42 - Aquele do "quando isso vai acabar?"

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Victor narrando

Nunca pensei que poderia sentir tanto pesar por uma pessoa, a ponto de achar que meu coração havia saído do peito. Mas, sim, eu havia descoberto que o amor fazia isso e como marido, eu havia aprendido com meu sogro nos últimos dias em sua casa, era minha responsabilidade proteger o coração da minha esposa.

Era ela quem estava naquele instante chorando desesperada, trancada dentro do quarto. Eu estava meio chocado, uma vez que ela havia reagido tão bem ao reencontro com os pais, mesmo em circunstâncias tão caóticas. Nem mesmo quando eles revelaram toda a história por trás de todo o esquema minimamente projetado por meu ex-pai, Sophia tinha se deixado abater. Contudo, um belo dia, do nada, ela entrou em uma crise de choro compulsivo e não parou mais.

Eu precisava fazer algo, já estava preocupado com o bem estar dela e de nosso filho.

— Soph, me deixa entrar. Meu amor, não adianta se esconder, você precisa de mim ao seu lado.

— Vai embora, Victor! Me deixa sozinha — ela gritou e eu consegui perceber um grunhido sofrido e abafado. — Eu já estou acostumada a viver assim.

Senti um nó na garganta se formar. Imediatamente eu me lembrei de ter reagido daquela maneira diversas vezes ao sentir a falta da minha mãe.

Mãe...

Recordei que eu agora era um órfão, como Sophia sempre pensou que fosse. Deus! Eu nem tinha me dado conta de que não sabia quem era meu pai verdadeiro. E constatar isso me fez ter mais piedade da minha esposa. Ela estava enfrentando seus piores pesadelos e precisava de alguém ao lado dela.

Eu só precisava descobrir como derrubar aquela barreira que nos separava. Ou seja, a porta.

Sophia narrando

Minha vida nunca mais seria a mesma. Eu já não sabia, no meio daquela confusão, quem eu realmente era. Depois que meus pais me revelaram tudo sobre os anos que ficamos afastados — e eu não vou comentar agora, por que temos coisas importantes primeiro para contar —, eu reagi bem e até me surpreendi com a facilidade em aceitar tudo. Mas então, do nada...

Interrompo meus pensamentos ao ouvir um enorme estrondo. Vou até a janela e quando menos espero, uma mão asquerosa agarra meus cabelos e me puxa com violência para a varanda do lado de fora.

— Oi, bebê! Parece que você anda fugindo de mim, mas, enfim, poderemos acertar nossas contas.

Volta para o Victor narrando

Contei até três, puxei todo o ar possível para o pulmão, tomei distância, fechei os olhos e corri de encontro à porta, metendo o meu ombro na madeira. Mas tudo o que eu consegui foi sentir muita dor.

Maldição!

Repeti todo o processo e novamente a porta não saiu do lugar. Eu estava pronto para correr mais uma vez quando uma das crianças, irmã da Sophia, de quatro anos, me olhou com cara de incredulidade e desdém.

— Seria mais fácil usar a chave reserva, não acha?

Abri a boca, impressionado com sua sabedoria e ela revirou os olhos, se retirando. Massageei os ombros e me preparei para mais um golpe certeiro, quando ela retornou balançando uma chave nas mãos.

— Vocês, homens, são tão irracionais às vezes. Preferem partir para força bruta em vez de usar o cérebro. Fico abismada com tamanha falta de recursos neurológicos.

E, num passo firme, caminhou e me entregou a chave. Depois agarrou a sua boneca e saiu saltitante.

— Vamos tomar chá, Manuelinha?

Impressionado com a destreza da pequena criança, coloquei a chave na fechadura, rodei e abri de uma só vez.

Contudo, eu não estava preparado para ver aquilo. Sophia estava sendo arrastada pelos cabelos por um vulto preto. Um grito histérico da minha esposa me fez sair do choque e eu corri em direção a eles, toda a minha masculinidade palpitando em minhas veias, gritando que eu deveria defender minha mulher até mesmo com minha própria vida. Era essa minha função.

Quando alcancei a janela, a última coisa que eu vi foi Sophia sendo levada a força pelo jardim e algo parecido com uma panela vindo de encontro ao meu lindo rosto.

Poft.

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Oi, bebês! Sei que estamos demorando para postar os capítulos, mas estamos com dificuldades técnicas com internet.

Estamos entrando na reta final do livro! Preparem os cores!

A Cristã e o Bad Boy Americano: Da Aposta ao ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora