02 Dois: Demônios também são ruivos

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CHARLES

“O que eu estava fazendo da minha vida?” olhava ele examinando toda sua postura, corpo e roupa. Fala sério nem seu nome eu sabia, talvez estivesse só pirando com mais uma ilusão, sério... Esquece.

ㅡ Você não para de olhar para ele, seu safadinho — falou Andressa fechando seu armário mascando um novo chiclete rosa o qual ela tinha acabado de por em sua boca através daqueles lábios vermelhos.

ㅡ Não... Eu só estava sabe olhando... Parece que eu já conheço ele de algum lugar — Eu estava realmente sentindo que o conhecia de algum local, não sabia se era do café que eu costumava tomar sempre após os términos das aulas ou se era da biblioteca que costumava ir no meio e nos finais de semana para ler história aterrorizantes sobre mortos vivos.

ㅡ Talvez você conheça ele do Facebook ou do Instagram, ele é bem conhecido, principalmente entre as garotas. — Andressa sempre acertava em suas opiniões, ela nunca errava. Como da vez em que ela sabia que seu namorado estava traindo-a e ela armou uma cilada para ele, foi humilhante, mas isso é uma história para outro dia.

  O barulho agudo e estrondoso do sinal da escola tocou e ecoou por cada corredor naquele momento, anunciando para os atrasados e bagunceiros despreocupados com a escola o início das aulas, Andressa e eu nos despedimos e seguimos cada qual a nossa sala.

ㅡ Bom dia turma que tanto amo ㅡ Entrou o que eu acredito que seja o professor mais puxa saco da escola ㅡ hoje temos duas coisas para resolver, a primeira que não deve ser novidade principalmente para as meninas é que temos um novo aluno na classe.

  “ O quê? Um novo aluno?”
E sim meu coração disparou ainda mais quando olhei e observei atentamente. Meus olhos quase não acreditavam mas sim era ele. Não, sério, a mesma sala? Vou me matar depois dessa!

ㅡ Turma, esse é o Thomas Chuzer, queremos te dar boas-vindas meu amigo. Sinta-se a vontade, pode sentar ao lado de Charles por favor.

“Vai se... Não acredito, ele vai sentar aqui, tenho que sair, vou beber água... Não... Vou ao banheiro... Não, acho que nem volto mais a esta aula.”

   Não conseguia raciocinar naquele exato momento em que aquele demônio com cabelos ruivos estava vindo em minha direção. Seus olhos amarelados brilhando, com a luz do sol que refletia através dos vidros transparentes da nossa sala, me fazia ficar ainda mais encantado por ele. Seu sorriso abriu com seus dentes brancos e seus lábios vermelhos me deixando envergonhado. Ele sabia que eu tinha medo dele, talvez fosse isso mesmo, medo dele, ou talvez eu estivesse protegendo ele.

  "Todos" na sala acompanhavam os passos dele até mim como se ele fosse um ímã criando um campo magnético e as outras pessoas, ou no caso as garotas da turma, fossem meras peças de metais ligadas a ele de forma que suas cabeças se moviam conforme seus passos, até que finalmente ele sentou do meu lado.

ㅡ Ok, turma. Na última aula que tivemos antes das férias de verão estávamos falando sobre o senso comum, onde o nosso querido amigo Charles mencionou o tema “A diferença”. Por que as pessoas olham com tanta diferença para outras, ou seja, por que no mundo em que vivemos hoje tem tanta diferença para com o outro. Melhor dizendo, de onde surge tanto preconceito? Responde para a turma, Charles.

   Olhei para todos e fiquei vermelho. Ele estava do meu lado esperando o que eu iria falar, mas aquela não era minha personalidade, eu sou mais durão, marrento, não me envergonho fácil.

ㅡ Charles? Pode responder para a turma?

ㅡ É... Ninguém nasce preconceituoso, ele aprende ou adquiri isso com o tempo. Isso é o senso comum, se você nasce em uma família que rouba e mata, com o tempo você vai fazer isso. Se você nasce em uma família preconceituosa com o passar do tempo e você for crescendo, você também vai ser preconceituoso.

Linhas Obscuras ( Em Breve Versão Física )Onde histórias criam vida. Descubra agora