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Meu sonho estava prestes a se realizar.

Naquela tarde, saí para tentar colocar alguns currículos à fim de tentar arranjar algum emprego. Como ia me sustentar daquela maneira? Eu sabia que Andrew manteria à casa por algum tempo, mas tinha que comprar as minhas coisas também. Ele não ia me sustentar no quesito roupas, calçados e caprichos. Ele não tinha nenhuma obrigação comigo.

Maldita hora que fui perder o emprego!

Eu tinha que confessar que tinha certa culpa no caso. Quem mandou eu gritar com aquela senhora? Eu tinha que ter a consciência de que estava no trabalho e precisava manter a minha postura como atendente. Ela era uma cliente, apesar de tão desbocada e chata. Era a minha obrigação ignorar qualquer tipo de xingamento dela contra a empresa. Tinha que fingir que não eram para mim e de fato não eram no começo. Só depois ela começou a me xingar por não estar fazendo nada sendo que eu não fazia nada porque ela não parava de xingar tudo e todos e não me falara a situação.

Precisava arranjar um novo emprego como nunca. Precisava alimentar o burguês que havia dentro de mim. Precisava de dinheiro. Me lembrei de quando eu era mais jovem e falava que ia entrar no ramo da prostituição quando estava sem dinheiro para nada. Um pensamento que podia ser considerado caso eu não arrumasse um emprego de verdade. Logo afastei aquilo da minha cabeça. Era uma besteira minha.

O ônibus continuava seu curso. Não estava tão perto assim de eu descer. Olhava as imagens da rua que passavam pela janela do ônibus. Via as pessoas vagando pelas ruas. Via carros e motos transitando pela pista junto do ônibus. Via prédios, casas e árvores naquela região da cidade. Só pensava em chegar logo ao meu destino e ver se o local que eu iria, recebia currículos em mãos. Alguns locais optavam por currículos online, o que era mais prático, porém ainda gostava de entrar um currículo físico para ficar na mesa do responsável. Talvez por te um currículo físico meu, fosse chamado mais rapidamente. Talvez não. Talvez fosse para a lixeira. Não me importava. Mandaria online também para ter duas vezes chance de não ficar desempregado.

Se ao menos o vídeo que eu havia postado tivesse repercussão, começaria uma nova fase na minha vida. Poderia em fim começar a ganhar dinheiro com o YouTube. Mesmo assim, ainda ia querer ter um emprego para garantir uma renda ainda mais alta para mim. Nada era certo.

Eu ainda não havia visto o andamento do vídeo desde que o postara na noite anterior. Poderia estar com uma visualização ou um milhão. Todavia estava com medo de abrir e me decepcionar logo de cara com o progresso que poderia não estar indo da forma que eu queria. Estava dando um tempo primeiro. Quanto mais eu demorasse a ver o andamento do vídeo naquele dia, mais sabia que teria um número considerável de visualizações. Esperaria até de noite para ver como iam as coisas.

Logo um pensamento invadiu a minha cabeça. A lembrança de mim e Andrew gravando aquele vídeo para o canal. Fora até bastante divertido. Rira bastante enquanto fazia aquela gravação. O único momento em que tudo ficou mais sério, foi no momento do nosso beijo. Para falar a verdade sobre o que eu senti ao beijar Andrew, achei tudo muito estranho. Era muito esquisito o fato de eu estar beijando na boca o meu melhor amigo. Nós éramos como irmãos e aquele beijo era como um incesto para mim. Não foi o que eu senti no momento, mas achei estranho apenas. Aquele pensamento fora acrescentado naquele mesmo momento.

Havia uma razão para eu e Andrew não termos namorado em momento algum na nossa juventude. Era porque eu e ele éramos os melhores amigos. Nosso sentimento um pelo outro era de pura irmandade e isso sempre ficara bem evidente entre nós. Eu sempre fiz o tipo mais promíscua, porém nunca olhei com outros olhos para Andrew. Nossa relação de amizade era tão perfeita, que não queria estragar isso com sentimentos de namoro que poderiam vir apenas para estragar a linda amizade que nós construímos ao longo dos anos. Fora o fato de que ele e eu quando nos descobrimos, estávamos gostando de outros caras. Eu do Ricardinho, que até hoje me arrependo amargamente de ter aberto aquela porta do banheiro e visto ele se tocando com uma cara de puto safado, e Andrew namorava com um garoto que trabalhava na mercearia da esquina. Eu encobria ele e ele me encobria. Como nossa amizade era antiga e nossos pais confiavam na gente, nunca nem desconfiavam daquilo que aprontávamos.

"The ᴮᵒʸB̶e̶s̶t̶friends"Onde histórias criam vida. Descubra agora