"The ᴮᵒʸB̶e̶s̶t̶friends"

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Desde que acordei não parava de editar.

Minha manhã foi basicamente resumida essencialmente naquilo. Eu acordara por volta das onze horas e comi qualquer coisa para enganar a barriga. No dia das minhas edições eu não costumava cozinhar se tivesse algo mais prático para comer não tomando tanto o tempo do meu trabalho, era aquilo que eu comeria.

Minhas edições não paravam de modo algum. Eu tinha editado cinco minutos na noite anterior e naquela manhã já tinha editado mais sete. Faltavam pelo menos mais oito minutos e meio para editar ainda. Tinha sido quase vinte minutos de vídeo e eu sabia que não daria tanto assim na edição final, já que eu cortava algumas coisas do vídeo. Mesmo assim eu ainda acrescentava outras, então poderia acabar dando o mesmo que antes ou mais um pouco. Todavia eu não gostava de fazer vídeos muito grandes porque as pessoas não assistam. Muitas vezes nem abriam por preguiça de assistir sem ao menos ver o conteúdo antes de sair do vídeo. Aquilo era completamente ruim para o meu canal. Visualizações baixas era igual a distância do meu sonho de divulgação do meu canal e a fama só ficava cada vez mais longe de mim.

Quando finalmente vim conseguir terminar de editar o vídeo, eram duas e meia da tarde. Postei no minuto em que findei. Esperei algum comentário para responder. Respondi alguns e logo depois fechei meu notebook dando um tempo para respirar. Fiquei deitado no sofá olhando para o teto no silêncio total. Não pensei em nada e nem quis. Por um momento tudo o que eu apreciei foi o som majestoso do completo silêncio, que naquele momento pareceu uma música da mais solene suavidade aos meus ouvidos aptos.

Logo meu celular começou a tocar bem alto. Era uma das poucas vezes que eu não o deixara no silencioso. Depois que fui demitido passei a deixá-lo no modo "som" sem me importar, já que eu praticamente não saía de casa, portanto não precisava me preocupar se ele ia tocar alto ou não, afinal eu estava na minha casa de qualquer modo. Só me irritaria se ele tocasse na hora que eu estivesse naquele sono mais gostoso. Certamente que não gostaria daquilo. Já havia acontecido algumas outras vezes e eu não reagi da forma mais paciente. Nunca acorde alguém no meio de seu sono e também nunca tome comida de alguém. Caso você faça isso, prepare-se para lhe dar com um ser humano altamente selvagem.

Caminhei até a mesa do notebook, onde estava o meu celular. Ele tocava sem parar e o som ficara ainda mais alto devido ao abafado que o fome por onde saía o som, estava sofrendo. O celular também vibrava e já até começara a andar para à frente, o que me fez acelerar meus passos em duas vezes mais. Peguei o celular e vi que se tratava de uma ligação com um número desconhecido. Fiquei um pouco receioso de atender. Talvez fosse um engano ou até mesmo alguma cobrança. Decidi que atenderia. Eu não estava devendo nada, nem tinha um cartão de crédito e nem uma conta no banco, sendo assim não tinha nada a temer.

Cliquei em atender.

Dou outro lado uma voz rouca e passiva ecoou. Demorei alguns instantes para perceber se era uma voz masculina ou feminina pelo tom fino e aveludado que dificultava ainda mais na minha percepção que já não era tão aguçada quanto eu desejava. A voz parecia vir de alguém jovem. Imaginei alguém novo, por volta de seus vinte e tantos anos depois que ouvi o "alô" falado pela pessoa do outro lado da linha. Eu reconhecia aquela voz de alguma maneira, mas não sabia como. Quem era? Não podia imaginar! De uma coisa eu sabia. Já tinha ouvido aquela voz em algum lugar. Tentei relacionar com as vozes dos meus amigos, mas de nada adiantou. Sentia familiaridade na voz, porém não sabia o porquê daquilo, já que não me lembrava da onde conhecia.

― Procuro o Max, do canal Maximizando! ― disse a voz do outro lado da linha.

― Sou eu mesmo! ― disse depois do meu momento de confusão.

― Aqui quem fala é o Pedro Castanhal.

Minha mente sofreu uma explosão. Era quase como se a eclosão estivesse realmente acontecendo de fato não apenas figurativamente falando. Senti uma corrente fria subir abruptamente pelo meu corpo. Não podia acreditar no que estava acontecendo. Me dei um beliscão só para ter a certeza de que eu não havia dormido no sofá e aquilo não passava de um mero sonho.