24 vinte e quatro: Chamada maldita

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CHARLES

ㅡ Para onde vamos? ㅡ Andressa perguntou entusiasmada enquanto Thomas dirigia, já estávamos dentro da cidade.

ㅡ Antes precisamos de uma resposta. ㅡ Disse. ㅡ Por que você foi presa?

ㅡ Eu... ㅡ Ela hesitou por um momento. Olhei para Thomas, ele sabia da história sobre o ex dela, Guilherme. Contei para ele quando estávamos indo resgatá-la.

ㅡ Me diz que você não... ㅡ Hesitei.

ㅡ Sim. ㅡ Ela disse. ㅡ Se você quer saber a reposta é: Sim, eu matei ele, matei meu pai.

ㅡ Andressa e... eu não acredito! ㅡ Alterei meu tom de voz.

ㅡ Desculpa, eu estava com raiva! ㅡ Ela gritou.

ㅡ Gente, calma! ㅡ Thomas entrou na discussão.

ㅡ Parem de gritar isso só vai piorar a situação! ㅡ Camila gritou.

ㅡ Pessoal, isso não vai mudar o fato de que Andressa é uma assassina! Ela matou o próprio pai! Andressa por quê? ㅡ Perguntei e gritei na situação tensa dentro do veículo.

ㅡ Charles, ele bateu na minha mãe! ㅡ Então tudo ficou em silêncio. ㅡ Ele bateu na minha mãe. ㅡ Andressa agora com a voz trêmula reprimia um choro que estava louco para sair.

ㅡ Como você sabe? ㅡ Perguntei com a voz mais baixa.

ㅡ Minha mãe... ㅡ Ela evitou ao falar e recomeçou. ㅡ Na noite em que fui na sua casa, quando sua mãe não me reconheceu, fui direto para minha casa e encontrei minha mãe, ela estava triste e estava chorando. ㅡ Ela disse com a voz trêmula e os olhos vermelhos cheio de lágrimas. ㅡ Então ela me disse tudo o que aquele monstro fez, ele bateu nela, bateu nela por que ela estava juntando um dinheiro para mim. ㅡ Andressa começou a chorar com as duas mãos no peito como se estivesse sentindo dor, era compreensivo, a dor não era física, era emocional.

ㅡ Mas... ㅡ Fiquei sem palavras. ㅡ Sua mãe expulsou você... Sabe, quando vo... você estava grávida. ㅡ Gaguejei.

ㅡ Não, Charles. ㅡ Ela interrompeu. ㅡ Ela fez isso por que ele a obrigou, ela nunca quis aquilo e quando ele descobriu que ela estava querendo me ajudar, ele bateu nela e isso... isso me deu raiva, então eu fui até o porão da minha casa e peguei as flechas, a besta, então fui até a casa dele.

ㅡ A casa dele é fora da cidade Andressa. ㅡ Falei.

ㅡ Não é tão longe, Charles. ㅡ Andressa respondeu. ㅡ Eu não queria matá-lo, quando cheguei na casa, dei um chute na porta e ela abriu, eu mirei e atirei na mão dele, então a flecha foi parar lá. ㅡ Os olhos de Andressa estavam distantes do carro quente e aconchegante, estavam naquele momento, naquela madrugada, naquele dia e eu quase podia ver aquilo em seus olhos. ㅡ Em seguida mirei na barriga dele, como se não fosse o bastante a agonia que ele estava sentindo, eu queria vê-lo sofrer mais, queria vê-lo chorar e implorar perdão por ter levantado a mão para minha mãe, queria ensinar ele a não levantar a mão para nenhuma mulher nunca mais em sua vida. Então a segunda flecha foi em sua barriga. O sangue espirrou na parede da casa como seu eu tivesse matado um porco e ele cambaleou derrubando o abajur, mirei em seu braço, mas... ㅡ Ela pausa.

ㅡ Mas? ㅡ Perguntei esperando uma resposta mas ela não respondeu. ㅡ Andressa, mas? ㅡ Perguntei outra vez.

ㅡ Charles. ㅡ Thomas segurou minha mão esquerda enquanto desviava seu olhar para mim rapidamente. ㅡ No tempo dela, ok? ㅡ Ele me acalmou e voltou a olhar para a rua.

  Respirei fundo e olhei para a janela embaçada do carro preto de Thomas, uma Honda HR-V Exl 2016. A chuva não estava mais intensa, as ruas já eram conhecidas, as lojas de tijolos, os mercadinhos com portas automáticas de vidros, estávamos em New Dreams City outra vez. A cidade maldita, era fácil saber, era só observar como todas as pessoas ficavam do lado de fora olhando e admirando o carro de Thomas, fofocando e cochichando nas varandas de suas casas sobre como o carro era caro e sobre como a família de Thomas teria condições de comprar aquele automóvel.

Linhas Obscuras ( Em Breve Versão Física )Onde histórias criam vida. Descubra agora