10 dez : O fim da amizade

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CHARLES

  O sol estava brilhando através dos vidros transparentes do quarto onde eu tinha passado a noite anterior. Me levantei e peguei meu celular, logo me deparei com várias mensagens de Andressa e minha mãe, inúmeras chamadas perdidas. Estava me sentindo culpado pela minha falta de explicação, passei a noite fora e tive a imprudência de não inventar uma desculpa.

  Fiquei em dúvida para qual das duas ligar, minha mãe ou Andressa, então lembrei que sempre tive uma conexão com meu pai, nunca brigamos, mas ele nunca se preocupou tanto quando o assunto era sair de casa. Na verdade ele queria que eu saísse de casa, ele vivia falando que eu devia fazer mais amizades e que não devia ficar só em casa trancado mas... Eu não gosto, prefiro me trancar em meu quarto e ler meus livros, escutar musicas e ver TV, não me encaixava naquela cidade, as pessoas são tão diferentes e elas pensam que são o centro do universo, adoram a si mesmas.

ㅡ Oi, Pai. Eu... ㅡ Evitei falar por um segundo, esperei ele tomar a palavra, já que ele era a única pessoa que não iria surtar comigo.

ㅡ Charles, filho, onde você está? ㅡ Ele perguntou e sua voz transbordava calmaria.

ㅡ Estou na casa de um amigo. Me desculpe por não avisar, meu celular descarregou e não percebi, fiquei estudando aqui e acabei dormindo porque estava tarde e não queria voltar para casa por conta do horário, você poderia avisar a mamãe?

ㅡ Ok, eu aviso sim.

ㅡ Obrigado pai, sabia que podia confiar em você. Depois da escola estarei em casa, ok? ㅡ Ele tinha feito uma pausa, então desliguei o aparelho.

ㅡ Vai para algum lugar? ㅡ Me virei para encontrar a voz suave que perguntou e encontrei Camila sentada em uma poltrona preta que estava no quarto.

ㅡ Tenho que ver Andressa, ela deve estar uma pilha comigo. Nunca fiquei sem responder ela, somos praticamente irmãos e isso foi errado da minha parte. Aliás ㅡ Continuei ㅡ Tenho aula. ㅡ Respondi.

ㅡ Você não pode sair. ㅡ As palavras saíram tão rápido que tive que assimilar por alguns segundos se ela realmente tinha dito aquilo.

ㅡ E por que não?

ㅡ Charles... Existe um motivo para Thomas ser seu protetor, há uma razão para você estar aqui e não é boa.

  Ela agora se levantava e andava até mim. Em certo ponto não me importava muito o porquê de eu estar em um quarto de cor cinza e piso amadeirado com janelas grandes de vidros e quadros antigos pelas paredes ou por que eu passei a noite em uma cama refinada e talvez tão cara que eu jamais teria uma igual, tudo isso até me recordar do ataque que aconteceu no dia anterior.

ㅡ Eu sei que "umas galeras" estavam atrás do Thomas, mas...

ㅡ Não estavam atrás do Thomas, Charles, estavam atrás de você. ㅡ Ela segurava meus braços com força, suas mãos eram frias, talvez seja a temperatura normal dela já que era um android avançado.

ㅡ Camila isso tudo é muita coisa mas... Eu não posso ficar discutindo besteiras, por que alguém iria me querer? ㅡ Perguntei enquanto pegava minha bolsa.

ㅡ Charles. A megera... Ela quer você.

  Parei por um segundo, meus pensamentos foram para meus sonhos, onde tudo era ruim, já se faziam algumas noites que eu não dormia. Não poderia ser a mesma pessoa de meus sonhos.

ㅡ Desculpa Camila, mas tenho que me desculpar com minha amiga. ㅡ Continuei meu caminho saindo do quarto e indo para a rua esperar um ônibus.

  Encontrar um lugar no ônibus foi um pouco difícil, ele estava quase totalmente ocupado então fui passando entre as pessoas até chegar no final, era um horário de pico, todas as pessoas estavam acordando para ir trabalhar.

Linhas Obscuras ( Em Breve Versão Física )Onde histórias criam vida. Descubra agora