Boa leitura!
~♡~
24 de Maio de 1999
(14:28)
— Mamãe? - entro no quarto - cadê você?
Olho pros lados e suspiro, sento na cama balançando as pernas.
— Chul? O que tá fazendo aqui? - Papai entra pela porta me olhando de cima abaixo.
— eu tô procurando a mamãe. Onde ela foi? Eu tô com fome - abaixo a cabeça.
— ela saiu. Disse que ia no salão - ele se senta ao meu lado e acaricia o meu cabelo - está com muita fome?
— Sim,o senhor pode fazer algo pra mim comer? Por favor papai? - o encaro.
— hm... - ele parece pensar - acho melhor não,dá última vez eu quase explodi a cozinha - ele ri.
— é mesmo! Mamãe brigou com você! - rio.
— vamos brincar enquanto sua mãe está fora ok? - ele sorri.
— Tá! De que?
— esconde-esconde! - ele levanta e me olha animado - olha você vai se esconder em algum canto da casa e eu vou te procurar. Pra você ganhar terá que ir até o seu quarto e tocar na parede três vezes! E se ganhar farei o que você quiser. Mas se eu te achar fará o que eu pedir!
— Tá! - me levanto - Vai! Começa agora! Vai contar papai! - corro em direção à qualquer cômodo enquanto escuto papai contar alto. Chego na cozinha e olho pra todos os cantos, não encontrando nenhum lugar bom. Corro pro banheiro e vejo que em baixo da banheira tinha mais ou menos uma passagem que,imagino eu, seja onde mamãe guarde os produtos pra limpar a banheira. Sorrio e entro em baixo da mesma.
Quando relaxo,escuto papai parar de contar. Fico atenta e olhando de canto de olho para a porta. Escuto papai passar em frente a porta e sorrio animada. Saio de baixo da banheira e abro a porta com cuidado. Olho para os lados e percebo que papai já foi. Rio baixo e em passos apressados e cuidadosos vejo a porta do meu quarto, corri até a mesma e abro a porta.
— ACHEI VOCÊ! - papai me pega por trás me fazendo cócegas.
— Papai! Para! - rio animada e tentando escapar - p-papai!
— eu ganhei!
Faço bico e cruzo os braços o encarando.
— isso é injusto! - bato o pé no chão com força.
— sem birra mocinha!
— desculpa papai,então o que o senhor vai me pedir? - sorrio.
— ó eu quero brincar de boneca e a minha boneca vai ser você!
— oh! Vamos! Vamos! - dou pulinhos animados e puxo papai pela mão entrando em meu quarto.
— espera! Mas antes quero que me prometa uma coisa - ele me vira e eu o encaro.
— tá bom papai! Pode falar - sorrio.
— me prometa que não dirá pra ninguém o que aconteceu aqui tá bom? Tem muitas pessoas que não gostam que homens brincam de bonecas. Acham isso feio, me promete? - ele acaricia meu rosto.
— Prometo papai! - o abraço e dou um beijinho em sua bochecha - agora vamos brincar logo!
— Claro. Vamos.
[...]
— Filha! Cheguei! - escuto a voz da mamãe e me levanto do sofá, andando até ela - filha você está bem?
Encaro papai sentado no sofá e ele assente pra mim, encaro mamãe novamente.
— sim Mamãe. Eu...tô bem - ela sorri e faz carinho em meus fios, logo vai pra cozinha guardar as compras. Encaro papai novamente.
— Chul Moo vem aqui - estremesso e vou até ele em passos lentos e encarando o chão. Sinto ele me pegar pela cintura e me colocar no colo, meus olhos se enchem de lágrimas e eu volto a tremer - se contar algo,terá consequências. Está me ouvindo?
— sim papai - digo com minha voz embargada, tentando segurar o choro.
— está tudo bem? - mamãe entra pela sala, nos encarando com curiosidade.
— sim querida, Chul Moo só caiu enquanto brincava, mas ela já está bem. Não é Chul Moo?
— Sim mamãe - a encaro enquanto limpava minhas lágrimas e passo meu olhar para o rosto de papai - Eu aguento.
Ele sorri e mamãe fica um pouco confusa mas parece não se importar muito.
— Chul por que não vai ver como S/n está? Ela estava te procurando quando eu cheguei!
— claro mamãe - me levanto e vou diretamente para a porta,dou uma última olhada pra papai que está sorrindo feito bobo. Encaro mamãe e ela sorri pra mim fazendo um gesto pra eu ir. Suspiro e abro a porta. Bato a mesma com força e olho pro quintal do lado. A casa de S/n.
Ando até a mesma e lá estava ela. Junto de sua irmã Sun Hee. Ela não parece ter me visto. Vejo a porta se abrir e paro. O pai dela se abaixa sentando entre as duas irmãs. Conversava algo com as mesmas que pareciam animadas com algo. Logo a mãe delas chega por trás e tira pacotes de presente grandes por trás de suas costas entregando a elas com alegria. Tombo a cabeça pro lado e foco meu olhar em S/n, que abria o embrulho rapidamente, era uma boneca. Encaro a mesma e o ódio me domina por inteiro, intercalo meu olhar na boneca e S/n que agora pulava nos pais gritando de felicidade junto de sua irmã.
Por que? Por que ela é assim? Por que ela tem tanta alegria? Por que ela ganha presentes sem ter feito nada? Por que o pai dela não machuca ela igual o meu fez comigo?
Eu acho que talvez eu tenha que mostrar pra ela como é sofrer um pouco.
Então está decidido.
De agora em diante, meu único objetivo é mostrar S/n que nem tudo é motivo de rir, ela merece, eu não. Ela merece chorar, eu não. Ela merece sofrer, eu não. Ela merece ser infeliz, eu não.
Eu tenho que ter uma vida perfeita. Tenho que ser perfeita. Mereço ser perfeita.
Ela não.
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Máfia {Hiatus}
RandomUm fato é que todos temos passados, sendo ruins ou bons, fazem uma grande mudança no nosso futuro através de lembranças, então...será que uma Psicopata, uma menina que sofreu abuso sexual por toda sua adolescência, uma falsa, outra que foi abandonad...