01 Um: Um brilho no olhar

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CHARLES

ㅡ Força... Força, Charles. Você consegue, por favor anjo, acorda. ㅡ Ele falava dando tapas leves em meu rosto machucado e ensanguentado enquanto tentava me recordar de tudo o que teria acontecido. Não demorou muito até reparar que aquela rua não era mais a mesma, estava destruída, parecia que um tornado havia passado por ali e acabado com tudo incluindo carros, casas e... Pessoas.

ㅡ Sai de perto de mim, por... Por favor, Thomas. Sai, eu posso te machucar... ㅡ Implorei, mas ele não deu ouvidos, então o joguei para longe de mim.

ㅡ Não vou sair, estou aqui com você até o fim!

ㅡ Você vai acabar morrendo!

ㅡ Que seja... ㅡ Sua voz era trêmula ㅡ viver em um mundo sem você não faz sentido! ㅡ Ele falava com seu braço no rosto na tentativa de se proteger dos estilhaços, vendo-me levantar com a mão em uma ferida que tinha em minha barriga, quando uma rajada de vento que eu havia acabado de criar o tentou empurrar para longe.

ㅡ Sai... Por favor sai... ㅡ Dei início a um choro interno. Ele estendeu seu braço para tocar em mim, mas não resistiu e foi jogado para longe de forma brutal.

  Todo o barulho de destruição foi ficando mais baixo, então me ajoelhei no chão e observei ela vir em minha direção, surgindo no meio da poeira como se fosse o próprio demônio saindo do inferno em chamas. Por mais que eu não a conhecesse, sabia que ela era temida, sabia que ela causava medo até mesmo naqueles que ainda nem a conheciam... Mas é naquele exato ponto do caos que eu acordava.

ㅡ Bom dia meu anjo! ㅡ Falou mamãe abrindo a porta do meu quarto e desligando o despertador, o qual ecoava um som irritante e agudo por todo o cômodo branco e coberto por cartazes de filmes e bandas pops.

ㅡ Mãe, fala sério!

ㅡ Sério. Pronto, já falei. São seis e quinze da manhã, já está na hora de acordar ou então você vai se atrasar para a escola. ㅡ Sarcasmo não era mesmo a cara de minha mãe, ela não estava mais jovem para fazer piadinhas do tipo.

ㅡ Estou no terceiro ano tenho direito de ficar mais um pouco na cama ㅡ Me virei para o lado em que ela se encontrava e notei o quão linda estava, seus cachos alourados eram brilhantes na luz do dia que atravessava a vidraça do quarto, sua pele branca e seus olhos castanhos claros eram tão encantadores que adormeciam qualquer pessoa.

ㅡ Você tem direito de levantar e estudar ㅡ Ela pegou uma almofada do chão e jogou em cima de mim. ㅡ Não vou chamar outra vez, Acorda!

  Me levantei e sentei na cama com uma tentativa quase fracassada de despertar. Olhei para meu pijama e percebi que já estava na hora de não usar mais aquilo: um short curto com estrelinhas e uma blusa regata branca com ursinhos lilás espalhados por ela, definitivamente uma imagem oposta do que eu mostrava para as pessoas na vida social se é que posso chamar assim.

  Fui para o banheiro e comecei a escovar os dentes, tomei banho e fiquei lembrando o quanto foram boas as minhas férias: casa na praia, festas, lual com a família e etc. Não tinha o que reclamar. Saí do banho e vesti uma blusa preta com uma calça jeans apertada que valorizava um tanto minhas pernas, arrumei meus lisos cabelos escuros que de uma forma ou outra sempre acabariam bagunçados e desci para tomar café.

ㅡ Bom dia, filho ㅡ Falou papai sentando a mesa juntamente a mamãe. Como sempre ele estava lendo um jornal, suas pernas cruzadas e seus olhos azuis brilhavam através daqueles óculos quadrados. Seus lábios vermelhos sibilavam alguma coisa escrita no jornal.

ㅡ Bom dia. ㅡ Respondi me juntando a eles e comendo a refeição.

ㅡ Filho...

ㅡ Sim, Mãe. ㅡ respondi ela com um biscoito na boca.

Linhas Obscuras ( Em Breve Versão Física )Onde histórias criam vida. Descubra agora