23 - Aquele da submissa

2.2K 355 285
                                    

Já havia se passado dez dias desde o meu casamento. Três coisas importantes estavam prestes a acontecer na minha vida: meu aniversário de 18 anos, nosso baile de formatura e minha posse na empresa de meu pai.

Tudo havia saído como o planejado. Meu pai havia se irado comigo quando soube da minha proposta, porém, sem saída, precisou aceitar minhas exigências. Eu havia descoberto que ele não tinha mais nenhum tostão na conta e estava envolvido em um enorme esquema de corrupção. Com todas as cartas do jogo em minhas mãos, ele não teve nada o que fazer além de aceitar renunciar a presidência da empresa e me colocar no lugar, sair de nossa mansão, onde eu viveria como o novo dono da casa e viver de uma mesada mensal que eu ofereceria. No dia seguinte da assinatura do contrato, ele já havia partido e iniciou os trâmites para nossa transição de cargo.

Eu confesso, estava nervoso. E, ainda por cima, havia Sophia.

Tudo bem, preciso admitir, eu sou homem e dormir com ela ao meu lado todo dia não estava sendo uma tarefa fácil. Ela não respondia às minhas investidas e eu estava achando que seria um homem casado vivendo do celibato a vida toda. Se ela não ajudasse, era impossível eu conseguir tentar ser fiel.

Ela me irritava. Era um saco ter ela no meu pé, sempre concordando com tudo que eu falava. Ela parecia não ter opinião própria, sempre submissa aos meus comandos, até mesmo quando eu perdia a paciência com ela. Deus, eu acho que me casei com um robô sem nenhuma perspectiva de identidade própria. A única hora que ela dava indícios de ser ela mesma, era quando tentava enfiar alguma coisa do Deus dela na minha goela abaixo.

E eu, como um bom marido que precisava do dinheiro dela, fingia estar realmente interessado.

— Nem acredito que eu vou para o culto com meu maridinho!

— Por favor, Sophia, eu já te pedi: não me chame assim. Isso põe abaixo toda a minha masculinidade.

— Ah, desculpa. Eu não queria magoá-lo — ela pediu e me irritou mais uma vez com seu abaixar de cabeça.

—Me chame de maridão e ficaremos bem.

Ela sorriu e eu me senti culpado. De novo. Já estava me acostumando com a ideia de me sentir um canalha toda vez que a via babando por mim. Porém, já estava feito. Eu não tinha outra saída.

Chegamos ao culto e ela fez questão de segurar na minha mão e me arrastar porta adentro, me apresentando a todas as pessoas presentes. Em certa ocasião, ela acenou para Theo. O rapaz estava sentado ao lado daquela garota bonitinha e acenou de volta. Precisava admitir, ele era um cara sério e direito. E parecia bem diferente da Sophia.

Não havia lugar para nós perto deles, então, nos sentamos mais distantes. O culto logo começou e uma música entoou no lugar. Todos se levantaram e eu, de braços cruzados em frente ao peito, comecei a reparar naquela bagaça. Um pouco depois o cara lá em cima do palco pediu para abrirem as Bíblias e Sophia me auxiliou. Acompanhamos um trecho da leitura e eu não entendi uma palavra.

Depois da cantoria toda, nós nos sentamos e o culto começou. Eu já havia projetado passar meu tempo pensando nas coisas da empresa, mas, de alguma maneira, o homem lá em cima — depois Sophia me explicou que era o pastor — conseguiu cativar minha atenção. Eu ouvi atentamente as palavras ditas depois da leitura de alguns versículos e aquilo, de certa maneira, me incomodou. Porém, eu não havia compreendido direito o sermão.

Depois do culto, Sophia me fez permanecer na Igreja para almoçar com os "irmãos", como ela dizia. Eu estava enfarado de tanto cumprimentar pessoas, quando consegui puxar minha esposa para um canto mais afastado onde começamos a comer um prato de feijão tropeiro com suco de maracujá.

— Soph, posso te fazer uma pergunta? — questionei e vi os amigos dela conversando animadamente em outro canto.

— Claro, meu amor! O que você quiser! Sempre farei tudo por você, porque eu te amo mais que tudo nesse mundo! Meu amor por você é imensurável!

— Claro, meu amor! O que você quiser! Sempre farei tudo por você, porque eu te amo mais que tudo nesse mundo! Meu amor por você é imensurável!

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Resisti a vontade de revirar os olhos. Quase desisti de fazer minha pergunta, porém, eu precisava de uma resposta. Eu sorri, fingindo também estar apaixonado.

— O que o pastor quis dizer quando falou sobre sermos justificados pelo sangue de Cristo?

Sophia quase engasgou com a bebida, me olhou com os olhos arregalados.

Sophia quase engasgou com a bebida, me olhou com os olhos arregalados

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Ah, bem... Eu também não entendi direito essa parte do sermão. Mas isso não importa, meu amor. Jesus ama você e eu também! Ele nos ama tanto, e você precisa apenas aceitar ele em seu coração. Se quiser, no próximo culto, podemos ir lá na frente para o pastor orar por você. Mas, sabe, fico feliz que você tenha se interessado pelo culto. Você viu que lindo o coral cantando? E também...

Ela seguiu e continuou comentando todas as coisas do culto, mas eu desliguei minha mente para o falatório sem sentido dela. Eu ainda estava curioso sobre aquela questão da justificação. Estava inquieto, como se aquela resposta fosse o que eu precisava para minha vida.

Então, eu percebi Theo nos olhando de relance e pensei:

"Por que não?"

S2 - S2 - S2 - S2 

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

S2 - S2 - S2 - S2 

Chuchuzinhas, o que será que vai acontecer agora?

Não sei, algo me diz que essa bagaça vai ficar séria!

Ah, chegamos a 5k de leituras e para nós é um amorzinho ver vocês lendo nosso primeiro livrinho em conjuntinho!

A Cristã e o Bad Boy Americano: Da Aposta ao ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora