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Já era noite de ano novo.

Andrew e eu fomos até a programação que estava tendo na praia do Popeye, a virada show, que contava com Dj, bandas e cantores para alegrar a pequena cidadezinha, já que a prefeitura contava com a presença de mais de 30 mil turistas naquele ano para o réveillon.

Assim que chegamos lá o show estava por conta dos brutos sertanejos que cantariam durante a virada do ano. Ali na praia, tinha uma quantidade considerável de pessoas curtindo o show. Andrew e eu nos misturamos em meio a multidão. Pude ver algumas mulheres e homens dançando com uma lata de cerveja na mão, assim como também vi casais dançando colados.

No meio da multidão pude ver também rostos conhecidos. Juca, que estudara com Andrew e eu, nos viu e se aproximou, trazendo consigo uma galera da nossa nostalgia. Com ele estavam o Belo, a Laurinda, o João, a Carminha, Fátima, Galeto (Matheson), Fiona e o Farofinha (Carlos). Também se aproximou outro cara que eu não conhecia, mas que aparentemente estava junto com eles.

― Olá pessoal! ― digo empolgado fazendo questão de dar um abraço em todos.

Andrew fez o mesmo. Assim que chegou a vez do homem que eu não conhecia, lhe dirigi um sorriso cortês.

― Oi, me chamo Max! ― digo para ele. ― Acho que não nos conhecemos.

― É claro que nos conhecemos! ― fala o homem com total convicção nas palavras, o que me faz pensar da onde ele me conhecia.

― Você estudava na mesma escola que a gente? ― pergunto achando que só poderia ser isso.

― Claro!

― Ah, então você me via lá o tempo todo não é mesmo?

― Sim. Estudávamos na mesma sala.

― Sério? ― indago fazendo uma careta, tentando achar algum traço seu que me viesse à memória, mas não estava conseguindo obter nenhum êxito naquilo.

― Sério! ― ele responde com uma risadinha.

― Ai desculpa, mas não estou conseguindo me lembrar de você cara, me desculpa mesmo!

― Relaxa, talvez você consiga se lembrar de mim pelo meu nome de verdade. Eu costumava me chamar Emília.

― O quê? ― interpelo estupefato. ― Emília? Não brinca!

O homem ri. Andrew estava ao meu lado escutando tudo e os amigos fitavam nossa conversa em silêncio o tempo todo, mas agora riam juntamente com o garoto, enquanto eu ficava completamente constrangido pela vergonha que acabara de passar. Pareciam até que todos ali tinham combinado me pregar essa peça.

― Caramba, você mudou pra caramba! ― diz Andrew impressionado.

― É, eu entrei na dieta do Thammy Miranda! ― diz ele fazendo piada da situação. ― Agora me chamo Emílio!

Como eu podia não ter notado pelos olhos de Emílio? Ainda eram os mesmos. Aqueles olhos castanhos profundos com um brilho especial que outras pessoas não poderiam ter. Acho que eu deveria ter focado em seus olhos e lembraria no mesmo instante quem era. Seu olhar era unicamente inconfundível, mas eu consegui confundir. Eu era o maior idiota do mundo mesmo.

― Tá um gato! ― comenta Andrew por fim dando um sorriso.

Emílio dá um soquinho no braço de Andrew em agradecimento pelo elogio. Finalmente destravo e dou uma risadinha nervosa para tentar abafar aquela vergonha. Juca percebe todo o meu constrangimento e fala:

― Relaxa cara, todos que não sabiam da transição do Emílio cometeram o mesmo erro!

― A gente só queria mesmo ver se você ia conseguir reconhecer! ― Fiona rindo.

"The ᴮᵒʸB̶e̶s̶t̶friends"Onde histórias criam vida. Descubra agora