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Eu estava um pouco nervoso.

Me arrumando ali no meu quarto de frente para o espelho do guarda-roupa, eu sentia o meu coração palpitar com intensas batidas desenfreadas. Andrew e eu não estávamos namorando de verdade, mas os pais dele não sabiam disso. Me sentia como se tivesse indo ser apresentado oficialmente como o namorado de Andrew e de certa forma meu peito gritava a cada batida.

Quando estávamos firmando o acordo de cooperação, constituímos claramente o não envolvimento das nossas famílias, mas foi algo meio que aconteceu. Quanto menos contato nossas famílias tivessem, seria melhor quando decidissemos que iríamos terminar. Faltava cerca de pouco menos de um mês para o contrato expirar e nós terminarmos definitivamente com aquele namoro de fachada. Já havia se passado quatro meses e algumas semanas desde o início da prática de nosso plano.

Quando se fala de meses, se passa um filme nas nossas cabeças de um longo período de tempo. Às vezes, um mês de espera parece ser uma eternidade, quanto mais cinco meses. Eu achei que esse tempo passaria mais devagar do que realmente passou. Agora via quanto tempo já havia se passado na minha vida sem que eu nem ao menos percebesse. Já estávamos em dezembro no dia exato do natal.

Na minha memória, tudo parecia ter começado ontem mesmo. Quase não podia imaginar que já era Natal. Ainda podia me lembrar do ano novo do ano passado e já estava ali novamente, presentes a viver a mesma cerimônia novamente. Como o tempo parecia correr freneticamente em sua órbita.

Já era quase oito e meia da noite. Deveríamos estar por volta das nove horas presentes na casa de Andrew para a ceia de natal. Meu nervosismo por aquele acontecimento simplesmente não passava. Tentava afastar aquele sentimento de mim, mas não conseguia obter nenhum êxito, então comecei a me questionar do porquê estava me sentindo daquela forma. Acho que o fato de ter que mentir para toda a família de Andrew naquela noite era o que me fazia realmente me sentir daquela forma.

Estou com a porta do quarto aberta quando ouço mamãe gritar da sala para que eu cuidasse para não nos atrasamos. Eu já estava praticamente pronto, mas gostava de fazer tudo com paciência sem me importar em cumprir o horário, ou seja, gostava de me atrasar. Terminei de me perfumar e por fim resolvo atender aos chamados de mamãe.

Quando chego na sala, mamãe e Manu fazem um gesto de gratidão aos céus. Eu reviro os olhos dando um meio sorriso. Mamãe vai até a cozinha e pega a rabanada que já está pronta em cima da mesa em uma tigela coberta por um pano de prato. Eu havia ficado o tempo todo na cozinha de prontidão enquanto mamãe fazia a rabanada. Eu ajudei no que ela precisava enquanto ela me explicava passo a passo de como fazer aquele prato.

Já com tudo certo, partimos rumo a casa dos pais de Andrew. Andava a rua conversando com mamãe e Manu. No meio do caminho pedi para levar a rabanada e mamãe concordou. Com muito cuidado carreguei o prato pelo resto do trajeto até a casa de Andrew.

Já fazia algum tempo que eu não ia mais até a casa dos pais de Andrew, portanto mamãe estava como a guia oficial do trajeto. Depois que Andrew se mudara para São Paulo, não via mais a necessidade de ir até aquela casa. Numa soma total, já fazia praticamente quatro anos que não passava nem ao menos na rua dele para nada, até porque depois eu também havia me mudado para São Paulo em busca dos meus sonhos.

Assim que chegamos na casa dos pais de Andrew, uma vaga memória me atingiu em cheio daquele lugar. Estava um pouco diferente de quando estive ali pela última vez, mas não a ponto de estar completamente irreconhecível. Antes a casa dele tinha um portão de ferro gradeado, mas agora havia um outro portão de ferro completamente fechado. Agora havia uma campainha na parede devido ao portão todo fechado o que era o mais racional a se fazer, tendo em vista que a partir dali a casa estava toda isolada ao mundo exterior. A casa nem ao menos era pintada mais da mesma cor. Antes sua cor era bege, porém agora, estava totalmente marrom. Sem sombra de dúvidas eu não reconheceria mais a casa caso viesse sozinho até ali.

"The ᴮᵒʸB̶e̶s̶t̶friends"Onde histórias criam vida. Descubra agora