25- Aquele que finalmente entendeu

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— Onde você vai? — perguntou Sophia quando me viu sentado no sofá da sala amarrando os cadarços do meu tênis.

— Sair — respondi monótono sem dar muita atenção pra ela.

— Perfeito! Eu já estou pronta — ela declarou e precisei piscar algumas vezes pra entender qual era a razão dela estar usando um vestido vermelho um tanto curto, eu diria, e muito, extremamente, chamativo. — Pra onde vamos, meu maridão?

Eu ergui a sobrancelha, estranhando o comportamento dela. Estaria, Sophia me provocando?

— Você ficará em casa e eu vou dar uma volta por aí — informei e quando levantei, ela correu até mim, enrolou seus braços em torno do meu abdômen e me apertou como se eu fosse um urso de pelúcia.

— Por favor, não vai! — Ela choramingou e eu revirei os olhos, pensando em quanto tempo mais eu precisaria aguentar as frescuras dela. — Você está saindo sempre, nunca me diz pra onde vai e eu preciso ficar aqui cuidando das coisas do seu aniversário.

— Posso contratar mais um funcionário pra cuidar da festa, já que a única tarefa feita por você nessa casa está te incomodando — rebati irônico estando a um passo de por a perder toda minha farça de marido perfeito.

— Está insinuando que eu não sou uma boa esposa, Victor? — ela perguntou e logo começou a chorar. — Só porque eu não faço nenhuma tarefa doméstica, nem sei fritar um ovo?

Olhei para o relógio, percebi o meu atraso para o compromisso e como suspeitei a discussão não chegaria a lugar algum.

— Foi mal, Soph. Você é uma boa esposa, sim. — Beijei a testa dela, teci alguns elogios melosos e todo aquele drama que mulher gosta, pra ela sair do meu pé.

— Aí Victor, você é tão maravilhoso! — Ela me beijou e eu retribuí, é claro. Eu até desistiria de sair se ela respondesse às minhas investidas, mas quando as coisas começaram a esquentar entre nós, ela se afastou como se eu tivesse alguma doença contagiosa. — Não estou pronta ainda — inventou a mesma desculpa de sempre.

— Eu cansei, Sophia! — declarei furioso e pegando as chaves do carro, saí daquele lugar. 

Entrei no carro e dirigi o mais rápido possível e sem pensar nos meus atos, estacionei em frente de uma boate onde eu costumava ir para desestressar e estava decidido a cometer uma loucura naquele dia.

Eu era bonito, rico e poderia ter qualquer garota a minha disposição. Por que, então ficaria dependente da boa vontade de Sophia?

Senti uma agonia dilacerante e algo me impediu de conseguir abrir a porcaria da porta e concretizar meu plano. Sim, eu tinha estacionado ao lado de uma árvore e seria impossível deixar o carro sem movê-lo para um outro lugar.

— Droga! — praguejei, pois exatamente naquele instante eu desisti de toda aquela besteira, principalmente quando avistei no banco do passageiro aquela bíblia que ganhei de presente, me encarando como se fosse um juiz pronto a bater o martelo e, com razão, me declarar como culpado.

Então, eu saí dos arredores da boate e fui para o lugar onde meu compromisso inicial aconteceria.

Cheguei ao Starbucks, deixei o veículo e caminhei com aquela bíblia na mão até o interior da cafeteria. Como esperado, Theo e Mandy estavam lá. Eu sabia que aqueles dois nerds gostavam de sair pra estudarem a bíblia juntos e aquela foi minha oportunidade de ouro.

Minha presença os assustou, e não foi por menos, porque eu bati a bíblia sobre a mesa onde eles conversavam.

— Victor? — Theo me olhou assustado. — Você está bem? Parece pálido.

— Quando fui naquele dia no estudo de rapazes e o pastor explicou como o coração do homem é desesperadamente corrupto e não pode se salvar sozinho, eu não entendi nada. Por mim, se eu não matasse, roubasse e fosse um bom cidadão, eu já era digno do céu. Mas, não... — Fiz uma pausa sentindo algo entalar na garganta. — Eu estou condenado, Theo. Meus pecados me condenam. Hoje, eu saí de casa, decidido a trair Sophia...

— Ah, seu cretino! Você traiu sua esposa?— Theo perguntou todo invocado, mas eu não me importei.

— Não, uma árvore não deixou — expliquei e vi o olhar confuso no rosto deles. — Mas, a questão é: eu preciso, desesperadamente de um Salvador.

A Cristã e o Bad Boy Americano: Da Aposta ao ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora