13 Treze: Medo do desconhecido

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CHARLES

  Meus passos eram longos, precisava chegar na escola a tempo, já que tinha perdido o primeiro horário e provavelmente iria chegar na metade do segundo.

  As pessoas estavam fazendo suas caminhadas matinais e poucos veículos passavam nas ruas, na sua grande maioria o que eu conseguia ver eram bicicletas, horários de pico em New Dreams City é diferente de cidades grandes, em alguns casos os ônibus estão lotados e algumas pessoas andam de um lado para o outro mas, na maioria das vezes as ruas ficam tão vazias que faz a cidade parecer fantasma.

  O dia anterior foi tão cheio que me dava fadiga só de lembrar os ocorridos. Talvez o detetive Nick ainda estivesse investigando o caso dos ataques de dardos na sala da diretoria que agora já não era tão misteriosos para mim. Andressa com toda certeza ainda estava com raiva de mim, uma vez que pela manhã ela me acertou com um tapa bem firme na cara. E Thomas seguia com sua mudança de humor, ora queria falar comigo, ora se fechava. Eu sinceramente não estava mais suportando aquilo.

  Quando cheguei, a escola estava fechada e eu já esperava por aquilo, então dei a volta para tentar pular o muro. Ele era alto, mas com os meus recém poderes sabia que, se talvez pulasse conseguiria. Não errei na linha de raciocínio, o impulso me fez passar facilmente por cima do muro. Quando meus pés encontraram o chão em questão de segundos me deparei com Dylan.
"Ah... O que eu falo agora?". Pensei.

ㅡ Como você fez isso? ㅡ Ele me perguntou boquiaberto.

  Naquele momento previ o quão difícil seria enrolar aquele garoto dos cabelos loiros ondulados. Dylan tem a pele branca como a neve, seus olhos verdes se destacavam na luz do dia, seus dentes brancos e seu corpo é esbelto esguio, porém musculoso. Era como obra-prima, uma escultura viva para os olhos de qualquer garota daquela cidade maldita mas, elas nunca poderiam tê-lo, pois Dylan é gay.

  Seu pai, o policial da cidade, não tinha conhecimento de sua sexualidade por vários motivos entre eles homofobia, machismo e talvez o fato de Dylan ser o único filho homem que ele tinha.

ㅡ Eu ando me exercitando. ㅡ Tentei enrolar ele o máximo possível.

ㅡ Quer enganar quem, Charles? ㅡ  Dylan cruzou os braços ㅡ Você nunca fez exercícios e talvez nunca fará.

ㅡ Decidi mudar de ideia, aliás Dylan o que você faz aqui fora? Não deveria estar na sala de aula?

ㅡ Querido Charles, você sabe que não sou o tipo de garoto que gosta de aulas, aliás sou o supervisor dos alunos esqueceu? ㅡ Ele não disse mentiras, Dylan era um dos bad boys da cidade, odiava todos eles mais que minha vida e aquela cidadezinha dos infernos, porém Dylan não era como eles, ele me entendia e em todos os momentos que precisava ele estava lá pronto para escalar as paredes de minha casa e pular a janela do meu quarto para ficarmos juntos, até que ele foi um idiota.

  Dylan gostava muito de mim e nas férias isso tinha se intensificado ainda mais, porém em uma de nossas aventuras nas trilhas da floresta da cidade alguns de seus amigos estavam maltratando Bened, um garoto da escola. Bened, "o estragado", era assim que todos o chamavam por ele ser extremamente branco. Eles conseguiram me ver e Dylan não pensou duas vezes para proteger sua sexualidade, me jogou na roda de seus amigos idiotas.

  Nesse dia tanto Bened quanto eu recebemos xingamentos pesados e ofensivos, me jogaram na lama e depois dentro de um pequeno riacho, levaram Bened e me deixaram lá. Dylan não se deu o trabalho de olhar para trás, mas naquele momento decidi nunca mais olhar em sua cara ou ter qualquer tipo de relação com ele.

ㅡ Desculpa Dylan tenho que ir. ㅡ Me esquivei, porém Dylan colocou seu braço forte e gigante em minha frente impedindo minha passagem.

ㅡ Querido, ainda não está com raiva daquilo né? Já pedi desculpas. ㅡ Sua mão deslizava em meu rosto.

Linhas Obscuras ( Em Breve Versão Física )Onde histórias criam vida. Descubra agora