— Senti sua falta. Aliás, agora que nossas aulas terminaram, eu estou me sentindo muito solitária aqui sozinha. — Me aproximei e arrisquei abraça-lo por trás. — Por favor, Victor, não me rejeite assim.

Ele ainda estava de costas e percebi a respiração profunda, antes de ele se virar.

— Eu preciso de um tempo para assimilar as coisas, Soph. Eu não quero mais mentir para você.

—Você está mentindo para mim? — questionei sentindo os olhos marejarem e minhas suspeitas se confirmarem. — Você tem outra mulher?

Ele arregalou os olhos, atônito e pareceu realmente comovido com minha dor. Para minha surpresa, ele me puxou para seus braços e me aconchegou ali.

— Não, Sophia. Graças a Deus, eu tenho me mantido fiel a você.

— Então porque, Victor? Por que você me afasta? Eu pensei que me amasse.

Ao perceber o olhar dele, constatei o óbvio. Victor nunca havia me amado de verdade. Então, como se tudo fosse um tornado de emoções, lembrei-me de todas as vezes que eu havia chorado ao ser rejeitada. Parecia que minha vida era uma constância de pessoas que apenas queriam me usar para depois me descartar.

Não havia mais meus pais comigo e meu irmão, além de um mentiroso, havia cuidado de mim apenas de olho na minha herança. Todos os garotos que amei, para começar o Felipe, da igreja, que apenas me usou, descartando meu coração logo depois de ter conseguido alguns beijos. Então, minha melhor amiga, que me apunhalou pelas costas ficando com o menino por quem eu era apaixonada. E agora Victor.

Eu nunca havia sido amada de verdade. Eu não sabia o que era amor. Todas as pessoas ao meu redor me tratavam como um ser desprezível e isso só me fazia enxergar o quão eu era realmente desprezível. Eu estava cansada de viver assim, dia após dia sustentando aquele sentimento horrível de me sentir um zero a esquerda.

Demorei a perceber Victor acariciando meu rosto e passando uma de suas mãos em minhas costas, tentando me consolar no meio daquele choro sofrido, vindo do mais profundo de minha alma.

—Me perdoe, Soph. Eu estou tentando fazer as coisas direito agora.

Eu o encarei meio perdida e fui surpreendida por um beijo doce e delicado nos meus lábios. E esse foi prosseguido de outro e de outro. Aos poucos fui me acalmando com o cuidado dele e me rendendo ao seu toque e beijos.

E, sem planejar, Victor me tomou para si e nós nos tornamos uma só carne.

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Já quero o próximo!

A Cristã e o Bad Boy Americano: Da Aposta ao ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora