CHARLES
Meu corpo estava deitado sobre alguma coisa macia, estava escuro e minha visão estava embaçada. Era difícil focar em alguma coisa ou compreender tudo até ter certeza que conhecia aquele lugar. Era meu quarto.
Joguei o peso de meu corpo para meu braço na tentativa de levantar, porém leves dores em minha cabeça tentavam me impedir, usava minhas forças para me recordar do ocorrido de algumas horas atrás, leves flashes batiam em minha cabeça.
ㅡ Leva ele lá para cima. ㅡ Escutei uma voz feminina que provavelmente era de minha mãe.
ㅡ O quê aconteceu com ele? ㅡ Desta vez, outra voz interrogava. Uma voz masculina, não conseguia reconhecer de quem era, então lembrei de ter levantado a cabeça e várias pessoas estarem olhando para mim o que me fazia pensar que talvez pelo ambiente fosse a escola.
A porta soltou um leve rangido ao ser aberta lentamente e a claridade de fora invadiu meu quarto.
ㅡ Está melhor, querido? ㅡ Perguntou minha mãe com metade de seu corpo para dentro do quarto.
ㅡ Com algumas leves dores, mas acredito que bem ㅡ Forçava uma voz limpa para demonstrar minha possível melhora.
ㅡ Vou preparar alguma coisa para você comer, já volto ok?
ㅡ Não precisa mãe, daqui a pouco vou descer para comer algo. ㅡ Ela deu um sorriso e então saiu do quarto fechando a porta.
Peguei meu celular e pensei por alguns segundos antes de mandar uma mensagem de texto para Andressa, será que ela me responderia? Não aguentava mais mentir para ela, nunca ficamos tanto tempo sem comunicação, éramos o refúgio um do outro naquela cidade dos infernos, não conseguia mais guardar isso dela, então decidi escrever de uma vez.
"Andressa, preciso falar com você. Me encontre amanhã atrás da escola no intervalo, beijos Charles e saudades."
Tentei ser o mais breve possível para não enrolar, estava na hora de acertar as contas com ela e ser verdadeiro com tudo que estava acontecendo.
"Me ajude."
Uma estranha voz sussurrava em minha cabeça. Olhei de um lado para o outro tentando descobrir de onde a voz estava vindo.
"Me ajude p... Por favor" ㅡ Era Thomas.
Os pelos de meus braços eriçaram e minha intuição estava me chamando para fora da casa, como se não fosse mais eu. A voz de agonia estava ficando mais intensa, outras vozes começaram a entrar e a dor estava voltando. Fechei meus olhos e tentei me concentrar, tinha que focar em uma só voz ou talvez fosse enlouquecer. Me concentrei bastante e o suficiente até que as vozes cessaram e Thomas agonizava outra vez em minha cabeça.
Meu quarto ficava no segundo andar e olhando da janela não seria uma boa ideia pular daquela altura, mas fazendo as coisas que faço sabia que poderia saltar sem ter um ferimento grave, assim foi feito, um salto leve foi dado de minha janela. No impulso não pareceu uma má ideia, mas quando meu corpo estava em queda livre meu coração disparou e parecia que ia sair de minha boca a qualquer momento.
A adrenalina não durou muito, quando meus pés tocaram suavemente a grama do jardim, corri em direção ao portão de madeira na frente de minha casa e o abri suavemente, fui em direção a casa de Thomas que estava destruída pelo ataque. Não tinha mais vozes, era unicamente o silêncio da noite sombria daquela cidade e eu. Minha intuição foi me guiando até a garagem de Thomas que estava com o portão aberto de frente para a rua vazia e fria de New Dreams. Thomas estava ferido e sangrando bastante no chão, um homem incrivelmente bruto e musculoso de pele negra estava encravando uma espada em sua perna.
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Linhas Obscuras ( Em Breve Versão Física )
Teen Fictionㅡ Já sentiu como se você estivesse dentro de um saco de salgadinhos? ㅡ Claro! - Respondeu ele com uma expressão no rosto de alguém que acabou de responder uma pergunta idiota. ㅡ Eu me sinto assim,mas em meio a todos aqueles pedaços salgados que faze...